O conhecido artista urbano Eduardo Kobra realizará em São Paulo, no segundo semestre de 2017, o 1º Chalk Festival Brasil, no Memorial da América Latina. Ele assinará a curadoria do Festival ao lado de Denise Kowal, criadora e diretora do Sarasota Chalk Festival, principal evento de 3D no mundo, que este ano chegou a sua décima edição. Para anunciar o evento, Kobra fez na Praça Cívica do Memorial da América Latina, em frente à escultura “Mão”, de Oscar Niemeyer, duas obras em 3D: “Biblioteca” e “Abismo”. As obras foram realizadas em giz e tintas solúveis em água que não causam nenhum dano ao patrimônio.
Segundo ele, participarão do evento cerca de 100 artistas brasileiros e internacionais, sempre com obras em giz ou tintas solúveis em água, que são “apagadas” logo após o término do evento, que terá uma semana de duração. Dez muralistas – entre eles o próprio Kobra – participarão do evento, pintando containers. Além dos trabalhos em 3D, os artistas farão palestras no Memorial, compartilhando suas técnicas e experiências. Cada artista trará uma obra – tela ou escultura – para ser exposta na Galaria de Arte do Memorial. Ao final, essas obras serão leiloadas e parte do dinheiro arrecadado será destinado a uma ou mais instituições assistenciais.
Eduardo Kobra diz que a “Biblioteca” foi um desenho que já fez para o primeiro Chalk Festival de que participou, em 2011. “Além de ser uma pintura que permite muita interação com o público, trata de um tema fundamental: precisamos de mais leitura e de mais bibliotecas, bem equipadas e gratuitas, em nosso País”, afirma. “Já o outro 3D, ‘Abismo’, reflete muito da realidade atual do Brasil. Estamos à beira do precipício, mas é possível escapar ou mesmo não cair dentro dele”, disse.
Paixão pela técnica 3D
A primeira obra em 3D de Eduardo Kobra foi realizada em junho de 2009, em uma calçada da capital paulista. O palco ou a tela foi um ponto nobre da cidade: a Praça Patriarca, em frente ao Viaduto do Chá, no centro histórico de São Paulo. Kobra pintou um carro antigo, resgatando um cenário do local.
Kobra já realizou dez ações em 3D em diferentes cidades brasileiras. No ano passado, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, fez uma cama em 3D para “falar” sobre a questão dos moradores de rua.
O artista urbano se apaixonou, em 2007, pela misteriosa técnica da pintura em 3D, também conhecida como “anamórfica” ou “ilusionística”. Durante dois anos estudou a técnica intensamente, especialmente os trabalhos do norte-americano Kurt Wenner e do inglês Julian Beever.
“É fascinante fazer em locais com grande movimento de pessoas. A arte em 3D nas ruas dá às pessoas não apenas a oportunidade de interagir com a obra, mas também de acompanhar o processo de criação do artista”, finaliza.
Fotos: divulgação