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Bolívia e Peru dividem o Lago Titicaca e suas águas cristalinas

O majestoso Lago Titicaca esparrama suas águas cristalinas e geladas entre o Peru e a Bolívia. Ao longo de 8.372 quilômetros quadrados ele está envolto em uma aura de lendas e histórias que se confundem com a própria origem do Império Inca.

Segundo uma antiga lenda da mitologia andina, foi das profundezas do lago que emergiram Manco Cápac e Mama Ocllo – filhos do deus Sol (Viracocha) -, os fundadores do Império Inca, e por isso é considerado sagrado pelos moradores das suas ilhas e arredores.

Suas águas apresentam tonalidades de azul que varia entre o celeste e o anil. A cristalinidade vem do degelo das grandes geleiras que confinam o Altiplano Andino – sul do Peru e oeste da Bolívia -, além de cinco rios. Por todos esses motivos, pessoas amantes da natureza ou que procuram lugares tranquilos para descansar e meditar não podem deixar de conhecer o Titicaca.

PUNO (PERU)

Foto: kolibri5/Pixabay

A cidade de Puno, no Peru, é a principal porta de entrada para o Lago Titicaca, que é uma reserva natural protegida. Situada em uma região desértica e árida, apresenta clima seco e temperaturas baixas. Vale todo o esforço para apreciar o cenário e viver a experiência de conviver com povos que habitam suas 41 ilhas e entorno há mais de mil anos.

Além de garantir o conforto dos visitantes na região do Titicaca, o destino reserva agradáveis surpresas e atrações. Entre elas a catedral que data do século 18 e tem talhados em pedra, aspectos que ressaltam o barroco espanhol e elementos andinos; as ilhas; e os sítios arqueológicos pré-hispânicos.

Foto: Andrea Rochas/Pixabay

Puno é conhecida como a capital do folclore peruano e está próxima das maiores atrações do país: Machu Picchu e Cusco. Os habitantes de descendência Quéchua e Aymará preservam com orgulho as tradições folclóricas que podem ser apreciadas nas danças e nos ritos durante a festa anual da Candelária.

Em um passeio de barco para percorrer as diversas ilhas mais próximas, não deixe de visitar as Uros, que são artificiais e feitas com folhas de juncos (totoras). São mais de 40 e habitadas por povos que vivem da pesca e do artesanato vendido aos turistas. Entre elas estão Taquile e Amantaní.

Taquile

A primeira está a 4 mil metros de altura e possui um mirante de onde avista-se a imponente paisagem do Lago Titicaca. Para chegar ao mirante é necessário encarar uma escadaria com 567 degraus. A ilha guarda vestígios de épocas pré-incas. Uma prisão para presos políticos funcionou no local até o início do século 20. O taquilenhos são amistosos e conservam antigas tradições, inclusive as roupas.

Amantaní

É conhecida como “Ilha do Amor”. Lá estão os famosos templos Pachamama e Pachatata, ambos dedicados à fertilidade da terra. Os moradores do local produzem cerâmica e têxteis, bem como oferecem hospedagem e comida típica local. Entre os atrativos estão dois mirantes, restos pré-hispânicos, centros cerimoniais e um antigo cemitério.

A seguir, outros lugares que valem à pena visitar em Puno:

Sillustani

Distante 34 quilômetros ao norte está o complexo arqueológico, que tem como destaque as “chullpas”, tumbas circulares de pedra que guardam restos funerários das principais autoridades dos antigos povoadores da província de Collao. Algumas têm até 12 metros de altura. Nas proximidades está o Museu de Sitio, onde estão expostas diversas peças das culturas Collao, Tiahuanaco e Inca.

Cerro de Huajsapata

Mirante natural de onde vê-se toda a cidade e o Lago Titicaca. Em seu ponto mais alto está um monumento em homenagem a Manco Cápac. Guias locais dizem que algumas cavernas do lugar possuem caminhos subterrâneos que levam ao templo de Koricancha, na cidade do Cuzco. Dizem, porém não há comprovação.

Llachón

Quem quiser conhecer um pouco mais da cultura da região tem que incluir no roteiro essa comunidade distante carca de 74 quilômetros de Puno e às margens do Titicaca. Lá estão pouco mais de 1,3 mil habitantes que vivem como seus antepassados e ainda preservam antigos costumes e tradições.

