É só o calendário virar para o mês de junho, que aquele clima dos eventos da estação tomam conta da gente né? Sabe aquele clima gostoso de expectativa que paira no ar quando vem chegando o Natal, Réveillon e carnaval? Pois é, no mínimo, a mesma ansiedade que paira no Nordeste quando o assunto é festa junina.A data é tão sagrada que vira até feriado! Conheça a tradição nessa região do país e aprenda receitas típicas da chef Ana Cláudia de Araújo, do Oásis Boutique Hotel & Spa.
Euforia que triplica, sem exageros, quando vem chegando uma ocasião em especial: 24 de junho, Dia de São João. De tão especial que é na cultura nordestina, em alguns lugares dessa região acabou por se tornar feriado. Mesmo não sendo oficial, o que acontece é uma troca consensual: trabalhe-se no Corpus Christi, para poder “brincar”, com folga e tranquilidade, tal ocosião. Não por acaso, cidades como Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, disputam o título de “Melhor São João do Mundo” e se tornaram grandes polos turísticos.
Festança essa que tem protocolos bem marcados e inclui, inclusive, processos como as dos festejos de final de ano, tais como roupa nova e ceia na véspera – no caso, no dia 23. Quanto o banquete em si, é, claro, bem farto e respeita as tradições regionais e vai muito além de guloseimas, bolo e doce. Em destaque, um cardápio farto com receitas como escondidinho de carne seca, guisados como o de bode e arrumadinho – prato composto de carne de sol ou charque, queijo coalho, feijão verde, vinagrete, farofa e ovo cozido. É comum ainda sopas, bife de panela, paçoca salgada e amendoim cozido.
É também tempo de milho e como tal, ele estrela os quitutes bem emblemáticos, como a pamonha – em 90 % dos casos, a doce; e a mesma base dela serve para fazer a canjica, que em solo nordestino, seria algo parecido com o curau, uma mousse de milho verde, só que mais leve. “Em todo o país, a canjica é sinônimo de milho branco, leite condensado e de coco, canela. Essa, aqui, chamamos de mungunzá e faz parte do menu junino também”, explica a chef e proprietária do Oásis Boutique Hotel, em Gravatá, charmosa cidade na serra pernambucana, um dos destinos mais procurados dessa época do ano no estado.
Especialmente para o Travelpedia, Ana Cláudia ensina o preparo de duas dessas receitas marcantes da temporada, confira!
Canjica nordestina
Ingredientes
- 2 espigas de milho verde
- ½ coco seco ralado
- 2 colheres de sopa de manteiga
- 1 colher chá de sal
- 1/3 xícara de açúcar cristal
- Canela em pó para decorar
Modo de Preparo
Descasque as espigas, retirando os fiapos com uma faquinha, lave e reserve. Quebre o coco seco e escorra a água, rale uma metade com ralador de mão. Liquidifique a polpa ralada do coco com água fervente (aproximadamente 1 litro), passe em uma peneira fina para obter o leite de coco. Despreze o bagaço.
Com um ralador maior, rale as espigas de milho. Misture a massa com o leite de coco e passe na urupema (peneira de palha), até obter uma versão mais fina (deve ser peneirado pelo menos umas três vezes). Leve ao fogo baixo, mexendo sempre, acrescente o açúcar, o sal e a manteiga. Mexa continuamente até o creme soltar do fundo da panela. Enfeitar com canela em pó.
Pamonhas
Segue-se o mesmo ritual, só que a massa deve ser mais densa. E no lugar de cozinhar mexendo, coloca-se em saquinhos preparados com a palha previamente escaldada, amarra-se e cozinha-se por duas horas em água fervente.
Fotos: Flickr de Caruaru e divulgação