Belém, a bonita capital do Pará, é uma excelente dica de viagem para os turistas em qualquer época do ano. Principalmente em outubro, quando acontece no segundo domingo do mês, desde 1793, o Círio de Nazaré, procissão que reúne mais de dois milhões de fiéis, a maior do país. A cidade oferece muitas opções de passeios, mas nossa principal sugestão não passa pelos lugares, mas pelos sentidos e comportamento. Esqueça o turismo tradicional e não busque atrações feitas para turistas. Deixe-se levar pelos aromas, cores e sabores do destino. Permita-se encantar pelas generosas mangueiras que se espalham pelas ruas e avenidas – cerca de 20 mil.
Curta o intrigante momento da chuva que cai pontualmente às 17h – quase todos os dias! Quando ela começa, todos correm para se abrigar debaixo das marquises dos prédios. E, quando ela passa, pouco tempo depois, o movimento é no sentido contrário. E muitos saem correndo de volta para as ruas com a intensão de pegar as mangas que a chuva ajudou a derrubar. A “chuva” de mangas é tanta que as seguradoras incluem no seguro os eventuais danos causados aos veículos.
O encanto vem também pelas pessoas, já que é a gente da terra, com seu jeito, sua cultura e seus costumes, que torna Belém inigualável. Com cerca de 1,7 milhões de habitantes, a cidade tem em sua formação influências indígena, negra, latina e europeia. Preste atenção na linguagem, repleta de expressões diferentes para quem é de outras regiões do país. Se alguém chamar você de “Pai-d’égua”, não parta para briga nem se ofenda. É um elogio. Significa que você é uma boa pessoa. Se uma comida é pai-d’égua é uma boa dica de que você deve prová-la.
Para conhecer Belém é só colocar roupas bem leves, tênis ou chinelos, boné, óculos de sol e, claro, muito protetor solar e sair para descobrir os encantos de uma das mais fascinantes e autênticas cidades do País. Confira as principais atrações:
Estação das Docas – Complexo turístico de 32 mil metros quadrados, construído nos antigos galpões do porto de Belém. Diariamente há muitas opções culturais, especialmente de teatro, música e dança. Destaque para os palcos deslizantes – espécies de elevador que andam no sentido horizontal – com artistas apresentando ritmos diversos, em tom baixo, como música paraense, MPB e até rock. Com seus 500 metros de orla fluvial, permite momentos saborosos junto à baía do Guajará. Tem restaurantes, bares, cineteatro, mini fábrica de cerveja, lojas e serviços, livraria e sorveteria, além de um terminal para inesquecíveis passeios de barco para as ilhas ou contornando a cidade.
Como sugestão gastronômica, vá ao restaurante Lá em Casa e saboreie os pratos paraenses – como o Pato no Tucupi e a Maniçoba. Boa dica também é o menu paraense. Obrigatório é conhecer a sorveteria da Cairu, com dezenas de sabores, como tapioca, cupuaçu, araça e bacuri paraense (açaí com farinha de tapioca).
Museu Paraense Emílio Goeldi – É um verdadeiro centro de pesquisa da flora amazônica, um jardim botânico em plena cidade, que traz exemplares da exuberante flora e fauna da região, como vitórias-régias, antas e capivaras. O parque zoobotânico abrange uma área de 5,2 hectares.
Theatro da Paz – Erguido em 1878, no auge do ciclo da borracha, foi inspirado no Teatro Scalla de Milão. Centenas de companhias internacionais se apresentaram em seu palco. Em 1882 o próprio maestro Carlos Gomes regeu “O Guarani” no local.
Museu do Círio – Próximo ao Ver-o-Peso esse pequeno museu revela em detalhes a rica e grandiosa história do Círio de Nazaré, maior evento da cidade, atração até mesmo para quem não é católico.
Catedral de Belém (Catedral da Sé) – Em frente ao Museu do Círio, tem interior belíssimo com suas paredes coloridas e bela cúpula. É da Catedral que Belém que sai o Círio de Nazaré.
