Ao final da Olimpíada Rio 2016, o mundo agora volta os olhos para Tóquio, que será a sede dos próximos Jogos em 2020. Portanto, nada melhor que começar a conhecer e entender a cultura milenar oriental, presente em todo o seu esplendor na bela, vibrante e misteriosa capital japonesa.
Se você está pensando em torcer pelos atletas brasileiros in loco é bom planejar bem a sua viagem. Os 20 mil quilômetros entre São Paulo e Tóquio são motivo suficiente para desencorajar muita gente. O idioma e as intrigantes tradições japonesas, tão diferentes dos costumes ocidentais, também colocam outros pontos de interrogação na hora de planejar a viagem. Pois aceite um conselho: se está com vontade e tem condições, passe uma borracha em todas as suas dúvidas e vá, sem medo, rumo a esse destino fantástico e enriquecedor. Mas, uma dica, planeje detalhadamente a viagem.
A internet há muito tempo eliminou distâncias e aproximou o Oriente do Ocidente. Sabemos muito mais hoje sobre os japoneses – e eles sobre nós – do que algumas décadas atrás. A era dos jatos na aviação ajudou a encurtar a distância. Também é bastante comum assistirmos a filmes hollywoodianos rodados na feérica e delirante metrópole. O Japão já não é tão estranho para nós. Quem já não ouviu, viu ou leu coisas sobre o fascinante país e sua rica cultura milenar, seus avanços tecnológicos e sua gastronomia singular? Porém, acreditem, só iremos compreender seus hábitos e costumes quando decidimos atravessar o mundo para realizar uma experiência sem igual, talvez única. Uma viagem à terra do Sol Nascente deixa marcas profundas e vai mudar a sua maneira de enxergar o mundo. Uma mudança para melhor. Somente por esse motivo a viagem já vale à pena.
Portanto, comece pesquisar o máximo de assuntos sobre o destino para chegar preparado e confiante. Acredite, valerá à pena. Porém, por mais que se sinta preparado, nada é tão forte como a convivência com o povo local. O temor de desembarcar em um país tão distante do Brasil e com uma língua incompreensível para nós ocidentais se dissipa ao primeiro contato. É incrível o efeito em nossa mente quando recebemos demonstrações da natural gentileza japonesa, mas em um grau em que não estamos acostumados. É uma sensação muito boa e que passa segurança.
Se você domina o inglês, terá mais facilidade, mas, embora a maioria das placas de informações nos aeroportos, nas estações, e nas ruas esteja traduzida, falar a língua não é essencial no contato com os japoneses. Até porque, com exceção dos jovens, a maioria não é fluente na língua inglesa.
Mistura de tradições e modernidade
Tudo em Tóquio é diferente e aprende-se alguma coisa a cada instante. Ao desembarcar e, após superar a ansiedade inicial, tente entrar logo no fuso horário local – +12 horas em relação ao Brasil. Procure não dormir durante o dia, mesmo que sinta muito sono. Fazer uma caminhada de reconhecimento pelos arredores do hotel é uma boa maneira de desintoxicar os músculos após a longa viagem. O ideal é não programar passeios e atividades que necessitem de atenção durante o primeiro dia. Se no horário do almoço não sentir fome, mesmo assim coma algo leve, isso irá ajudar o seu organismo a se acostumar com o novo fuso. Os sintomas dessa sensação chamada jet lag variam de pessoa para pessoa e em diferentes níveis de intensidade, podendo durar até 72 horas. Porém, com uma rotina tranquila e dormindo bem na primeira noite você já vai notar a diferença. Mesmo que não esteja com sono – apesar de cansado –, deite para descansar. E em hipótese alguma troque o dia pela noite. No dia seguinte, acorde cedo, tome um café da manhã reforçado e comece a curtir o destino, ele tem muito a oferecer.
Quando começar a circular pela cidade, irá perceber rapidamente, que tudo que você conhece sobre o Japão, os aspectos históricos e culturais – antigos e modernos –, estão reunidos ali. Com seus mais de 13 milhões de habitantes é o que podemos chamar de uma megalópole, sem medo de exagerar. E ela não para nunca, é vibrante durante o dia e a noite, independentemente se a opção for por passeios nas agitadas avenidas repletas de néons multicoloridos ou por caminhadas tranquilas nos belos e calmos jardins orientais. Tóquio é a síntese acabada do Japão histórico tradicional e do que há de mais moderno e atual no mundo.
