Lembra que na nossa introdução a Bélgica (se perdeu clique aqui) contamos que alguns lendários personagens são belgas? Pois bem, hora de falar deles. Pela cidade você verá em paredes grafites de personagens ilustres como Tintim, por exemplo. Bem como ruas que levam um nome simbólico das usadas em suas aventuras.
Para cumprir com louvor a visita a Bruxelas, é preciso ir ao Museu da História em Quadrinhos (10 minutos de caminhada a partir da Grand Place). Lá você encontra exposições de desenhos, animações, maquetes e esboços de artistas como Hergé, o autor do jovem aventureiro e seu cachorro Milu, e Peyo, idealizador dos carismáticos Smurfs, que localmente são conhecidos como Les Schtroumpfs.
Desde a sua origem, o homem conta a sua história através de imagens. Ao longo dos séculos, passou a ser um testemunho da sociedade, das suas crenças e da sua cultura. Em muitos casos, os nomes dos artistas muitas vezes foram esquecidos, pois as obras se tornaram patrimônio comum da humanidade.
No entanto, o inglês William Hogarth e o japonês Katsushika Hokusai que narravam histórias numa sequência de imagens ou de gravuras foram marcos essenciais desta arte nascente, do mesmo modo que o suíço Rodolphe Töpffer que tão bem ensinava o movimento aos seus alunos.
Um verdadeiro templo, dedicado a arte dos quadrinhos, o museu também é conhecido por sua arquitetura em Art Nouveau. Prédio criado em 1906 pelo belga Victor Horta (pioneiro no estilo) trata-se do último edifício semi-industrial público desenhado pelo arquiteto que ainda existe no mundo. Nos primeiros 70 anos da sua existência, ali, no número 20 da Rue des Sables, se comercializava tecidos e estofos.
Testemunha da transformação de Bruxelas, num bairro que foi, sem dúvida alguma, aquele que mais sofreu com os progressos do século 20, o armazém fechou suas portas em 1970. Conheceu então aqueles que seriam os seus anos mais difíceis. Até que, em 1984 foi comprado pelo Estado Federal e, sob o olhar afável de Hergé se transformou no museu, sendo inaugurado pela realeza belga em outubro de 1989.
No coração de Bruxelas, em um dos mais antigos bairros da cidade, logo se tornou uma das principais atrações do destino. Não só por conservar a arte dos quadrinhos, mas por devolver a vida, por assim dizer, os vitrais, arabescos, volutas e luz dessa obra-prima de Victor Horta. Anualmente o museu recebe mais de 200 mil visitantes ávidos por explorar os 4.200 m² da exposição permanente e mostras temporárias.
Reino dos quadrinhos
Com mais de 700 autores de histórias em quadrinhos, a Bélgica tem mais artistas do gênero por quilômetro quadrado do que qualquer outro país do mundo! Foi no destino que se transformou em uma arte. Em nenhum outro lugar os quadrinhos estão tão fortemente enraizados na realidade e na imaginação das pessoas.
E não há muitos museus desse tipo no mundo, sem contar que é o único que narra desde os rascunhos, como foram feitos, até o produto final. Eis aí já um motivo para ser uma visita interessante e que pode ser ainda mais se você curtir HQs, pois há muitas variações de estilos. Bem como o fato que a interpretação muitas vezes fica por conta dos visitantes, já que quadrinho é algo bem visual.
Com relação aos ilustres personagens, há uma área toda dedicada a eles. Na parte dos Smurfs (criação de 1954), por exemplo, você se depara de cara com um Smurf inusitado, ou ao menos como ele foi originalmente pensado por Peyo. Nada de azul, dá para acreditar? O artista até então tinha como inspiração desenhos americanizados, bem ao estilo Disney, por assim dizer, até que depois das primeiras críticas mudou a concepção e chegou a ideia que conhecemos hoje – ainda bem, pois é bem mais foto que este da foto ao lado.
Também se descobre nessa ala curiosidades como: que foram desenvolvidos, a príncipio 99 Smurfs, até adição do centésimo: um Smurf que se dividiu em dois ao ter atravessado um espelho. A partir daí, surgiram muitos outros, como a carismática Smurfete, o Bebê Smurf e o Smurf Selvagem. E sempre iguais nos traços, apenas com algum ou outro item que os diferencia, assim como o comportamento – cada um tem o seu. E todos vivem na Aldeia dos Smurfs, na Idade Média, na época dos feiticeiros, da alquimia e dos dragões.
Com relação as aventuras criadas por Hergé, um dos fatos mais interessantes que logo se descobre na ala dedicada a Tintim é que seu rosto foi criado a partir de alguns recursos muito simples. Uma vez que é praticamente neutro e inexpressivo, é o receptáculo ideal para as emoções vivenciadas pelos leitores. Dependendo das circunstâncias, o espirituoso personagem pode ser qualquer um. Inclusive você! No entanto, se trata de um símbolo da juventude e vigor, coragem e integridade. Ele é um audacioso que consegue tudo o que é proposto.
Outra curiosidade é com relação as mil caras de Haddock. Considerando que Tintim revela pouca ou nenhuma emoção, o capitão é um vulcão emocional em plena erupção. Como tal, ele complementa bem o personagem principal. O que vale também para o fofíssimo cachorro Milu. Atrás de seu aspecto de fiel companheiro divertido, é um verdadeiro herói. Não se iludam: ele quase sempre salva o dia.
Não deixe de finalizar a visita dando uma passadinha na simpática livraria que fica logo na entrada no primeiro andar que, entre muitas obras, guarda um cantinho exclusivo para algumas das publicações das Aventuras de Tintim em português, ok, como dá para notar na foto abaixo não são muitas, mas já é alguma coisa né?
Enfim, a capital belga é cheia de atrativos, sendo os contemplativos e gastronômicos os principais. Por isso, reserve pelo menos 2 dias para ela. E ao menos mais um para Bruges e outro para Ghent, que são ótimos bate e voltas a partir de Bruxelas. Logo contamos mais sobre estes destinos que são quase que uma viagem no tempo.
Informações:
The Belgian Comic Strip Center – Museum Brussels
Endereço: Rue des Sables 20
Funcionamento: diariamente das 10 às 18h.
Entrada: ingressos para adultos por € 10, para maiores de 65 anos sai por € 8, já entre 12 e 25 anos custa € 7 e menores de 12 anos pagam € 3,50.
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Fotos: divulgação CBBD/ Daniel Fouss (fotos 2 e 3) e arquivo pessoal
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*O Travelpedia viajou em virtude do prêmio recebido pelos jornalistas Carolina e Roberto Maia no Concurso Europa de Jornalismo – realizado anualmente pela Comissão Europeia de Turismo. Além das cidades belgas o roteiro contemplou ainda o glamoroso Principado de Mônaco e um stopover em Lisboa a convite da TAP e do hotel Dom Pedro. Durante a viagem os profissionais contaram com o seguro da GTA – Global Travel Assistance.
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