Se um dia a bola da vez foi Nova York, em evidência nos filmes, séries e afins, o posto agora é de Chicago. Ok, a Big Apple segue sendo hors concours, mas a cidade mais populosa do estado de Illinois nunca esteve em tamanha evidência.
Cenário de longas como os clássicos Os Intocáveis, Esqueceram de Mim, Curtindo a Vida Adoidado – que em junho celebra 30 anos de lançamento -, e outros mais recentes como Separados pelo Casamento, Inimigos Públicos e a saga literária Divergente (aqui uma Chicago um tanto apocalíptica). Também serviu de inspiração para outros tantos, como, por exemplo, a fictícia Gotham City da trilogia Batman do diretor Christopher Nolan.
E não é só nas telonas que tem estado em voga, o trio de séries Chicago: Fire, PD e Med também tem feito sucesso e colocado ainda mais a cidade na rota turística. Como se fosse preciso… Sabe aqueles destinos que te conquistam fácil? Pois eis um deles. Parafraseando o célebre musical da Broadway que leva o nome da cidade, Chicago é “all that jazz” – e muito mais!
A capital do Illinois tem três grandes trunfos: cultura/arte, arquitetura e a farta gastronomia. E é este último quesito que vou abordar primeiro, afinal de contas, comer é viver. E como bem disse Julia Child: “você não precisa cozinhar obras-primas bonitas e complicadas. Basta preparar boa comida de ingredientes frescos”. Chicago, no entanto, consegue mesclar com primor elegância e simplicidade em suas inúmeras opções gastronômicas, lhe conferindo uma atração a parte. Ou seja, esqueça a dieta!
A Cidade dos Ventos, como é conhecida, tem algumas peculiaridades, é o caso da famosa deep-dish pizza, o seu tradicional hot dog, os deliciosos cookies e a curiosa (e saborosa) pipoca Garrett – uma combinação de cheddar e caramelo. Quando o assunto é bebida, não podemos deixar de fora a Goose Island Beer Co.
Como não vale apenas citar, aqui vão algumas dicas de lugares que vão valer – e muito! – a paradinha estratégica. Para a típica deep-dish (vide foto ao lado, já que uma imagem vale mais que mil palavras), as boas pedidas são: a Pizzaria Uno (tida como a precursora do estilo em 1943), Giordanos, Gino’s East, Pizano’s, Pequod’s, Lou Manati’s, Connie’s Pizza, Chicagos’ Pizza, Dough Bros e, por fim, Coalfire e Macello Ristorante – eleitas pela Chicago Magazine como as melhores pizzas de 2015 (primeira e segunda, respectivamente).
A herança italiana é forte na cidade quando o assunto é gastronomia. E vai além do ótimo, mas batido Eataly. São muitos os “ristorantes” que te farão dizer “mamma mia”. No Macello, por exemplo, vale ir além do carro-chefe. Peça de entrada a caprese com burrata ou o costini de camarão com gorgonzola, de prato principal o linguine com tomate picante ao molho de creme ou ao pesto cremoso com camarão. De sobremesa o imbatível é o negroni crème brûlée. E por falar em burrata, a do The Gage Chicago, restaurante de cozinha americana com influências globais, é uma delícia.
Ainda no espírito do país da bota, o Tre Soldi Chicago segue a risca o estilo trattoria romanesca. A ‘pasta’ Amatriciana que o diga: bucatini com panceta, tomate, cebola, alho
e pimentões. Ou mesmo os saborosos risotos. Mas antes do prato principal, não deixe de se deliciar com os antepastos, os queijos, frios e pães… Hummm! E nada de ir embora sem provar o popular tiramisu. Em tempo, O il Porcellino, é uma das mais recentes casas abertas na cidade e vale a visita.
Seu negócio é carne? Pois bem, as famosas ribs e os hambúrgueres também fazem bonito em Chicago. O mesmo vale para os pescados e frutos do mar, aliás, um caso de amor a parte que você irá constatar por lá. Sendo assim, aqui vai a seleção de spots imperdíveis: Porkchop BBQ, onde além das ribs, vale super pedir de acompanhamento o mac and cheese. O RPM, restaurante do casal Bill e Giuliana Rancic, sim, a famosa apresentadora do canal E!.
Para um hambúrguer que vá além do batido Shake Shack: Cochon Volant, brasserie que leva a assinatura do premiado James Beard, considerado o pai da culinária estadunidense. O TWO, cujo ambiente já chama atenção por ser estiloso e descontraído. O The Bad Apple e sua seleção de ‘gourmet burgers’. E o Chop Shop Butcher, onde além dos sanduíches os steaks também vão muito bem, obrigada!
Com relação aos pescados e frutos do mar, não deixe de ir ao Chop, sim a casa tem carnes suculentas como a 16oz Bone-In Cowboy Rib-Eye, mas pratos como o bolinho de caranguejo temperados com vinagre balsâmico são de comer rezando. O que também vale para o lobster rolls do GT Fish & Oyster e do Oyster Bah. Aliás, ambos são ótimos para quem quiser apreciar um farto e diversificado brunch.