Nós nos acostumamos a associar a capital japonesa à modernidade, o que, sem dúvida, é verdade. Seus imponentes arranha-céus, sede das principais multinacionais do planeta, realmente impressionam, mas ela é também uma cidade impregnada pelas tradições ancestrais. É comum ter um templo antiguíssimo ao lado de um moderno edifício. E não há nenhum conflito nisso. Lá, a cultura construída em milênios caminha lado a lado com a mais alta tecnologia. Todos seguem a vida bem agitada é verdade, mas em paz e tranquilidade.
Paraíso das compras
Durante os Jogos Olímpicos Tóquio estará agitadíssima e com muitos turistas. E entre uma competição e outra certamente você encontrará tempo para fazer umas comprinhas. E não irá se decepcionar. A cidade reúne um conjunto impressionante de lojas das principais grifes globais. O comércio local atende desde um público mais exigente até quem apenas deseja comprar lembrancinhas e produtos mais populares e baratos. As lojas mais procuradas são claro, as especializadas em eletrônicos, moda e estética. Em alguns centros comerciais é comum vermos logo na entrada, grandes cestos com telefones celulares, pen drivers e outras parafernálias eletrônicas em liquidações por preços baixíssimos. São produtos atuais para nós, brasileiros, mas já defasados para os japoneses. Mas não se empolgue e saia comprando, procure saber se eles funcionarão no sistema adotado no Brasil.
Os bairros de Ginza e Harajuku são os favoritos dos turistas em busca de produtos de marcas sofisticadas como Prada, Louis Vuitton, Yves Saint Laurent, Dolce & Gabbana, Dior e Chanel, entre outras. Em Harajuku, não deixe de circular pela Omotesando-dori – avenida conhecida como a “Champs-Elysées de Tóquio” –, onde estão as principais lojas de grifes internacionais e restaurantes estrelados. São vários os complexos de compras, como o shopping Omotesando Hills – com mais de uma centena de lojas de roupas e acessórios para homens, mulheres e crianças, além de salões de beleza, restaurantes e cafés – e o Laforet, que tem como foco o público feminino. Para as crianças, o endereço é a Kiddyland, loja especializada em brinquedos capaz de deixar malucos os fãs de Hello Kitty. Quem procura somente suvenires ou antiguidades, vai encontrar na Oriental Bazaar.
Shibuya é outro bairro bastante procurado para as compras, com destaque para os shoppings Shibuya 109, queridinho dos adolescentes e especializado em moda jovem; o Bic Camera, que tem tudo o que se possa imaginar em termos de eletrônicos de última geração; e o Tokyo Hands, com sete andares de lojas. Passeando pelo bairro, não deixe de tirar uma foto ao lado da estátua do cachorro Hachiko – que inspirou o filme Sempre ao Seu Lado por ter esperado pelo dono, o professor Ueno (interpretado por Richard Gere), durante mais de dez anos após sua morte – bem em frente à estação de Shibuya.
Outra opção interessante para incluir no roteiro é o Roppongi Hills Mori Tower, prédio de 54 andares de uso misto, localizado em Roppongi, com lojas, restaurantes e atrações como o Museu de Arte Mori, no 53º andar, e plataformas de observação da cidade nos andares 52 e 54.
Até duas décadas atrás, a capital japonesa era sinônimo de aparelhos eletrônicos top de linha, que somente chegavam ao resto do mundo alguns anos depois de lançados por lá. A cidade segue essa tendência, mas a globalização diminuiu as distâncias. De qualquer forma, vale a pena pesquisar ofertas, principalmente telefones celulares, câmeras fotográficas ou fones de ouvido e aparelhos de som com acústica perfeita a preços convidativos. E o melhor lugar para esses achados é Akihabara, que reúne o que há de mais recente no mundo do entretenimento eletrônico, além de atrair os otakus, os aficionados por animes e mangás, já que concentra grandes livrarias com uma infinidade de títulos. Se tiver pouco tempo para procurar e pesquisar preços, a melhor opção é o Akihabara Electric Town e seus vários andares repletos de gadgets e produtos eletrônicos.
