Lembram quando apenas viajávamos por aí, simples assim? Pois foi-se o tempo em que era apenas o bom e velho turismo. Hoje em dia há cada vez mais e mais ramificações neste setor. Agroturismo, astroturismo, cicloturismo, ecoturismo, enoturismo, maraturismo… São mais de 30 tipos e vamos decifrar os principais para vocês.
Mas antes, vale dizer que a segmentação tem propósito. De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, é uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda. Tudo para fomentar mais o setor.
Agroturismo ou Turismo Rural – De acordo com a Embratur, a tipologia é caracterizada como sendo no campo, envolvendo atividades agrícolas, conservação ambiental e agregando valor a produtos e serviços da comunidade local. Sabe aqueles hotéis fazendas e os produtos artesanais típicos? Então, eles. Para quem quiser ir de encontro com este modo de vida, que exalta as raízes, costumes e tradições os estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Goiás são boas opções.
Hotel Fazenda Capoava/ divulgação
Astroturismo – O nome já indica, o céu não é o limite. Se trata da observação de corpos celestes como estrelas, planetas, cometas, nebulosas e galáxias. Dentre os destinos que se destacam com condições privilegiadas estão o Chile, em especial o Deserto do Atacama e o Valle del Elqui. Bem como Great Barrier, a 100 km de Auckland, na Nova Zelândia, que, junto ao Chile a o Novo México (EUA) se tornou a primeira ilha a ser considerada um “Santuário Internacional de Céu Escuro” – região pública ou privada com qualidade excepcional ou diferenciada para observação de estrelas. Arizona, Califórnia, Nevada e Havaí, nos Estados Unidos também guardam lugares propícios para observar o céu com clareza. Aqui pelo Brasil, o Observatório do Pico dos Dias, em Brazópolis (MG) e o Vale do Capão, na Chapada Diamantina (BA) são opções.
Cicloturismo – Das delicias do lazer e da atividade física está pedalar por aí. Entre as mais tranquilas modalidades com a bicicleta, o cicloturismo vai desde um curto trajeto, até uma longa jornada por um roteiro planejado. Muitos destinos são cheios de ciclovias. A Alemanha, por exemplo. O país conta com mais de 70 mil km e 200 rotas de longa distância. No Brasil, ainda não é tão desenvolvido, mas, entre as boas pedidas estão o litoral paulista, a Cidade Maravilhosa e a Costa do Descobrimento, na Bahia.
Ecoturismo ou Turismo Ecológico – Um dos principais e mais bem desenvolvidos no País, valoriza o meio ambiente e proporciona contato direto com a natureza, mas sem ser invasivo. Preservação e cuidado sãos os pilares deste tipo de turismo. No quesito dicas de onde ir, no Brasil a lista é longa. Contudo, vale destacar a Floresta Amazônica, Jalapão, as Chapadas, Cataratas do Iguaçu, Fernando de Noronha, Lençóis Maranhenses, Dunas de Genipabu e, claro, Bonito, cuja beleza é evidenciada até em seu nome.
Enoturismo – Combinando todo o universo da enologia, de conhecer vinícolas, saber mais sobre o terroir (solo), a produção e, claro, degustar vinhos, o enoturismo é um dos mais crescentes e em evidência no Brasil e no mundo. Produzindo vinhos desde o começo de sua colonização, de acordo com o Ibravin – Instituto Brasileiro do Vinho, o País é o quinto maior produtor vitivinícola do Hemisfério Sul. O sucesso foi tremendo que a “concorrência” correu atrás para fomentar o Turismo Cervejeiro. Por aqui a região sul é uma das principais neste assunto, ido desde empresas tradicionais como a Salton, Miolo e Casa Valduga a outras mais jovens como Dunamis Vinhos, de 2010.
Casa Valduga/ divulgação
Maraturismo – Não se trata de algo oficializado, mas é uma modalidade que ganhou espaço e inúmeros adeptos ao longo dos últimos anos. Cada vez mais corredores se tornam “maraturistas” mundo afora. Que, nada mais é que aliar o prazer de viajar com provas já consagradas. E com o tanto de corridas por aí, dá para entender o motivo da rápida expansão. Há inclusive agências especializadas em pacotes do tipo. Claro, sempre de acordo com o calendário de provas pelo mundo. Confira lista das principais aqui!