E vale dizer que em Chicago, brunch não é apenas uma simples refeição, é quase que uma religião aos finais de semana. Um esporte cujos locais vão para ganhar. Dito isso, talvez as casas no estilo “coma o quanto aguentar”, sejam uma boa opção para entrar no espírito ‘like a local’. No nosso top list então: Shaw’s Crab House, Balena, Earls Kitchen + Bar, Summer House e o badalado Presidio. Os dois últimos inspirados em destinos californianos: Santa Monica e São Francisco, respectivamente.
Quer um mexicano autêntico? Só ir ao Cantón Regio, na 1510 W. 18th St. nova casa da família Gutierrez que era proprietária do queridinho Nuevo Leon, restaurante de 53 anos que pegou fogo em 2015. Prefere comida asiática? Sem problemas, a dica é o Rock Wrap & Roll na Avenida N Clybourn que mescla comida japonesa e tailandesa num só lugar. Procurando por uma paella? Vá ao Bernie’s Lunch & Supper, na 660 N. Orleans St. Ou então aquele típico frango frito americano? Buck’s Chicken & Biscuits!
Como dá para notar sobram lugares para comer bem, e cada um com sua particularidade. Quem quiser apenas curtir e tomar uns drinques também tem endereços certos, como o Frontier Chicago, o Tallboy Taco, para uma refrescante margarita. Ou os vários coquetéis do The Commons Club. Para umas boas doses de cerveja o local ideal é a Motor Row Brewing Bringing. Se o seu negócio for vinhos, então é só ir a City Winery.
Essa maratona gastronômica pede um pouco de atividade física para equilibrar, então umas caminhadas serão bem vindas. E andar por Chicago é fazer descobertas, e, claro, conhecer pontos turísticos, como o famoso Millennium Park onde fica a icônica escultura Cloud Gate. Aos que não associaram, se trata do “the bean”, uma espécie de feijão prateado de 110 toneladada assinado pelo indiano Anish Kapoor tão fotografado por locais e turistas. E por falar em fotos, outro ponto bem comum nos registros é o letreiro do Teatro de Chicago. Bem como a vista do Skydeck, no 103º andar da célebre Torre Willis, antiga Sears – prédio mais alto da cidade, com 412 metros de altura e 112 andares. Lá do alto dá para ver muito além das grandes planícies de Illinois e através do Lago Michigan em um dia claro. A atração compete diretamente com o observatório do John Hancock Center do outro lado da cidade, que é cerca de 76 metros mais baixo.
Chicago é muito semelhante a São Paulo: uma selva de pedras. A arquitetura é tida como um marco do destino também conhecido como “Segunda Cidade”, isso por conta de um fato histórico (e trágico): o incêndio de 1871, que ficou marcado como sua ruína e glória. Como uma fênix a capital de Illinois ressurgiu das cinzas e seu famoso skyline narra isso com primor. Já que se tornou referência e mudou o rumo do desenvolvimento urbano nos Estados Unidos. Ditando o processo de desenvolvimento das metrópoles americanas nas décadas seguintes.
Um outro jeito de explorar seu encantos é através de um passeio de Water Taxi, e assim ter uma perspectiva diferenciada. E por falar em experiências únicas, Chicago é a terra do lendário Bulls, do Blackhawks, do Bears e do Cubs, ou seja, fãs de basquete, hóquei, futebol americano e beisebol estão muito bem servidos. Garantir uma partida de qualquer um deles será uma lembrança e tanto.
No âmbito cultural, além das obras ao ar livre, o Art Institute of Chicago talvez seja a principal parada, já que é considerado nada menos que o segundo maior museu do país, atrás apenas do MET de Nova York. O local é também dono da maior coleção impressionista fora do Louvre, em Paris. No acervo de 260 mil itens há obras de mestres como Cézanne, Degas, El Greco, Monet e Van Gogh. Mudando um pouco o estilo, o Museu de Arte Contemporânea, conhecido por ter sido onde Frida Kahlo expôs pela primeira vez nos Estados Unidos, abriga trabalhos de pop art, surrealismo e arte conceitual. O destaque fica por conta das peças de Andy Wahrol.
Não, não esqueci das compras tão adoradas por nós brasileiros. A parada certa é a Magnificent Mile, que está para Chicago o que a 5th Avenue está para Nova York. Ali estão lojas como Bloomingdale’s, Macy’s, Saks, GAP, Hugo Boss, Nike e Best Buy.
Uma vez em Chicago, logo você irá notar que diversos fatores a distinguem de outras cidades americanas. E o que a torna épica é justamente essa soma: cultura/arte, arquitetura e gastronomia. Por isso digo: aproveite-a sem moderação!