As principais ruas do bairro, apelidado de “Akiba” pelos frequentadores, destacam-se pelos grandes luminosos das lojas, a luz de máquinas de pinball e pelos adolescentes praticando cosplay (quando se vestem como personagens de animes). O lugar se tornou mais do que um aglomerado de computadores, teclados e celulares e adotou a cultura dos games e do RPG. Nos finais de semana, a procura aumenta e a rua principal, a Chuodori, fica fechada para os carros. Jovens chegam de todas as partes em busca dos fliperamas e outras máquinas de videogame espalhadas pela região.
Também é bastante comum cruzarmos com garçonetes fantasiadas de criadas abordando os potenciais clientes dos maid cafés nas ruas do bairro. Nesses estabelecimentos, os clientes são tratados como mestres ou patrões recém-chegados à sua mansão, sendo recepcionados por seus “servos”. Eles tiram fotos com as garotas “criadas” e participam de brincadeiras enquanto esperam a refeição. Embora à primeira vista pareça algo meio pervertido ou dominador, a relação é bastante infantil. Estrangeiros desavisados que toquem as moças são logo colocados para fora.
Muito além do sushi e sashimi
Terra do sushi, sim, mas não pense que irá encontrá-lo em qualquer restaurante popular da cidade. Não é difícil achar casas especializadas em sushi em Tóquio, porém, rodízios ou combinados de comida japonesa a preços populares como encontramos por todas as partes de São Paulo, nem pensar. Considerado o prato nacional do Japão, o sushi nasceu em volta de mercados de peixes, como o gigantesco Tsukiji – que, aliás, merece uma visita. A partir desse mercado partem os peixes que abastecem as mesas da região. Bem cedo, por volta das seis da manhã, acontece um movimentado leilão de pescados entre os donos de restaurantes da cidade. Logo em seguida, turistas e locais saboreiam sashimis preparado na hora com peixes fresquíssimos, tempurás (legumes empanados) e sobas (sopa de macarrão). Além de comer em meio às barraquinhas dispostas ao longo do corredor, também é possível adquirir utensílios de cozinha e condimentos típicos.
Mesmo quem não está familiarizado com a gastronomia oriental consegue comer sem surpresas e transtornos. A maioria dos restaurantes possui uma vitrine na entrada com modelos de plástico idênticos aos pratos servidos. Olhando-os, fica mais fácil escolher o que comer e auxilia muito na comunicação com os atendentes. Os restaurantes próximos ao mercado têm preços mais em conta e não decepcionam. Neles pode-se comer desde os yakitoris (espetinhos fritos) até iguarias como enguia grelhada, a preços razoáveis. As grandes lojas de departamentos também possuem andares dedicados à gastronomia, com boas opções para as refeições. Quando tiver vontade de comer comida ocidental, não vai ser difícil encontrar cantinas italianas, restaurantes de cozinha internacional e até churrascaria brasileira.
Vida noturna e baladas agitadas
A capital japonesa é famosa por ter algumas das melhores baladas do mundo, para todos os gostos e estilos musicais, com decoração, iluminação e qualidade do som que impressionam. O bairro de Roppongi é o principal point das agitadas de Tóquio. Na avenida Gaien Higashi-dori estão alguns dos mais populares bares e boates high-tech. Entre as muitas opções estão a Ageha, que tem uma pista de dança principal onde cabem 2,4 mil pessoas, a Warehouse, com capacidade para até 900 pessoas e festas também para o público GLS, a Womb, ideal para os apreciadores da música eletrônica e a La Fabrique, que funciona como casa noturna e restaurante.
Os baladeiros contam ainda com boas opções nos bairros de Shinjuku, Shibuya, Kabukicho e Harajuku. Também são comuns na cidade os bares especializados em karaokê, uma mania entre os japoneses. Quando saem do trabalho, eles costumam se reunir em animadas happy hours nos bares para beber, conversar e cantar. E como gostam de cantar!