Naturismo – Sabe aquela história de praia de nudismo? Então, vai além disso. Na verdade se trata de um estilo de vida que prioriza a prática do nudismo social em harmonia com a natureza. Os focos são o respeito ao próximo e ao meio ambiente. Além das tradicionais praias do gênero no Brasil e no exterior, como a famosa Abricó, no Rio de Janeiro, há também pousadas e resorts que seguem o estilo naturista, muitos dos quais no Nordeste, e fora do país, o México tem várias opções.
Turismo Cinematográfico – Nova York, Paris, Roma, Londres, Rio, São Paulo eis alguns destinos que vemos sempre em filmes e novelas. A combinação de uma super produção em cidades pelo mundo movimenta o turismo, já que cria ou aumenta o desejo de viajar para tal lugar. James Bond que o diga, é rei de viajar por aí. No âmbito das telenovelas, por muitos anos Portugal e Itália serviram de inspiração ou cenário, depois foi a vez de outros mais exóticos, como Marrocos, Índia e Turquia. Atualmente destinos brasileiros além do eixo RJ-SP ganharam espaço.
Turismo Cultural ou Histórico – O mote é viajar para conhecer pontos históricos, artísticos e culturais. O que vale também em ir para aproveitar festivais e eventos tradicionais de um lugar. Se trata de vivenciar um destino e seus patrimônios sejam eles materiais ou não, já que assim como no Turismo Rural, costumes e tradições também estão em evidência. Em suas ramificações estão o Turismo Cívico, o Literário e o badalado Gastronômico, que foca tanto na experiência da culinária típica, quanto colocar a mão na massa para criar pratos tradicionais. Dentre as boas pedidas deste segmento estão as cidades históricas de Minas Gerais, a região serrana do Rio de Janeiro, a Serra Gaúcha, Salvador e o Distrito Federal. No exterior sobram opções, mas Portugal e Itália são daqueles que não tem como não agradar.
Outro Preto (MG)/ Shutterstock
Turismo de Aventura – Um dos mais clássicos do setor, é para quem gosta de adrenalina. Abrange atividades ou esportes desafiadores, com risco controlado, e sempre com muita emoção. É comum em ambientes naturais e urbanos. Entre as modalidades que engloba estão arborismo, bungee jump, canionismo, canoagem, escalada, mergulho, mountain bike, paraquedismo, rafting, rapel, tirolesa, trekking e voo livre. Situadas no estado de São Paulo, as cidades de Brotas e Socorro são ótimas pedidas para se aventurar.
Turismo de Compras – Não tem muito segredo é a opção para os consumistas de plantão. Aqui o turismo está diretamente associado a lugares que são conhecidos como boas opções para umas comprinhas. Ou seja, muitas cidades dos Estados Unidos com seus outlets, com destaque para Miami e Orlando, e destinos caribenhos que são zona livre de impostos, como Aruba, Barbados, Curaçao, Granada, Ilhas Cayman, Jamaica e St. Maarten/St. Martin.
Turismo de Estudos/Intercâmbio – Une a experiência de vivenciar um destino com estudar um idioma. Ou seja, uma baita imersão que pode variar de 1 mês a 1 ano. Os mais tradicionais são Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália para o inglês. A África do Sul e a cidade de Malta, ao sul da Itália, ganharam evidência nos últimos anos como opções mais em conta. Já para o espanhol, os procurados são Argentina, Chile, Uruguai e Espanha. A Costa Rica aparece como alternativa mais barata.
Turismo de Negócios e Eventos – Um dos mais rentáveis do setor, isso frente ao fato que o turista de negócios e eventos tende a ter maior gasto médio que o de lazer, é também um ótimo mecanismo de marketing para um destino. A modalidade engloba atividades como visitas técnicas, reuniões, exposições comerciais, compra e venda de produtos e serviços, encontros programados, congressos, convenções, simpósios, lançamentos, mostras, exposições e feiras. É mais comum em grandes metrópoles, como São Paulo, Nova York e Berlim, por exemplo.
Turismo de Pesca – Obviamente se trata de uma modalidade que envolve as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora. Que pode ser categorizada como esportiva, onde somente os peixes intermediários são liberados para consumo na própria região da pescaria. E há também o pesque-e-solte que consiste no ato de devolver à água todos os peixes capturados. Entre os destinos mais conhecidos nesta categoria estão o Pantanal e a Amazônia. Regiões do estado de São Paulo e Santa Catarina também se destacam.
