A data não precisa ser de tristeza, ao menos é o que o México nos ensina com a celebração do Dia de los Muertos. Para antigas civilizações como Mexica, e Maia, uma vez por ano todas as almas retornam a terra para rever seus entes queridos. E isso é motivo de festa. Isso mesmo, a essência da ocasião é ressaltada em dois ditados populares: “Ao morto o poço e ao vivo o gozo” e “Ao morto a sepultura e ao vivo a travessura”. Algo que seguem a risca.
Para “recebê-los” são montados altares com itens que estas pessoas gostavam. De objetos a doces e bebidas. As famosas catrinas (caveirinhas estilizadas) que rendem ótimos souvenires se fazem ainda mais presentes neste período. Durante os festejos, que começam em outubro e seguem até a primeira semana de novembro, as ruas são tomadas por moradores e visitantes que entram no clima com fantasias e máscaras ou cara pintada de caveira.
No país destacamos duas opções de lugares para quem quis aproveitar a data, a Cidade do México que é mais voltada para os que gostam de destinos urbanos e Puerto Vallarta, o caribe mexicano. Partiu?
Cidade do México – História, cultura e sabor
Sabe aquele conceito que temos do México quanto à tequila, pimenta, mariachis, pirâmides, Frida, Chaves e civilizações antigas como os Maias e Astecas? Pois é isso e muito mais! O país é um caldeirão cultural caliente e colorido, e a capital mexicana mostra com exímio primor. Apesar das dimensões de megalópole, a arborizada Cidade do México é uma festa de contrastes, onde contemporâneo e antigo convivem em absoluta harmonia.
Descartando o trânsito caótico, que, por mais incrível que pareça, consegue ser pior que o de São Paulo, se tem uma ótima oferta de museus e sítios arqueológicos, bem como uma farta e apimentada gastronomia (em termos de variedade de sabores e texturas, é uma das mais diversificadas do mundo – uma combinação de influências do Velho e do Novo Mundo). Isso sem contar os drinques à base de tequila, bebida que por si só, se for 100% agave como se aprende por lá, não desce queimando a garganta.
Como em todo destino caminhar é sempre a melhor pedida, já que garante ótimas e prazerosas descobertas. Mas, se quiser utilizar o transporte público, o metrô tem boas linhas que cortam a capital. Os visitantes ainda contam com o Turibus, ônibus de dois andares que circula pelos principais pontos turísticos. Mas lembra-se que falamos do trânsito? Então, ele pode ser um problema neste caso, ainda mais para quem não tem tempo a perder. No quesito passeios imperdíveis aqui vai os principais que não podem ficar de fora do roteiro de quem visita a cidade:
Museu de Antropologia – Situado no parque de Chapultepec é muito bem organizado em 12 galerias divididas por regiões e civilizações. Conta desde a primeira, a Olmeca, que estabeleceu as fundações culturais que seriam seguidas por todas as outras que se sucederam. Passando pelos Teotihuacan, os Maias, os Toltecas e, por fim, em maior ênfase, os Mexica, mais conhecidos como Astecas. O ponto alto fica por conta da Pedra do Sol, escultura circular que conta o princípio do mundo asteca e prediz o seu fim.
Plaza de la Constituición – O Zócalo, como é popularmente conhecido, é uma das maiores praças do mundo (56 mil m²) e abriga todos os símbolos históricos, políticos e sociais do país. Nela, é impossível não notar uma imponente bandeira mexicana bem no centro. Bem como a Catedral Metropolitana e o Palácio Nacional. Ali se encontra também prédios públicos, restaurantes e lojas.
Catedral Metropolitana – Uma das igrejas mais antigas das Américas foi construída entre 1567 a 1788. A edificação original foi substituída por outra de inspiração barroca, concluída em 1813. Há cinco altares principais e 14 capelas laterais, boa parte ricamente decorada com painéis de madeira e esculturas. O belo Altar de los Reyes levou mais de 20 anos para ser finalizado.
Palácio Nacional – Sede do governo tem visitas guiadas por salas, corredores e escadarias de mármore. Mas o destaque do local são os diversos murais de Diego Rivera, que retratou entre 1929 e 1935 sua visão da história do país. As obras foram feitas após a Revolução Mexicana. Nos fundos do palácio o jardim tem exemplares de todas as espécies de cacto do México.
La Casa Azul – O colorido mundo de Frida Kahlo fica no bairro de Coyoacán, em sua antiga residência, um dos pontos mais visitados do país! Ícone da cultura latino americana, a artista plástica viveu ali de 1929 a 1954, ao lado de seu mentor e grande amor, Diego Rivera. Exatamente como deixada pelo casal, a visita a casa é um passeio curioso para quem não conhece a história dos dois, e um deleite para os fãs (como eu). Dona de uma personalidade marcante, que reflete em sua obra, Frida estava à frente de seu tempo.
Com uma vida marcada por tragédias, alegrias e tristezas, a famosa mexicana de sobrancelhas fartas era intensa, criativa, revolucionária e muito original. E a Casa Azul é seu reflexo. Ali estão os famosos vestidos e lenços, tintas em frascos de perfume, cartas de amor, livros e até mesmo a cadeira de rodas que usou depois do trágico acidente que teve ainda jovem. Só não espere encontrar suas obras. Um dos principais endereços para ver os trabalhos de Frida e Diego é na antiga mansão da modelo Dolores Olmedo. Hoje, o endereço é um museu aberto a visitações que abriga peças dos principais nomes do mundo das artes.
Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe – Num país onde nove em cada dez habitantes são católicos, a padroeira da América Latina, do México e da capital, é venerada por todos os cantos. Atraindo cerca de 20 milhões de turistas por ano, o complexo é um dos maiores ícones locais, bem como um dos santuários mais visitados do mundo! Composto por várias igrejas e capelas, dentre elas estão duas basílicas, a antiga, finalizada em 1709, e a nova construída na década de 1970.
Pirâmides de Teotihuacan – Esses fragmentos de história a céu aberto podem ser encontrados a 50 quilômetros ao norte da capital. Fundada antes da era cristã a região é uma das mais impressionantes do mundo antigo. Uma verdadeira viagem no tempo! O sítio arqueológico, que é patrimônio da Humanidade pela UNESCO, tem como destaque as pirâmides da Lua e do Sol (terceira maior do mundo, menor apenas que a Cholula, também no México, e a de Quéops, no Egito). Subir exige fôlego: são 100 degraus da Pirâmide da Lua, dos quais 55 podem ser acessados e 264 da do Sol. Além das pirâmides, há um museu interessante e uma lojinha cheia de opções de lembrancinhas.
Xochimilco – Conhecida como Terra das Flores, a região ao sul da Cidade do México é muito popular pela extensa rede de canais (180 quilômetros) onde são realizados passeios nas coloridas trajineras (barcas floridas). As coloridas embarcações são cobertas e recebem o nome de uma mulher. No trajeto é possível apreciar chinampas – canteiros semiflutuantes de flores e verduras.
Plaza Garibaldi – Para além dos passeios diurnos, a capital mexicana é uma metrópole dessas que pulsam. Por isso não deixe de aproveitar a noite. Nessa praça, por exemplo, se concentra o maior número de mariachis por centímetro quadrado. Desfrute o momento e aprecie em algum restaurante ou bar da região os típicos antojitos (petiscos) e a bebida oficial do país: a tequila. Mas tenha em mente que tudo por lá é apimentado. Dos salgadinhos de pacote e balas (sim, balas!) até a mais alta culinária, tudo tem um toque “quente”. Mas estômagos sensíveis não se preocupem, existe vida além das pimentas. Se eu alérgica sobrevive, você também consegue. 😉
Puerto Vallarta – Simpática e colorida
Uma combinação entre os estados de Jalisco e Nayarit resulta no paradisíaco vilarejo de Puerto Vallarta. Até 1964, antes da filmagem de Noite da Iguana, de John Huston, encontrava-se fora da rota de interesse turístico. Nem sequer havia voos comerciais. Mas depois da passagem de Richard Burton, Ava Gardner e principalmente Elizabeth Taylor, que ia visitá-lo no set, o povoado entrou definitivamente no mapa. Ainda bem!
Hoje a cidade tem resorts luxuosos e é destino de milhares de turistas o ano todo. Principalmente de casais que realizam suas cerimônias de casamento ou estão em lua de mel. De clima tropical, está entre as montanhas da Serra Madre e as águas do Pacífico, numa das maiores baías do mundo.
Restaurantes típicos, pequenas lojas de suvenires, amplos mercados de artesanato e algumas galerias de arte tomam conta do centro. Em qualquer hora do dia, o Malecón, como é conhecido, fica cheio. A parte antiga tem um estilo arquitetônico singular. As ruas empedradas e casas com telhados vermelhos ressaltam o charme do estilo colonial mexicano. E por ali, bem próximo à igreja Nossa Senhora de Guadalupe, os nobres moradores Elizabeth Taylor e Richard Burton edificaram uma residência na década de 1960. Hoje a casa não pertence mais à família, mas permanece como ponto turístico.
A orla marítima estende-se até o início da zona hoteleira. Nesta área é possível apreciar inúmeras esculturas de bronze. E é onde se encontram centenas de luxuosos hotéis, restaurantes e bares temáticos, além de milhares de turistas percorrendo as pitorescas e nostálgicas ruas. A mais badalada praia é a dos Mortos, mas são na do Ouro, Palmas e Tules, no centro da baía, que a natureza pode ser contemplada em maior intensidade. Ao sul, as praias Mismaloya e Boca de Tomatlán são as últimas com acesso de estrada. Por serem quase desertas permitem maior relaxamento.
Esportes aquáticos são bem comuns. Há inúmeras opções para quem deseja se aventurar sobre as azuladas águas do Pacífico. Aliás, de tão límpidas oferecem aos mergulhadores alguns dos melhores lugares para explorar cavernas submarinhas, cânions e arrecifes cheios de peixes tropicais. Na hora que a fome apertar, não se preocupe, atrás apenas da Cidade do México, o destino é considerado meca da gastronomia no país. Indo de bares de tapas e bancas de tacos a lugares mais elegantes.
Um lugar completo, Puerto Vallarta alia praias, montanhas e florestas. Uma soma de vários destinos num só, o que tende a cativar os mais variados perfis de viajantes. Por isso, aproveite sem moderação!
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Fotos: Shutterstock, Pixabay, Commons e arquivo pessoal
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