Passeios e entretenimento
Cuidado para que os prazeres da noite não atrapalhem e encurtem os seus dias. Há muitas atrações por lá que não podem ser deixadas para trás. Então, a ordem é acordar cedo e, com um mapa em mãos e sapatos confortáveis nos pés, seguir um roteiro pelos principais pontos turísticos.
Para ter uma visão geral, inclua na lista a Tokyo Tower Skytree, uma torre de radiodifusão com 634 metros de altura e deque de observação a 350 m. Se possível, vá no final da tarde e curta o fantástico pôr do sol lá do alto, com vista de 360º. Um pouco mais baixa, mas não menos interessante, a Tokyo City View é uma imitação da Torre Eiffel, com 250 metros de altura, que também oferece um privilegiado panorama da cidade.
Para conhecer um pouco das tradições japonesas é necessário ir aos lugares sagrados e dedicados à fé. Há muitos templos espalhados por Tóquio, mas dois deles merecem ser apreciados com calma e reverência. O Meiji é o maior e mais sagrado templo zen-budista da cidade. O santuário xintoísta, inaugurado em 1920, é dedicado às almas divinas do imperador Meiji e sua consorte, a imperatriz Shoken. Já o templo Senso-ji, em Asakusa, é um dos mais antigos e belos. O suntuoso portal de entrada sustenta uma lanterna gigantesca japonesa. No interior do pavilhão principal do santuário está guardada a imagem de ouro de Kannon, a deusa budista da misericórdia, que, segundo a lenda, foi retirada das águas do Rio Sumida-gawa por dois pescadores no ano 628. Do lado de fora, entre os portões do templo, há um grande bulevar conhecido como Nakamise-dori, onde estão lojinhas de comidas e de suvenires para os turistas. Em todo o entorno do complexo há diversos restaurantes, lojas e área para passeios junto ao Rio Sumida.
Depois de conhecer as tradições é hora de entender a história e o Museu Nacional é o lugar certo para isso. Próximo ao parque de Ueno, guarda o mais relevante conjunto de obras de arte e arqueologia do país. Considerado o mais importante do Japão em arte asiática, abriga uma extensa coleção de objetos vindos da China, Coreia e das áreas central e sudeste da Ásia, incluindo esculturas, vasos raros, armas, armaduras, máscaras samurai e muitos outros artefatos históricos.
Para relaxar, caminhe pelos jardins do imponente e histórico Palácio Imperial, localizado em uma imensa área bem no meio da metrópole, no distrito de Chiyoda, próximo da estação Tóquio. Residência do imperador Akihito e da imperatriz Michiko, tem 7,41 km² (incluindo os jardins) – mais que o dobro do tamanho do Central Park, em Nova York. O oásis verde é composto pelos parques Kitanomaru, Koukyo Higashi Gyoen, Koukyo Gaien, Wadakura Funsui Kouen, Praça Koukyo Mae e o jardim imperial de Fukiage. Até meados do século 19, a região era ocupada pelo palácio Edo e pelas residências de senhores feudais. A torre do castelo foi consumida por um incêndio em 1657 e sua base de pedra ainda pode ser vista. Com exceção da área destinada à residência e ao cerimonial imperial, o local fica aberto ao público.
Nos deslocamentos entre um ponto e outro de Tóquio é inevitável imaginarmos que estamos em outro mundo. Ali existe uma “outra cidade”, vanguardista e liderada pelos jovens, aspecto que se percebe em detalhes nas ruas sempre animadas dos bairros de Shibuya ou nas agitadas baladas de Roppongi. Observando essa juventude é nítida a diferença entre as moças japonesas e os rapazes. Parece que elas, as gyaru (do inglês girl), desenvolvem uma revolução que quebra paradigmas de 3 mil anos de história e tradições. Com cabelos coloridos e minissaias curtíssimas, andam em grupos ruidosos e sentam sobre os calcanhares em rodinhas de conversa. Já os homens, na maioria, mantêm o visual clássico e discreto. Em comum, têm o hábito de usar máscaras quando estão gripados (em respeito às demais pessoas) e estar sempre plugados, com o telefone celular em mãos.
