Galápagos, também conhecido como Arquipélago de Colombo, está situado a mil quilômetros da costa do Equador, bem na linha que divide os dois hemisférios. O arquipélago, formado por uma teia de cumes que surgiram há quase 5 milhões de anos, reúne 13 ilhas maiores, seis pequenas, 42 ilhotas e inúmeras elevações em uma área de 8 mil quilômetros quadrados, no Oceano Pacífico. Não é grande, porém, como ecossistema e laboratório natural ocupa a liderança entre os mais importantes do mundo. Tanto que nos últimos 150 anos tem contribuído para a compreensão de nossa origem e destino.
Foi lá que o naturalista e biólogo inglês Charles Darwin aportou em 1835, em uma viagem que mudou o curso da ciência. Em apenas cinco semanas visitou quatro ilhas e constatou que os répteis, assim como os pássaros tentilhões, modificavam-se fisicamente para adaptar-se ao meio ambiente. Em 1859, suas anotações deram origem a célebre obra “Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural”, que formula a teoria da evolução.
Apesar da escassez de água potável, centenas de plantas e espécies animais conseguem se desenvolver no local. Garantidos pela distância do continente e de uma intensa atividade marítima comercial, encontram condições de adaptação e evolução. A metade dos pássaros, 90% dos répteis, 32% das plantas e 46% dos insetos de Galápagos não existem em nenhum outro lugar do planeta.
Houve época que 250 mil tartarugas viviam nas ilhas. Atualmente, são cerca de pouco mais de 10 mil. Classificados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Parque Nacional e a Reserva Marinha, desde 1998, são controlados têm entrada regulada de turistas, bem como a introdução de espécies nocivas ao ecossistema.
Experiência de descobrimento
As ilhas Galápagos são incríveis. Em meio ao azul do Pacífico, uma paisagem composta de picos vulcânicos, praias e espécies fascinantes da fauna: tartarugas gigantes, iguanas marinhas e terrestres, aves exóticas, peixes multicoloridos, leões do mar e pinguins. E, do alto dos mirantes, vistas panorâmicas fantásticas.
Impossível conhecer tudo em poucos dias. Porém, qualquer que seja a direção tomada, o inusitado está à frente. Em cruzeiros de três a dez dias, os navios MN Santa Cruz e Santa Cruz II percorrem áreas essenciais deste sistema ecológico inusitado. Os embarques acontecem em Puerto Baquerizo Moreno, capital do arquipélago, na Ilha de San Cristobal.
De acesso menos restrito, abriga bases militares e tem reputação de centro do surfe, especialmente em Tongo Reef, à oeste da cidade, com fundo de coral, ondas longas, esquerdas manobráveis, rápidas e com tubos. Canal perfeito para entrada no mar. As ondas aumentam em tamanho e volume devido à ação do fundo de pedras.
O local pode não receber tantos visitantes quanto Puerto Ayora, mas tem seu movimento no porto, com as agências de turismo, cafés, restaurantes e lojas de artesanato. Não muito distante fica o Centro de Interpretación, posto de ensino e exposição da história humana e natural do arquipélago para melhor compreensão dos processos naturais que deram notoriedade ao arquipélago.
A parte alta de San Cristobal exibe vegetação variável à medida que aumenta de altitude, assim como mudança de temperatura – 1°C a cada 200 metros. No Cerro San Joaquin alcança a altura máxima de 721 metros. É também a única ilha que tem uma lagoa de água doce – na cratera do vulcão El Junco -, vital para a população da ilha e embarcações turísticas.
Em barcos de borracha, denominados pangas, os turistas chegam próximo das maravilhas deste ecossistema terrestre e marítimo. Eles navegam junto a Léon Dormido, um satélite da Ilha San Cristobal; um cone vulcãnico, constituído por duas rochas erodidas pela ação do mar; e segue para a Ilha Lobos, com suas pequenas colônia de pássaros e lobos marinhos até a Praia de Ochoa, ideal para banho e prática de mergulho com snorkel.
A ilha Bartolomé, separada da Santiago por um canal bem estreito, como todas as outras é formada por lavas basálticas e sua paisagem lembra em muito as da superfície da Lua. A subida ao ponto mais alto é bem radical, mas, não se assuste, há passarelas e escadarias de madeira para ajudar.
O esforço é compensado pela surpreendente vista da paisagem. Símbolo de Galápagos, a rocha Pináculo é outro ponto que merece uma visita. Depois é mergulhar ao encontro da natureza. Pinguins são encontrados na Praia Norte, enquanto as arraias, tubarões e tartarugas podem ser avistados na Praia Sul.
Ilha de Santiago e os monumentos naturais
Em ilhas mais novas como a de Santiago, ficam evidentes a atividade vulcânica. Dois atrativos naturais merecem destaque: Puerto Eras, área de monumentos naturais com rochas esculpidas pela erosão do mar; e a Baía James e suas piscinas naturais, onde vive grande número de espécies de animais mamíferos e aves.