COPACABANA (BOLÍVIA)

Foto: Poswiecie/Pixabay

No lado boliviano do Lago Titicaca a principal cidade é Copacabana. Localizada próxima da fronteira com o Peru, esse pequeno e aprazível destino tem apenas 6 mil habitantes. Distante 155 quilômetros da capital boliviana La Paz, tem bons hotéis e pousadas a preços acessíveis.

Virgem da Candelária

Um dos principais destinos de turismo religioso da Bolívia, Copacabana é famosa pela Basílica onde está a estátua da Virgem da Candelária, que foi esculpida em 1580 por um artista indígena. O templo foi construído no ano de 1550 em estilo renascentista e recebe muitos fiéis, principalmente no período de 2 de fevereiro a 5 de agosto, quando acontece uma grande festa em homenagem a Nossa Senhora de Copacabana. Durante as visitas à igreja é tradição acender uma vela para cada membro da família ou um ente querido, para que possam receber a proteção da Virgem.

Calvário

Localizado ao norte da cidade, o lugar é muito semelhante ao caminho percorrido por Jesus até o local da crucificação, passando pelas 14 cruzes quem marcam as estações por onde ele passou. O percurso também mistura crenças andinas. Alguns turistas contratam um Yatiri, que realiza um ritual de bênçãos no final do circuito. O alto do morro também é muito procurado por pessoas apenas interessadas em curtir o pôr do sol enquanto observam a bela vista da cidade e do Lago Titicaca.

Ilhas do Sol

Foto: Zigor Agirrezabala Vitoria/Pixabay

Considerada o primeiro templo inca, está a 15 quilômetros da cidade e é dividida em três comunidades: Yumani, Challa e Challapampa. A primeira é a mais visitada porque é onde estão as ruínas arqueológicas de Pilkokaina e as escadas de pedra de Yumani. A região tem boa infraestrutura com várias pousadas, restaurantes, cafés e pizzarias. Em Challapampa estão os restos de um lugar chamado La Chincana – labirinto de paredes de pedra-, a Pedra Sagrada e a Mesa de Cerimônias. Guias locais dizem com convicção impressionante que La Chincana é o templo onde viveu o primeiro inca. Acredite se quiser!

Foto: Quaint Planet/Pixabay

O ponto mais alto da ilha está a 4,1 mil metros e oferece uma incrível vista dos picos nevados da Cordilheira dos Andes. Não deixe de assistir ao pôr do sol no Titicaca. Em frente ao lago há alguns bares e restaurantes com cadeiras sobre as lajes. Peça um drinque e aproveite cada segundo dessa experiência.

Os barcos para a Ilha do Sol partem diariamente da marina de Copacabana às 8h30. O percurso até o lado norte – onde estão os principais sítios arqueológicos – leva mais ou menos duas horas.

Ilha da Lua

Está a 8 quilômetros da Ilha do Sol e é considerada a segunda ilha sagrado dos Incas. O principal ponto de interesse turístico nessa ilha mística são as ruínas do Ynak Uyu, o Templo das Virgens do Sol. Uma lenda conta que era ali que as mulheres virgens mais bonitas eram recolhidas para serem preparadas e treinadas para a tecer e preparar bebidas cerimoniais com o objetivo de se tornarem esposas dos nobres incas. Eram chamadas de Virgens do Sol para manter aceso o fogo eterno em devoção ao deus Sol.

Horca del Inca

Se estiver com tempo inclua também uma visita ao lugar. A Forca do Inca é um observatório astronômico e cerimonial sagrado à cultura “Chiripoa”, que antecedeu aos Incas. Localizado no alto do morro Kesani – de onde vislumbra-se a linda baia de Copacabana – guarda um curioso atrativo. Todo o dia 21 de junho, o sol ao nascer projeta seus raios através de um buraco feito em uma pedra. Esse é o momento que marca o início do ano novo Aymara. Muita gente aproveita para celebrar e fazer oferendas à Mãe Terra (Pachamama) e pedir saúde e boas colheitas. Aproveite para visitar o sítio arqueológico onde está uma plataforma de pedra talhada conhecida como “Asientos del Inca” ou “Intikala” – pedra onde se senta o sol.

É preciso vivenciar para entender a imensidão e a beleza do Lago Titicaca, que inspiram à reflexão e à paz interior.

Foto do destaque: Michele Lianza/Pixabay

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