Shinkansen, o famoso trem-bala
Nas imensas estações da teia estabelecida pelo sistema de transporte metro-ferroviário na cidade, há um grande burburinho gerado por milhares de pessoas que circulam indo ou vindo de algum lugar. Mas tudo muda quando entramos no vagão dos trens que chegam e partem rigorosamente no horário. O silêncio e o respeito pelo passageiro ao lado é a lei não escrita que impera no convívio social das ruas. Ouve-se apenas o ruído ritmado das rodas do trem sobre os trilhos. Muitos aproveitam para dormir, enquanto a maioria ouve música com fones de ouvido ou acessam as mídias sociais nos celulares moderníssimos enquanto não chegam ao destino.
Impressiona o funcionamento perfeito dos serviços urbanos, transporte e segurança. A estação de Shinjuku é a mais movimentada do mundo, com mais de 2,5 milhões de pessoas cruzando suas catracas diariamente. A partir dela, toda a cidade e outras periféricas são atendidas por centenas de linhas de trem e metrô. Basta gravar o nome da mais importante para circular pelas principais regiões da cidade: Yamanote, que circunda a zona central e interliga com muitas outras. Nos horários de pico uma cena chama a atenção nas plataformas lotadas. Seguranças usando luvas brancas empurram gentilmente os passageiros para dentro dos vagões para que os trens sigam sem ocasionar atrasos ao sistema. Inevitável pensar: isso daria certo no Brasil?
Mas a principal atração do sistema ferroviário japonês atende pelo nome de Shinkansen. Sim, é o famoso trem-bala, que rasga o país em velocidades superiores a 300 km/h e oferece um serviço de primeira em trajetos repletos de paisagens deslumbrantes. Com eles é possível ir a qualquer ponto do país e retornar a Tóquio no mesmo dia.
Se a opção for por se deslocar de ônibus ou de táxi, percebe-se outro aspecto da pulsante cidade. O respeito no trânsito impressiona e causa inveja. Durante o período em que permaneci por lá não me lembro de ter visto um motorista tocando nervosamente a buzina do carro. Também não vi um único buraco, lombada ou valeta nas ruas e avenidas impecáveis da capital japonesa.
Sustentabilidade e respeito
Difícil também não sentir inveja quando o assunto é limpeza. Ver alguém jogando lixo na rua é quase impossível e deve ser uma agressão violenta aos educados japoneses. A palavra sustentabilidade tão mal-usada por aqui parece se traduzir em Tóquio. Por todas as partes cruzamos com lixeiras coloridas com abertura para todos os tipos de lixo reciclável. Os japoneses ao jogar fora uma simples garrafa pet de refrigerante não o fazem antes de separar o rótulo do recipiente. Cada um vai para um destino diferente. Rótulos, aliás, que já vêm com um local picotado exatamente para facilitar esse processo. Primeiro mundo? Mundo civilizado? Ou só respeito pelo planeta? Não importa, a capital do Japão continua sendo uma das cidades mais vanguardistas do mundo.
Testemunhei outra prova de “civilidade” no bairro de Akihabara, aquele em que estão as lojas de equipamentos eletrônicos. Ao atravessar uma grande e movimentada avenida, cruzei com uma carteira perdida no chão. Apenas vi de longe e continuei meu caminho. Ao voltar, uns 30 minutos depois, acreditem, a carteira estava lá no mesmo lugar. Desta vez não resisti e fui até ela para pegar. Dentro apenas alguns poucos ienes, documentos e cartões de lojas. Logo pensei que lá, como cá, deve ser um inferno ter que tirar novos documentos e a levei até um policial, que me agradeceu como se o item perdido fosse dele próprio. Outra situação que me impressionou muito, mas ressaltou o grau de honestidade do povo japonês, aconteceu após um jantar com alguns brasileiros também de passagem pelo Japão. Um deles esqueceu um envelope com ienes e dólares que seriam utilizados durante toda a viagem. Já do lado de fora do restaurante, uma das atendentes saiu correndo na noite gelada para devolver a pequena fortuna do brasileiro. Acredite se quiser!
Disneylândia e Monte Fuji
Nos arredores de Tóquio também há uma série de possibilidades para passeios e entretenimento do tipo bate e volta. Utilizando o metrô chega-se aos parques Tokyo Disneyland e Tokyo DisneySea, ótimas opções para quem viaja com crianças. Localizado em Urayasu, foi o primeiro parque da Disney construído fora dos Estados Unidos, em 1983.
