ROSÁRIO (ARGENTINA) – Antes de tudo este pub, museu, sala de shows e espetáculos é a concretização de uma história de amor na vida de Ricardo e Ana Clara. Eles inauguraram em dezembro de 2012, o BeatMemo, um dos maiores museus particulares do mundo com entrada gratuita. Não há notícia, mesmo nos Estados Unidos, de algum outro com tanto material exposto sobre a história dos Beatles.
Essa história começa em novembro de 1967, quando aos 12 anos de idade, Ana Clara, escreve, na sua inocência, uma carta aos Beatles, sem endereço, apenas tendo como destino Londres, na Inglaterra. Para sorte dela a carta chegou ao correio britânico e, para sua surpresa, recebe de volta uma fotografia autografada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Na mesma época conhece Ricardo, também fã dos Beatles e a paixão pela banda foi, sem dúvida, um dos pontos determinantes na união do casal.
A ideia de realização do museu é de Ricardo, juntamente com o historiador Rich Domanico, que é o curador do espaço. O museu abre suas portas diariamente ao público, gratuitamente, ressalto. Em passagem por Rosário, procure agendar uma visita guiada às quartas e quintas-feiras, quando Andrés Smolarz, com sua paciência de monge budista e muito entusiasmo, conta a trajetória dos quatro garotos de Liverpool que mudaram a história do rock’n’roll a grupos de alunos de escolas públicas. Imperdível!
O conceito do BeatMemo é, basicamente, um pub no melhor estilo inglês, com farta oferta de bebidas e petiscos a preços razoáveis. Preços que não são repassados aos clientes pela visita ao museu. O cardápio é internacional e inclui, também, opções vegetarianas (por Linda e Paul McCartney), vegano (pelo George Harrison) e celíaco (sem glúten). Você pode ir até lá apenas para tomar um drinque, uma cerveja e saborear porções típicas inglesas, argentinas e rosarina. Mas, acredite, será uma pena não conhecer o museu o seu incrível acervo, um dos maiores do mundo.
São mais de 5 mil fotos, documentos originais e cópias autenticadas. Ter a oportunidade de ver um tijolo do Cavern Club (bar temático inglês especializado em apresentações musicais, localizado na cidade de Liverpool e conhecido mundialmente por ser o local inicial da carreira dos Beatles), que foi demolido em 1973, é oportunidade rara. Da mesma forma um pedaço original de madeira de um cenário em que a banda pisou na Alemanha – que foi colocado à venda e está numerado.
São várias salas com todos os tipos de objetos relacionados aos Beatles, a quem são atribuídos a criação do merchandising e das filmagens em backstage (bastidores), que, tempos depois, são transformados em vídeo clip – também foram os precursores. Imagine se deparar com um ticket do último show da banda no legendário Candlestick Park, em São Francisco (EUA). Emociona até mesmo os que não sejam fanáticos da beatlemânia.
Percorrendo os espaços do pub estão três discos emblemáticos: um disco de ouro e dois de platina. Sim, originais! Disco de ouro por “Imagine” de Lennon e os de platina por “Hard days Nigth” e “Band on the road”. Ao lado deles estão – emoldurados – todos os 23 ingressos da turnê americana de 1964.
O incrível acervo inclui, também, mais de mil CDs, mesma quantidade de discos de vinil, mais de uma centena de compactos simples, além de blue ray (50), VHS (250), cassetes e vinilo picture (cerca de 200). Há, ainda, a coleção completa inglesa e argentina dos discos de época e originais. Foram produzidos mais de 5 mil discos, porém originais foram estes. A quantidade de reedições deve-se a problemas com as gravadoras e direitos autorais.
Me chamou a atenção o disco assinado por George Harrison, que foi o início dos shows de rock com cunho beneficente, a partir do qual surgiram todos os outros mundialmente conhecidos. Harrison assina e produz o “Concerto para Blangadesh”.
No palco, onde se apresentam grupos musicais estão bonecos – existem apenas uma centena no mundo -, que volta e meia são golpeados por crianças que não imaginam a raridade alusiva aos Beatles. Subindo as escadas, em que cada degrau leva o nome de uma canção que foi primeiro lugar nas paradas, chegamos ao local onde estão expostos, cronologicamente, artigos, fotos e outros documentos históricos sobre a banda. E, mais surpresas, uma constante. Ali estão, emoldurados em um só quadro os quatro discos com as entrevistas feitas por Ed Sullivan, quando da primeira turnê aos EUA. Nesse momento, lembrei que os Beatles também foram os primeiros a gravar um disco com pout pourri, coisa que não era bem vista pelas gravadoras. Essa ruptura de esquemas tradicionais foi uma constante na história da banda, que teve imortalizada nesse long play a frase: “And in the end, the love you take is iqual to the love you make” – últimas palavras gravadas pelo grupo em conjunto.
Não é exagero dizer que uma visita a Rosário não ficaria completa sem uma visita ao BeatMemo. Além das preciosidades sobre os Beatles o pub tem menu de bebidas internacionais, preços similares a todos os demais bons cafés e restaurantes da cidade. O ambiente é charmoso e acolhedor. Ponto de encontro de turistas nacionais e estrangeiros que estão atribuindo ao local um ponto obrigatório de visita. Fica a dica!