Turismo de Saúde ou Bem-estar – Constitui-se das atividades turísticas decorrentes da utilização de meios e serviços para fins médicos, terapêuticos e estéticos. Tudo com o intuito de tratar, recuperar e curar. Seja algo físico ou mental. Entre as opções estão Araxá e Poços de Caldas (MG), Gravatal (SC), Rio Quente (GO), Águas de Lindoia, Águas de São Pedro e Olímpia (SP). Sem esquecer, claro de Guarapari (ES) e suas areias monazíticas.
Turismo Desportivo – Apesar de se completarem não deve ser confundido com o turismo de aventura. Já que compreende não apenas a prática, como o envolvimento e observação de modalidades esportivas. É o caso de ir apenas para apreciar um evento como Copa do Mundo. Ou assistir provas da Fórmula 1 ou jogos de futebol, por exemplo. Vale também para aqueles que combinam uma viagem com diversas atividades do gênero, como visitas a museus e estádios temáticos.
Turismo LGBT – De acordo com dados da Organização Mundial no Turismo (OMT), os turistas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) representam 10% dos viajantes no mundo e movimentam 15% do faturamento do setor que cresce 3,8% ao ano, enquanto o segmento LGBT em si cresce muito mais: 10,2%. Os números passam da casa dos bilhões! Mesmo assim, o Brasil ainda não sabe aproveitar. Diferente de outros lugares que abraçam cada vez mais a ideia de ser Gay Friendly.
Pixabay
Turismo Étnico – Envolve a interação e atividades com locais, desde visitações até a participação em rituais tradicionais. A ideia é vivenciar o modo de vida de grupos étnicos como as comunidades indígenas e quilombolas. Assim como em outros tipos de turismo, também preza as raízes, costumes e tradições. Entre as opções estão desde clássicos como o Parque Indígena do Xingu (MT), considerado a maior e uma das mais famosas reservas indígenas do mundo, a vários destinos do Nordeste, com destaque para a Bahia que investe na modalidade.
Turismo Místico e Esotérico – Não deve ser confundido com o Religioso. Envolve atividades turísticas decorrentes a busca da espiritualidade e autoconhecimento em práticas, crenças e rituais considerados alternativos. É o caso da meditação e energização. Entre os destinos mais buscados estão São Tomé das Letras (MG), Chapada dos Veadeiros e Alto Paraíso (GO), Sana e Visconde de Mauá (RJ), Cusco e Machu Picchu (Peru), Ilha de Páscoa e Deserto do Atacama (Chile) e Sedona, no Arizona (EUA).
Turismo Religioso – Também focado na busca espiritual, neste caso é relacionado as religiões institucionalizadas. Tais como afro-brasileiras, espírita, protestantes, católica, as de origem oriental, compostas de doutrinas, templos, rituais e sacerdócio. Engloba visitação de lugares, peregrinações, participação de celebrações e retiros espirituais. O Brasil tem um amplo leque de opções, como a Bahia, Minas Gerais, São Paulo. No exterior os destaques são o Vaticano/Itália, Tibet, Índia, Japão, China, Portugal, Israel e o Caminho de Santiago de Compostela.
Turismo Sol e Praia, de Serra/Montanha e de Neve – Cada um com sua característica, são focados no estilo de um destino. No primeiro caso, temos a região do Nordeste brasileiro em destaque, já que ela se consagrou nesta modalidade. Já para o segundo, regiões brasileiras como Campos do Jordão, Serra da Mantiqueira, Serras Gaúchas e Monte Roraima. E, no exterior, a Cordilheira dos Andes, Montanhas Rochosas, Everest, Kilimanjaro e Alpes Suíços. Este último também adequa-se a terceira modalidade, neve. Assim como inúmeros destinos nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Entre nossos vizinhos os destaques são Argentina e Chile – e suas estações de esqui.
Pixabay
Turismo Social – Neste estilo de turismo a prática envolve conhecer o mundo por meio de trabalho voluntário. Há projetos aldeias rurais, orfanatos e santuários de animais. Entre as possibilidades de destinos estão África do Sul, Índia e Tailândia.
.
Foto do destaque: Shutterstock
Fotos: Astroturismo/ Turismo da Nova Zelândia e Maraturismo/ Thiago Dizz
.
*Texto criado pela jornalista para o portal Yahoo! e aproveitado aqui