Em Yokohama, cidade famosa para nós brasileiros por possuir o estádio onde a seleção brasileira sagrou-se pentacampeã na Copa do Mundo de 2002, há um excelente parque aquático, um enorme aquário, uma das melhores Chinatown do Japão, além de uma área portuária muito agradável.
A imponente estátua de bronze do Buda Amida e edifícios históricos justificam uma visita a Kamakura. O mesmo vale para Nikko e seus santuários e templos. A oeste de Tóquio está um dos símbolos mais conhecidos do Japão, o Monte Fuji. A mais alta montanha da ilha de Honshu é um vulcão ativo, porém de baixo risco de erupção. Ele realmente impressiona e vai motivar muitas e muitas fotos.
Como eu disse anteriormente, uma viagem a Tóquio fará com que você volte diferente. Boa viagem, ou melhor, gokigen yo sayonara!
Serviços:
Moeda
Iene (¥)
Idioma
Japonês. O inglês não é usual e é falado apenas entre os jovens.
Fuso Horário
+12 horas em relação ao horário de Brasília.
Visto
Brasileiros precisam de visto de curta permanência e válidos por até três meses. Ele pode ser requisitado na embaixada do país ou nos consulados. O passaporte precisa ter validade por pelo menos seis meses a partir da data de chegada.
Embaixada no Brasil – Av. das Nações, Quadra 811, lote 39 – Setor de Embaixadas Sul – Brasília – DF. Informações: tel. (61) 3442-4200 e www.br.emb-japan.go.jp
Quando viajar
A floração das cerejeiras entre março e maio deixa o cenário com um visual muito bonito. Os principais festivais ocorrem durante o verão, que costuma ser muito quente e chove bastante. Os meses de outono são agradáveis e é quando os jardins e bosques ganham colorações em tons de vermelho, laranja e amarelo. Já o inverno é ideal para esquiar e curtir spas de águas termais. Os meses de abril, maio e agosto são considerados alta temporada. Já a baixa temporada ocorre entre janeiro e março.
Transportes
Tóquio tem um dos mais eficientes sistemas de transporte público do mundo, com muitas linhas de metrô, trens e ônibus que se completam e abrangem toda a cidade e arredores. A linha circular Yamanote da Japan Rail interliga as principais estações ferroviárias da cidade – Tóquio Central, Shinjuku e Ueno -, todas com ligações com o metrô. Vale à pena comprar um voucher para múltiplas viagens.
Se for sair de Tóquio para outras cidades escolha viajar nos Shinkansen, os famosos trens-bala. Nesse caso, compre ainda no Brasil o passe Japan Rail Pass, disponível apenas para estrangeiros e representam uma considerável economia de dinheiro e tempo.
Como chegar
Em virtude da distância, não existem voos diretos partindo de São Paulo. É necessário um voo de conexão. A maioria dos voos internacionais com destino a Tóquio utilizam o Aeroporto Internacional de Narita, distante 65 quilômetros da capital japonesa. Se for possível, opte pelo aeroporto de Haneda, mais próximo e conveniente.
Onde ficar
Escolher um hotel na capital japonesa também merece uma pesquisa detalhada. Tudo depende do quanto dispõe para gastar dentro do seu nível de hospedagem e serviços desejados. E não faltam opções. A oferta hoteleira é ampla e variada com mais de 80 mil quartos, entre locais com uma até cinco estrelas. Independentemente do seu poder aquisitivo, se tiver chance escolha passar uma ou duas noites em um ryokan, as típicas hospedarias japonesas. Nelas, os hóspedes têm uma excelente oportunidade de conhecer melhor o estilo de vida nipônico, dormem envolvidos em futons sobre tatames e em quartos com nomes de flores. Se quiser pode até vestir o yukata, um tipo de quimono usado após o banho. As diárias incluem o café da manhã e o jantar típicos, servidos no quarto. Alguns possuem até fontes termais coletivas.
Informações: jnto.go.jp | japantravelinfo.com | japaoinfotur.org
Fotos: Kakidai/Wikimedia Commons (destaque) e Roberto Maia