“Não é agradável aqui?!”. Essa é a expressão mais comum que os moradores de Mülheim an der Ruhr escutam, nesta que é uma das menores cidades da Alemanha. Na região administrativa de Düsseldorf, estado da Renânia do Norte-Vestfália está bem conectada com inúmeros destinos, como, por exemplo, a menos de 60 quilômetros de Colônia, que falamos recentemente aqui no Travelpedia. Quem perdeu é só clicar aqui!
Mülheim é a única cidade da chamada Área do Ruhr em que o rio realmente corre através da região central, uma espécie de oásis em meio ao urbano. De quebra, tudo está próximo, o que é ótimo para quem gosta de conhecer um lugar caminhando ou de bicicleta. São vários quilômetros de trilhas. Seja em terra ou na água, você querendo vivenciar experiências culturais ou apenas relaxar, sempre se estará no lugar certo.
É inevitável não se sentir em casa de tão agradável. Ainda mais frente ao fato que o povo local é muito hospitaleiro e amigável. Uma vez que a conversa começa com um “de onde você é?” ela flui que é uma beleza. Então aproveite o centro histórico, as casas de madeira, os beer gardens (jardins de cerveja) e os cafés de rua que irão te fazer se sentir como em uma piazza italiana. Mülheim oferece de tudo, de restaurantes gourmets de alta classe a quiosques de bratwurst e batata frita.
Seu cenário atual em nada lembra o de mais de duas décadas atrás. Apesar de ter sido quase que completamente destruída pelos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, sua transformação mais marcante veio muitos anos depois de ser reconstruída. Mais precisamente em 1992, quando passou por uma revitalização. Foram sete quilômetros de área renovada, muito verde e novos pontos transformados, com isso, muito do ar industrial ficou para trás. Contudo, ainda mantém essa herança viva.
Com o fechamento de grande parte das instalações industriais ligadas à mineração, a região ganhou atrações turísticas em espaços muitas vezes reformados e adaptados. É o caso da nossa primeira dica, a torre de água convertida na Câmera Obscura. Com um alcance de 30 quilômetros, os espelhos da câmera só funcionam com luz solar.
Originalmente construída em 1904, era parte importante da área ferroviária que perdeu sua importância durante um ataque de bomba em 1943. Felizmente a torre se manteve intacta. A maior Câmera Obscura em estilo “walk-in” do mundo foi instalada nela em 1992, ano em que a cidade sediou um show de jardinagem regional chamado MüGa. O evento foi fundamental para essa transformação em áreas industriais de Mülheim. O primeiro andar do Museu da Pré-História do Cinema é dedicado à temática “luzes e sombras”. Nele se conhece o start da experiência de imagem com os teatros de sombra, objetos que são influenciados pela luz ou incríveis transparências que mostram uma estreita interação entre luz e percepção.
Já o segundo leva a primeira imagem movida na história! Ali se aprende que o desenvolvimento da tecnologia foi influenciado pelas descobertas das legalidades físicas – as invenções e os equipamentos tornaram-se cada vez mais imaginativos, e as possibilidades de implicar o movimento no quadro fixo tornaram-se mais explícitas. Jogos de sombras, lanternas mágicas, peep-boxes, caleidoscópios e taumatrópios – quem não conhece ao menos um desses brinquedos óticos que costumava entreter crianças em séculos passados? Eles estão lá expostos e proporcionam uma encantadora viagem no tempo. Inevitável não ser tomado por uma sensação saudosa de uma infância que não era dominada por objetos tecnológicos.
Sobre os vestígios desta história precoce da imagem em movimento, o visitante será confrontado com todos estes “divertimentos ópticos” sob a forma de exposições fantásticas da coleção “S” de KH.W. Steckelings. Eles são a base do museu e explicam, com sua completa documentação, “como as imagens aprenderam a se mover”. Mas o espaço não para por aí e oferece muito mais: existem 14 estações diferentes de tópicos onde o visitante não apenas pode ver os artefatos históricos, mas pode experimentar réplicas em exposição e descobrir fenômenos ópticos.
