E lá vamos nós, rumo as quartas de final da Copa do Mundo 2018. Dessa vez o adversário do Brasil é a Bélgica, que chegou com tudo, se mostrando forte concorrente ao título. Apesar de logo mais a bola rolar e nossa torcida ser, claro, para o Brasil, vale destacar o rival sim, pois se trata daqueles destinos que te encantam fácil. É até injusto que, muitas vezes, não recebe a atenção dada a seus vizinhos. Já que se encontra bem no meio entre Alemanha, França e Holanda.
E pensou em Bélgica não tem como não associar ao “quarteto fantástico”: chocolate, waffles, fritas e cerveja. Aliás, a bebida foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Motivo que fica nítido uma vez que se conhece a cena cervejeira belga. Apreciadores ficam com os olhos brilhando. E chocólatras também vão se sentir em casa, já que tanto a cerveja, quanto o chocolate são tidos como os melhores do mundo! Sério, como não amar esse lugar?
Então, longe de mim fazer campanha para adversário em dia de mata-mata, mas independente do resultado em campo, apesar que né, espero vitória, não deixe de colocar a Bélgica no seu radar. Permita-se descobrir tudo que esse destino tem a oferecer, e não é pouca coisa não. Mas vale o destacar uma trilogia imbatível: belíssimas cidades, saborosa gastronomia e rica cultura. E, por falar em trio, comece pela região norte, chamada de Flandres, onde estão a capital Bruxelas e as medievais Bruges e Ghent, três cidades muito bem conectados de trem. Quem quiser ir além tem em Antuérpia, Leuven e Liège (onde fica Spa, famosa pelo Grande Prêmio de Fórmula 1) boas opções. Confira algumas curiosidades e fatos sobre a Bélgica:
Ouro líquido
Com uma tradição centenária e mais de 1,5 mil tipos, não é à toa que a cerveja pode ser considerada uma verdadeira experiência cultural por lá. Um elemento inerente à cultura do país há séculos, é algo consolidado desde a Idade Média. Já que, enquanto o vinho era a principal bebida do sul da Europa, o clima da região de Flandres era mais apropriado para a produção da cerveja, que se tornou uma arte a partir da figura dos monges e da importância das abadias.
Desde aquela época, a bebida passou por diversas transformações e regulamentações que ajudaram a aprimorar, diversificar e difundir a cultura cervejeira. Hoje, a indústria belga conta com algumas das marcas mais conhecidas e populares do mundo, bem como as especiais de cervejarias locais e familiares. E, claro, as famosas trapistas, que têm se tornado cada vez mais exclusivas devido à quantidade limitada que os monastérios podem produzir.
Por falar nelas, atualmente existem apenas 11 mosteiros que produzem cervejas, sendo seis deles na Bélgica. São eles as abadias de Orval, Achel, Westmalle, Chimay, Rochefort e Westvleteren – sendo esta última tida como a melhor do mundo! Já as especiais têm se popularizado desde o início do século com uma tendência que começou com as cervejas lambic, de fermentação espontânea. Quanto as mais tradicionais, estão a Grimbergen, Leffe e, claro, a famosa Stella Artois.
Aqui vão algumas indicações: Gildenbier (tipo Dubbel, é preta com uma combinação de doce e amargo e teor alcoólico de 7%), Chimay Rouge (trapista conhecida como Première, do tipo Dubbel, tem aroma frutado, é avermelhada e com teor alcoólico de 7%), Delirium Tremens (considerada por muitos a melhor do mundo, a famosa cerveja do elefante rosa, do tipo Ale, é dourada, brilhante, com aroma e sabor marcante e teor alcóolico de 8,5%), Paix Dieu (única cerveja de abadia produzida durante a lua cheia, ou seja, apenas uma vez por mês, é 100% natural – livre de qualquer filtração ou pasteurização –, do tipo Trippel, tem aroma frutado e apimentado, sabor delicadamente amargo e teor alcoólico de 10%) e, por fim, a Bush (do tipo Trippel, de alta fermentação, âmbar com um sabor forte de malte por ter um nível de álcool que chega a 12% é tida como uma das cervejas mais fortes da Bélgica).
No entanto, uma coisa é certa: não importa sua escolha, o importante é degustar e se divertir! Isso porque os nomes e rótulos são para lá de originais e engraçados. Já despertou sua sede? Aproveite que “sextou” e o jogo é às 15h e dá para tomar umas geladas sem culpa de ser muito cedo para começar a beber.
