Sabe o ditado “a primeira vez a gente nunca esquece?”. Pois bem, minha estreia na Alemanha – e na Europa! –, exatos dez anos atrás quando ainda cursava o Jornalismo, foi na encantadora cidade de Colônia. Desde então, apesar de Berlim ter se tornado minha paixão, o destino pertencente ao estado Renânia do Norte-Vestfália tem lugar especial na memória e no coração. E vou mostrar aqui que não é em vão. Vamos lá? Venha com nosso fusca conhecer essa metrópole cosmopolita e multicultural, cujo centro histórico e a famosa catedral atraem turistas o ano inteiro.
Com localização privilegiada, no coração da Europa às margens do Reno, que até hoje tem papel importante na cidade,há inúmeras possibilidades de conhecê-la. Seja através de um passeio panorâmico de barco, de bicicleta ou caminhando, Colônia vai te prender atenção. Tanto por sua beleza, quanto pela alegria de viver. E é esse combinado que conquista.
Cidade grande mais antiga da Alemanha, sua história de 2.000 anos, que pode ser vista por todos os cantos,a transformou no que é hoje: um destino pujante, cheio de vida e dinamismo, com uma atmosfera sem igual. Conhecida por grandes eventos, como o lendário Carnaval, é também muitíssimo forte culturalmente, com inúmeros museus e galerias, bem como por sua gastronomia inconfundível e a típica cerveja Kölsch. Tudo isso coroado com o jeitinho Colônia de receber, onde hospitalidade e irreverência andam juntas.
Patrimônio mundial da Unesco e uma das atrações mais visitadas da Alemanha – anualmente são mais de seis milhões de pessoas –, a Catedral de Colônia é uma obra-prima da arquitetura gótica. Centro dos acontecimentos e símbolo da cidade, sua silhueta, ao lado da igreja Groß. St. Martin e da ponte Hohenzollernbrücke, domina o famoso panorama do Reno. Esse novo estilo, que bem mais tarde passaria a ser chamado de “gótico”, vinha da França, e era encontrado em suntuosas igrejas, como a Notre Dame. Os habitantes de Colônia, no entanto, também queriam ter algo assim, só que, claro, muito maior, alta e mais bonita.
Considerada a segunda maior catedral da Alemanha e a terceira maior do mundo, não é só o tamanho que impressiona. A fachada oeste, com suas duas torres de 157,22 metros de altura, é o elemento mais marcante. E garantem também um panorama incrível. Consagrada a São Pedro, a imponente catedral tem como um dos destaques internos um santuário dourado com os restos mortais dos Três Reis Magos, o que a tornou um dos mais importantes destinos de peregrinações do continente europeu.
Outros objetos inestimáveis encontram-se na câmara do tesouro, entre eles o bastão e a corrente de São Pedro, ou ainda a Cruz de Gero, o mais antigo exemplar de um crucifixo produzido no norte da Europa do qual se tem conhecimento. Os vitrais nas janelas, os entalhes em madeira no coro e a pinturas do século 14 também merecem atenção do visitante. Desde 2007, a janela criada pelo artista da cidade, Gerhard Richter, acrescentou mais uma atração ao local – uma composição instigante de quadrados coloridos.
Além da catedral, as 12 grandes igrejas românicas que representam a “Santa Colônia” deixam impressões inesquecíveis ao destino. Há inúmeras lendas em torno da origem desses santuários situados em uma área relativamente pequena ao longo das antigas muralhas da cidade. Vale a pena ver principalmente a St. Maria imKapitol, construída entre 1040 e 1065.
Circuito cultural e artístico
Com 42 museus e mais de 120 galerias, Colônia atende todas as expectativas. Entre os destaques está o incrível Museu Ludwig que, com seus Warhols e Lichtensteins, abriga a maior coleção de arte pop fora dos Estados Unidos, bem como o terceiro maior acervo de Picasso – gravuras, esculturas e pinturas – em todo o mundo. Situado à sombra da catedral e fundado em 1976, também conta com uma coleção bastante completa da vanguarda russa e obras importantes do surrealismo, do expressionismo e da pintura dos anos de 1920 na Alemanha.