Mangal das Garças – O parque ecológico é um pedaço da selva amazônica na região central de Belém. Reproduz as microregiões da fauna e flora paraense, com as matas de terra firme, as várzeas e os campos. Entre as várias atrações está o maior borboletário da América do Sul, um orquidário, o Farol da Cidade (com 47 metros) e um viveiro de aves incríveis.
Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves – Também é um exuberante pedaço da floresta amazônica no Centro da Cidade. No local há mais de duas mil árvores, orquidário e um espaço com animais.
Complexo Feliz Luzitânia – Um dos ícones da recuperação dos espaços históricos da cidade é este complexo, que inclui o Forte do Presépio (onde ficam o Museu do Encontro e o Museu de Arte Contemporânea), o Museu de Arte Sacra (fica no interior da Igreja de Santo Alexandre, erguida pelos jesuítas), o Museu Histórico do Pará, a Catedral da Sé e o Teatro de Arte Sacra e a Casa das Onze Janelas.
Itacoraci – Neste bairro simples com ruas de terra, o turista encontra tesouros que a cultura paraense mantém e produz: cerâmicas Marajoara, Tapajônica e Maracá, além de móveis em junco e apuí. Parte fundamental do passeio é ver o processo produtivo das peças.
Basílica Nossa Senhora de Nazaré – Foi erguida em 1852, no local em que teria sido encontrada a imagem da santa pelo caboclo Plácido. O templo atual começou a ser construído em 1909. A decoração completa da igreja só foi finalizada na década de 1960. Tem o interior em mármore, com aplicações de lâminas de ouro e vitrais franceses. Tem o estilo da Basílica de São Pedro, no Vaticano. É lá que chega o Círio.
Espaço São José Liberto – Construído em 1749 pelos frades capuchos, abrigou durante 200 anos olaria, quartel, depósito de pólvora, hospital, cadeia pública e presídio. Desede 2001, funciona no local o Museu de Gemas do Pará, o Polo Joalheiro e a Casa do Artesão, onde se produzem e comercializam joias. Dentro do complexo também há um belo jardim com uma fonte rodeada de três imensos quartzos. Com acervo de mais de quatro mil peças, o Museu de Gemas conduz o turista a uma viagem através da história gemológica do Pará.
Ilha de Mosqueiro – Pertinho de Belém, a ilha possui algumas das poucas praias de rio com ondas no mundo, que chegam a ter 1,5 metro. Ao total na ilha são 21 praias.
Mercado Ver-o-Peso – principal destaque turístico da cidade
Chegue cedo, por volta das 4h. É fascinante ver os barcos atracando com seus produtos. É estupendo observar o mercado com frutas, verduras, peixes, artesanatos, ervas medicinais, essências, perfumes e temperos da região. Tudo em meio ao ruidoso e animado som dos trabalhadores. Inesquecível acompanhar os raios de sol surgindo e tornando tudo ainda mais alegre e colorido.
Há muito para ver e provar. Existem, por exemplo, três tipos de açaí. Tem aquele que todos nós conhecemos, com cor entre o vinho e o roxo; o açaí branco e até um tal de babaca, que só é encontrado em algumas épocas do ano. Os paraenses costumam consumi-lo (a poupa do açaí) com farinha de mandioca e peixe frito no café da manhã! Na parte em que predominam as bancas com ervas e essências ditas medicinais há até uma que eles chamam de Viagra Natural.
Gastronomia única e saborosa
Entre as boas opções gastronômicas da capital paraense estão o Tacacá da dona Maria do Carmo, que há quatro décadas atrai turistas e gente da própria cidade. O Point do Açaí, restaurante próximo à Estação das Docas, serve pratos variados e saborosíssimos da culinária paraense.
A Portinha, lugar pequenino e simples, na Cidade Velha (por razões de segurança, é bom evitar caminhar e ir de táxi, como infelizmente acontece em muitos lugares do Brasil), com delícias exóticas e inesquecíveis como a Esfiha de Pato com Jambu, a de muçarela de búfula, castanha e tomate seco e o pastel de bacon com Jambu.