A maior colônia de pássaros está concentrada na remota Ilha Genovesa, acima da linha do Equador, na Baía de Darwin. São cerca de 200 mil exemplares de diversas espécies, principalmente fragatas, piqueros de patas vermelhas e mascarados, gaivotas e garças. Para conhecer esse paraíso é preciso caminhar pelos paredões de lava para observação da paisagem e vida animal e também mergulhar com snorkel.
No passado, a ilha já foi um vulcão e sua cratera agora está tomada pelas águas do mar. O visual é incrível. Dá para enxergar desde corais até arraias, estrelas do mar e tubarões. A profundidade no local chega a 200 metros nos pontos mais abissais. Para aqueles que querem manter distância de tais criaturas, a solução contratar um passeio em barco com fundo de vidro.
Ilha Seymour Norte e o Solitário George
A caminho para a ilha Seymour Norte é possível avistar baleias e golfinhos. Relativamente plana, possui vegetação de arbustos e é colônia de reprodução para várias espécies de aves, principalmente fragatas e boobies de pata azul. Do lado oeste a predominância é de lobos marinhos. A ilha tem, ainda, duas outras características: a presença de iguanas terrestres e da espécie endêmica do Palo Santo – árvore da mesma família da Mirra -, produz um sumo aromático usado como incenso.
Outro destino importante é Puerto Ayora, na ilha de Santa Cruz, a segunda maior do arquipélago e onde acontece a reprodução de muitas espécies marinhas. Depois de uma pequena caminhada chega-se a Reserva de Tartarugas Terrestres para uma visita ao centro de procriação.
O local é onde viveu o Solitário George, tartaruga gigante com cerca de 150 kg. Tido como o último exemplar de uma espécie (Chelonoidis abingdonii) natural da Ilha Pinta. Morreu em 2012 com estimados 110 anos. Solitário George teve o corpo embalsamado e foi exibido no Museu de História Natural de Nova York. Depois, foi levado para a Estação Charles Darwin, na ilha de Santa Cruz, onde ganhou uma ala exclusiva.
Apesar dos esforços dos pesquisadores da Estação Charles Darwin para incrementar a reprodução de George, um obstáculo genético quase contribuiu para a extinção desta espécie de tartaruga: a falta de fêmeas. Mas, após a morte do quelônio, pesquisas realizadas na reserva natural equatoriana em conjunto com a universidade de Yale, nos EUA, descobriram a existência de mais 17 tartarugas com ascendência de Pinta, que habitam o vulcão Wolf, na ilha Isabela. Foram encontradas nove fêmeas, três machos e cinco jovens com genes da mesma espécie de George.
Estação Científica Charles Darwin
Instalada na ilha de Santa Cruz, a Estação Científica Charles Darwin, fundada em 1959, trabalha para a conservação dos ecossistemas marinho e terrestre de Galápagos. Realizam pesquisas científicas, assessoram o Parque Nacional de Galápagos, ajudam na formulação de leis, políticas e planos para a conservação, atuam na educação ambiental com a participação da população local e dão apoio operacional aos cientistas que procuram o arquipélago.
Enquanto isso, as fragatas inflam um papo vermelho em demonstração de seus desejos, cormorões enroscam seus pescoços em carícias, outros trazem gravetos e pedrinhas, cantando a jogada, e as tartarugas vão direto ao assunto. Eles sobrevivem a tudo, poluição, El Niño, desmandos e, naturalmente, colocam em prática a conclusão de Darwin: “Os vigorosos, os saudáveis e os felizes, sobrevivem e se multiplicam”.
SERVIÇO
Idioma – Espanhol
Saúde – O Certificado internacional contra febre amarela é exigido de turistas que tenham visitado o Equador.
Moeda – Dólar. Utiliza moedas locais de 50, 25, 10 e 5 centavos.
Fuso horário – O Equador tem menos 2 horas em comparação ao horário de Brasília. Galápagos tem menos 3 horas. Durante o nosso horário de verão a diferença cresce para menos 4 horas.
Visto – Brasileiros não precisam de visto para até 90 dias de permanência.
Clima – Tropical, quente e chuvoso (dezembro a maio) e seco (maio a dezembro). A temperatura chega aos 40°C.
Taxa Ambiental – Ao chegar em Galápagos o visitante latino-americano paga taxa de US$ 50.
Bagagem – O peso máximo permitido é de 20 quilos, portanto, prepare a mala somente com o essencial.
Como chegar – Para percorrer os mil quilômetros que separam Galápagos do continente equatoriano são necessários até cinco dias, dependendo da embarcação. Por avião parte-se de Quito com escala em Guayaquil.
Metropolitan Touring – Companhia equatoriana pioneira em ecoturismo, que na década de 1970 começou a fazer cruzeiros pelas ilhas. As embarcações MN Santa Cruz. Santa Cruz II e o iate Isabela II oferecem diversos tipos de roteiros. O MN Santa Cruz realiza cruzeiros de três, quatro e sete noites. Possui 47 cabines, três deques e dispõe de comodidades como bar, lounge, restaurante, solário, jacuzzi, biblioteca e, como alternativa do snorkel, um barco com fundo de vidro para observação da vida marinha. A equipe de bordo é composta por guias naturalistas e pessoal de entretenimento. A programação noturna sempre inclui palestras sobre as visitas do próximo dia.
Fotos: Pixabay