Outras opções são o Römisch-Germanisches, museu romano-germânico com testemunhos de 2.000 anos de história; o Wallraf-Richartz, com arte da Idade Média até o século 19 – o que vale para uma extensa coleção de obras impressionistas, e o museu de arte da arquidiocese da cidade, Kolumba, uma obra arquitetônica extremamente moderna que apresenta arte sacra ao lado de trabalhos contemporâneos, por isso sendo chamado de “museu da reflexão”.
No departamento de design do MuseumfürAngewandteKunst (museu de arte aplicada), inaugurado em 2008, clássicos do século 20 estão expostos na famosa coleção de Richard G. Winkler: luminárias, móveis e objetos do cotidiano criados por ícones como Piet Mondrian, Dieter Rams ou Philippe Starck. No moderno Centro Cultural Neumarkt se encontra o museu Rautenstrauch-Joest dedicado ao tema Culturas Mundiais, enquanto o museu Schnütgen apresenta arte medieval.
O que mais gostei, por motivos óbvios, o Museu do Chocolate não é só para quem gosta de doce. Ele é bem interessante mesmo. Com cerca de 2.000 objetos expostos é uma experiência bem bacana, já que proporciona uma viagem através dos 3.000 anos de história da cultura do chocolate. Na ponta do museu, a atração principal: a produção. Distribuída por dois andares, o visitante pode ver ali como as barras, trufas e figuras ocas são fabricadas. Já na entrada, há uma fonte de chocolate de três metros de altura, pela qual corre o chocolate quente derretido – e o melhor é que todos os visitantes podem mergulhar nela um biscoito para provar o conteúdo. Que já adianto a vocês é uma delícia. Para mim o chocolate alemão, em especial o Ritter Sport, é o mais gostoso que já comi.
Quem quiser apenas descansar um pouco, encontra um dos parques mais bonitos da cidade, o Rheinpark, no lado direito do Reno. Mas não sem antes aproveitar para ver um dos mais belos panoramas do centro histórico de Colônia e da Catedral, do alto da plataforma de visita do KölnTriangle, a 100 metros de altura. Com sorte do bom tempo, talvez se possa ver até Düsseldorf.
Mas ficar parado por lá é quase que um crime. Se por si só já se trata de um destino muito ativo, some a isso o fato que o calendário de eventos é movimentadíssimo. São muitos os concertos, exposições, festivais e muito mais. E, tem claro, o famoso Carnaval de Colônia, que transforma a cidade numa loucura total e permite que seus visitantes descubram alguns aspectos interessantes dos costumes locais.
Assim como a catedral e o Reno, o carnaval faz parte de Colônia. Todos os anos, pontualmente às 11 horas e 11 minutos do dia 11/11, ele começa. Entre o Ano Novo e Quarta-Feira de Cinzas a cidade é um fervo só, são mais de 600 eventos! Sendo que o ponto alto ocorre durante a semana da segunda-feira de carnaval. A única ordem é: quanto mais maluquice, melhor. Um calendário detalhado das festas, como todas as datas, informações e endereços das sociedades carnavalescas é publicado pelo turismo local na abertura oficial da estação de festas.
No outono, as instituições culturais convidam a participar de suas “longas noites”: durante o evento “Theaternacht” (a noite do teatro), Já quando ocorre a “Musiknacht” (noite da música), são as casas de show e instituições musicais que apresentam desde música clássica até contemporânea, jazz e pop. Em novembro e dezembro, Colônia brilha com as luzes do Natal: sete grandes feiras convidam para um passeio agradável e compras. Os concertos festivos natalinos, os passeios de barco no Reno durante o advento, e as visitas aos presépios completam as atrações durante esse período. Já no verão, a pedida é relaxar e uma das “praias” do Reno.