E o Remanso do Bosque, no bairro Marco, considerado por muitos como o melhor restaurante da cidade; e o Remanso do Peixe, com preços em média ainda melhores.
Conheça os sabores do Pará
Açaí – O fruto da palmeira do açaizeiro o mais consumido pelos habitantes da região amazônica: em sucos, sorvetes e até acompanhando pratos. O açaí com mel, granola e banana é feito apenas para atrair os turistas. Os locais comem com peixe e farinha.
Caruru – Estrela da gastronomia paraense, leva camarões secos descascados e refogados com alho, cebola, cebolinha, pimenta do reino e azeite de dendê. Depois é engrossado com farinha seca coada e quiabo. Geralmente é acompanhado de guarnições de camarões secos e folhas de jambu.
Castanha-do-Pará – É saborosa e nutritiva, consumida in natura ou em diversas receitas. Em mercados como Ver-o-Peso é vendida com qualidades e preços diversos. Mesmo a “Tipo Exportação” tem valores bem abaixo dos praticados na maioria dos estados brasileiros.
Cupuaçu – É uma das frutas mais consumidas – utilizada nos mais diversos e saborosos produtos, como sorvete, licores, geleias, balas, cremes e chocolates.
Farinha d’água – É bem mais hidratada que as farinhas secas que encontramos em todo o país, já que é feita da mandioca que fica de molho no rio. É ingrediente obrigatório nas mesas da região.
Feijão-manteiguinha de Santarém – Pequenino e bege. Depois de cozido, derrete na boca como uma manteia.
Filhote – É o maior peixe da água doce do País. Chega a pesar 300 quilos. Até os 60 quilos é considerado filhote. Depois, passa a ser chamado de Piraíba. O sabor é incrível! Pode ser preparado das mais diversas formas, como em Moqueca, ao Tucupi ou mesmo assado na brasa.
Pirarucu – É o maioral entre os peixes com escamas no País. Chega a medir mais de 2,5 metros e a pesar 80 quilos. É preparado de diversas maneiras, entre elas, assado na chapa e servido com farinha d’água e salada de feijão-manteiguinha de Santarém. Salgado, muitas vezes substitui o bacalhau.
Jambu – Junto com o tucupi forma a base da maioria dos saborosos pratos do Pará. Quando mastigadas, suas folhas deixam a boca e a língua dormentes. É ingrediente cada vez mais usado pelos chefs de cozinha.
Maniçoba – Os paraenses dizem que é uma feijoada que não leva feijão. Para fazer, as folhas de maniva (planta que produz a mandioca) são moídas e, então, cozidas durante uma semana. Nos quatro primeiros dias acrescenta-se apenas água. Depois entram lombo defumado, paio, linguiça, orelha e rabo de porco, costela, bucho e charque.
Muruci – Fruta amarela e doce, é boa para sorvetes, doces e sucos.
Pato no Tucupi – É a iguaria mais pedida pelos turistas nos restaurantes de Belém. O pato assado é cortado em pedaços e fervido vagarosamente no tucupi até ficar macio. O tempero tem uma mistura das folhas de chicória – tempero verde, típico da região – com alho, alfavaca, pimenta cumari-do-pará e jambu. Imperdível!
Tacacá – Servido fervente e em tigela (cuia), combina com sabor e harmonia perfeita goma de mandioca, tucupi, jambu e camarões secos, tudo misturado na hora. Embora não tenha álcool, muita gente garante ficar até um pouco “alta” após provar o Tacacá.
Tucupi – Extraído da raiz da mandioca, é um molho amarelado que dá um sabor único aos pratos. Nos mercados é comercializado geralmente em garrafas plásticas. Antes de ser consumido, deve ser cozido demoradamente, já que cru é venenoso. É utilizado com abundância em muitos pratos da cozinha paraense.
Informações: belem.pa.gov/belemtur | paraturismo.pa.gov.br