Humm, chocolate!
Uma paixão mundial, de tão queridinho ganhou até um dia: 7 de julho (amanhã!). O chocolate pode ser um dos produtos mais conhecidos da Suíça, mas você sabia que Bruxelas é tida como “Capital do Chocolate”? Herança dos tempos em que a Bélgica estava sob o domínio espanhol, os belgas (mais precisamente Jean Neuhaus, numa farmácia em 1912) foram pioneiros nos bombons recheados, os pralinés. Hoje em dia a Neuhaus, que comercializa cerca de 2.500 toneladas para mais de 120 países, divide espaço com mais de 500 chocolatiers.
Dentre as quais estão Pierre Marcolini, Guylian, Galler, a famosa Godiva e a popular Leonidas. Quem quiser se aprofundar no assunto tem em Bruxelas o Museu do Cacau e do Chocolate onde estão reunidas mais de 200 variedades. A visita guiada explica todo o processo de produção e história, desde os primórdios, quando o cacau era cultivado pelos astecas e maias. E a melhor parte é que, durante o tour, dá para provar todos os tipos que são apresentados.
No quesito compras a Leonidas, com lojas espalhadas por várias cidades, talvez seja a de melhor custo benefício, já que tem preços bem mais em conta e pode ser considerada uma chocolateria popular. Não que seja um problema, são deliciosos! Os bombons Manon Café, com chocolate branco, creme de café e avelã estão entre os mais pedidos pelos belgas. Aos que estiverem dispostos em investir na guloseima a dica é a Mary, fundada em 1919 por Mary Dellu. A casa situada na Rue Royale, no centro de Bruxelas, produz uma vasta e cara linha de chocolates feitos à mão. Tamanha a qualidade se tornou, em 1942, fornecedora oficial do rei da Bélgica, honraria que divide com poucos.
Como é o caso da minha favorita a Galler. Pense num chocolate gostoso. O difícil não é apenas parar de comê-lo, mas antes de tudo escolher os sabores. Ainda mais que, anualmente são criados novos para a coleção, a exemplo do recheio de ganache com matcha (chá verde japonês) e yuzu (fruta cítrica originária do leste asiático).
Dentre os que recomendo estão o Carré de ganache de chocolate ao leite, o Absolut, estilo Noir (dark) feito com grãos de cacau provenientes do Equador, e para quem gosta dos mais amargos, o Extrême é uma ótima opção, assim como o Noir 85% Profond. Entre os “inusitados” o praliné de curry pode ser uma boa pedida. Já para os diabéticos há chocolates sem adição de açúcar. E, acredite, nem parece, de tão saborosos.
Ícones belgas
Você sabia que os personagens Tintim (Hergé), Os Smurfs (Peyo) e Hercule Poirot (Agatha Christie) são belgas? Em Bruxelas não dei de dar uma passada no Museu da História em Quadrinhos (na Rue des Sables 20, a 10 minutos de caminhada a partir da Grand Place). Lá você encontra exposições de desenhos, animações, maquetes e esboços de artistas como Hergé e Peyo.
E fica a dica: em comemoração aos 60 anos de criação dos Smurfs (localmente conhecidos como Les Schtroumpfs), Bruxelas apresenta até janeiro de 2019 a Smurf Experience. Uma boa oportunidade de mergulhar no mundo mágico dessas pequenas criaturas azuis. A exposição conta com um cenário construído em mais 1.500 m² que combina performance de som, imagem e tecnologia. A atração faz o visitante se sentir um Smurf. O tour pela aldeia tem duração de 1h15, e passa por caminhos divertidos e nove salas temáticas. Em 2019, a Smurf Experience iniciará turnê mundial, levando a atração para várias pessoas durante 5 anos.
Calendário agitado o ano todo
A Bélgica é terra natal do famoso festival Tomorrowland. Mas, para além dele, há inúmeros outros eventos de música, artes, gastronomia e, claro, cerveja, que tendem a tomar conta das principais cidades. Tem sempre algo rolando em qualquer lugar que você esteja, então se informe bem quando estiver programando sua viagem. Inclusive, vale levar em consideração que a região de Flandres, que é sempre uma festa, durante o verão traz um calendário ainda mais completo de atividades para aproveitar ao ar livre e o clima agradável da temporada mais quente do ano.
Fotos: Pixabay
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*Texto criado pela jornalista para o portal Yahoo! e aproveitado aqui