Essa alegria da cidade, e isso durante o ano inteiro, é resultado também dos muitos bares nas redondezas das praças AlterMarkt e Heumarkt, e das grandes cervejarias espalhadas por todo o centro histórico. Nelas, além das especialidades da região, litros e mais litros da típica cerveja da cidade, a “Kölsch”, são servidos sem parar. Nos fins de semana, principalmente, bairros como Friesenviertel, BelgischesViertel, Südstadt, KwartierLatäng, e cada vez mais em Ehrenfeld, originalmente uma área industrial, são tomados por moradores e visitantes. Uma surpresa frequentemente agradável são os preços, em geral bem razoáveis para uma cidade desse porte.
A Kölsch
Nunca gostei de cerveja, mas na Alemanha é até ofensa não tomar. E em Colônia não se trata apenas de ser a cerveja local, mas é a expressão de um modo de viver. Kölsch é o único idioma que se pode beber. Fermentada pelo método clássico em que a levedura sobe para a superfície, é servida em copos estreitos tradicionais. Acompanhada de uma típica refeição da Renânia, esta cerveja faz parte de Colônia, assim como a catedral, o Reno e o carnaval.
E por falar em gastronomia, uma boa pedida é o “HalveHahn”, um sanduíche de pão Roggenbrötchen, com queijo Gouda e um pouco de cebola e mostarda. Outras especialidades são “KölscheKaviar” (uma salsicha tipo morcela, com cebolas), “Rievkooche” (batata rosti), e, o imperdível Eisbein, ou joelho de porco, que lá se chama “Hämmche”. Depois de visitar uma cervejaria, é fácil entender por que a cerveja, o dialeto e jeito de viver nessa cidade têm o mesmo nome – ou seja, Kölsch.
Não, não esqueci das famosas comprinhas que brasileiro tanto gosta de fazer e que em Colônia é um prato cheio, já que se trata de uma das metrópoles comerciais mais procuradas da Alemanha. Há opções para todos os bolsos e gostos – desde tendências populares até individuais. A rua HoheStraße, que começa bem junto à catedral e era a via de ligação entre Roma e Xanten durante a ocupação romana, tornou-se a primeira zona de pedestres da Alemanha, em 1967. Ao longo de aproximadamente um quilômetro, as lojas de moda e joalherias concentram-se lado a lado.
Mas, a via comercial mais badalada, é a Schildergasse, continuação da HoheStraße. Não só tem uma oferta variada de lojas, mas também atrações arquitetônicas. Uma delas é a Weltstadthaus, cujas linhas do prédio lembram uma grande baleia, por isso, desde sua inauguração, em 2005, foi apelidado pelos habitantes de “Walfisch” (baleia). Na divisão entre a HoheStraße e a Schildergasse, você encontra a loja de departamentos Galeria Kaufhof, com 36 mil m² de área de venda, é a maior do gênero em Colônia e a segunda maior da Alemanha.
Partindo da Schildergasse, chega-se às ruas Mittelstraße e Pfeilstraße, que concentra mais de 70 luxuosas lojas de moda, acessórios e joalheria. A principal atração fica por conta da “Apropos“, uma das mais exclusivas de Colônia. Nessa Concept Store, o cliente encontra uma seleção das melhores marcas distribuídas por 3.000 m². Já a Ehrenstraße tornou-se o ponto de encontro do público mais jovem desde a década de 1960. A rua concentra uma mistura interessante de lojas de moda e sapatarias extravagantes, livrarias com um sortimento completo e modernos cafés.
Dica Travelpedia – Europa de carro
Ao viajar de carro, é importante estar atento as sinalizações das vias. Na Alemanha, por exemplo, muitas cidades definiram zonas ambientais nas quais só podem circular veículos que atendam a determinados padrões de emissões e estejam identificados com uma etiqueta de uma determinada cor. No mais, trata-se de um país super convidativo para roadtrips com excelentes estradas e sem pedágios. Por essas razões é muito confortável viajar com um carro alugado por lá. Você encontra o carro certo para sua viagem, por exemplo, nas agências da Europcar, maior locadora de automóveis da Europa! Só na Alemanha são 560 lojas ou pontos de atendimentos, sendo 41 deles 24 horas. Além de 78 parceiros de suporte. A empresa conta com uma ampla variedade de frota. Que por sinal conta sempre com carros novos e lançamentos.
Fotos: Pixabay, Commons e divulgação