O muralista brasileiro Eduardo Kobra entregou na cidade de Cotonou, na República de Benin, na África, um magnífico mural de 700 m2. Ainda sem nome, é sua primeira obra no País.
Primeiramente, antes de viajar, o mundialmente conhecido artista urbano fez uma imersão na cultura e história do país. Assim, ficou particularmente encantado com a diversidade de religiões e com tolerância, respeito e harmonia existente entre elas.
Após realizar cerca de 20 esboços, Eduardo Kobra chegou à conclusão de que precisaria de um muro com um formato específico e inusitado para a realização do seu mural. Pedido que foi aceito pelas autoridades do país, que construíram o muro.
A partir daí Eduardo Kobra convidou atores de uma companhia de teatro e produziu doze deles com figurinos que representam religiões. Eles serviram de modelos para a cena imaginada pelo artista.
“São 12 pessoas como referência às 12 províncias que formam Benin. Na arte, todos estão de costas, abraçados e olhando para o céu. Nas estrelas, vemos constelações que formam ícones de religiões. E no centro do mural, há a Terra, a África e duas mãos abraçadas. A mensagem é clara. Ao mesmo tempo em que falamos sobre Benin, também falamos sobre a África, o Planeta e a Humanidade. Somente com união, tolerância e respeito é que construiremos um mundo melhor”, disse Kobra.
Segunda vez na África
Esta é a segunda vez que Eduardo Kobra realiza um mural na África. A primeira foi em 2017, quando esteve na cidade de Blantyre, no Malauí, a convite da cantora Madonna. Naquela oportunidade, pintou três murais, um deles sobre Nelson Mandela, no hospital pediátrico Mercy James Center, construído por ela.
“Fiquei extremamente sensibilizado com o convite para pintar em Benin, que partiu do próprio presidente Patrice Talon. Eu já tinha interesse em conhecer o país, que tem laços com o Brasil e está presente em vários elementos da cultura brasileira. Infelizmente a história entre os dois países começou de uma forma horrorosa. Foi aqui, na atual cidade de Uidá, que no século 17 os portugueses estabeleceram o porto comercial, que foi a rota fundamental e cruel para o comércio de escravos. Os negros capturados eram vendidos para o continente americano, grande parte para o Brasil. É triste, trágico e vergonhoso, o que só reforça a mensagem do mural. Todos devemos respeitar a diferenças e, ao mesmo tempo, saber que todos somos iguais”, lamenta Kobra, que aproveitou os dias em Benin para visitar lugares que mostram o horror do tráfico de escravos.
Atualmente, Eduardo Kobra tem 3 mil murais, em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros.
Fotos: divulgação
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