No terceiro andar, localizado na cúpula da torre, o visitante pode ver peep-boxes – que por muito tempo espalhou notícias –, o prenúncio da fotografia e, claro, a maior câmera obscura “walk-in” do mundo! O princípio da técnica já havia sido descrito por Aristóteles no quarto século antes de Cristo. E, durante os séculos foi construído de muitas maneiras diferentes. Como, por exemplo, uma câmera obscura para viagens, que dava ao viajante a oportunidade de desenhar esboços mesmo sem qualquer talento. A apresentação da Câmera Obscura na superfície de projeção da cúpula da torre é o grande final de uma visita divertida e instrutiva ao Museu da Pré-história do Cinema.
Um dos panoramas proporcionados é justamente do parque MüGa, que também vale sua atenção. É lindo! Ele oferece atrações para toda a família e promete horas de relaxamento em meio à natureza. Na área, de cerca de 70 hectares, há playgrounds, jardins, espaços tranquilos e peças de arte. Eventos especiais durante o verão adicionam ainda mais encantos ao parque, como é o caso, por exemplo, de um mercado medieval repleto de comes e bebes.
Ainda na linha de passeios imperdíveis, está a Wasserbahnhof, estação localizada na pitoresca Lock Island. Os barcos da empresa White Fleet partem deste ponto para suas viagens rumo a Essen-Kettwig. Experiência essa do tipo “must do” de quem visita a cidade. São 14 quilômetros de rio que rendem momentos incríveis. O edifício da estação dos anos 1920 assemelha-se a um destes barcos e tem uma tradição longa e conhecida em Mülheim. O tradicional Franky’s, restaurante e beer garden, é um convite irrecusável para relaxar e desfrutar.
Bem como o Castelo de Styrum, uma joia no norte de Mülheim, foi mencionado à primeira vez em um documento de 1067. Por muito tempo de propriedade dos condes de Limburg-Styrumm, em 1890, August Thyssen comprou o pequeno castelo. Como tantas partes da cidade, foi renovado durante o MüGa. Hoje, abriga um restaurante, uma casa de repouso e algumas salas de trabalho para artistas. Apesar de compacto é adorável e os visitantes também podem encontrar uma antiga torre de água que se tornou lar do museu aquático “Aquarius”. São 14 andares com 21 tópicos onde o visitante pode vivenciar – de forma interativa – a diversidade da água.
Aos que não abrem mão de umas comprinhas, muitas lojas espalhadas pela cidade oferecem produtos de qualidade e bom serviço. Isso sem contar que resistir a um sorvete ou um expresso em um dos numerosos cafés será difícil. Entre as opções de onde ir estão o Rhein-Ruhr Zentrum, centro comercial construído em 1973 como o primeiro grande shopping center na Alemanha. Com suas 200 lojas, um moderno cinema, boliche e centro de entretenimento oferece uma ampla gama de oportunidades para compras, restaurantes e lazer. E o FORUM Mülheim Shopping Mall, perto da estação principal, que oferece instalações ideais para um grande passeio de compras. São cerca de 100 lojas e uma grande variedade de produtos. Restaurantes e um cinema multiplex complementam as ofertas do shopping.
No quesito entretenimento também sobram bons lugares para curtir. Entre eles estão o Theater na der Ruhr, fundado em 1980. Bem conhecido na Alemanha e no exterior está situado numa edificação que antes abrigava o Spa Raffelberg. E o Ringlokschuppen, inaugurado em 1992, no antigo local do Mülheim Regional Garden Show, o MüGa. O antigo depósito de trem foi transformado em um local interessante para teatro, concertos e shows. A antiga plataforma giratória das locomotivas agora serve de palco ao ar livre.
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*A jornalista viajou a convite do Centro de Turismo Alemão (DZT), voando Lufthansa e coberta com a proteção do seguro-viagem April – Coris.
Fotos: arquivo pessoal/Carolina Maia