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Aventura pela Chapada dos Guimarães

Pequenas árvores com caules retorcidos e arbustos dispersos em um grande tapete verde de capim e grama tão comuns no Cerrado não são associados a um lugar de beleza rara no imaginário popular, mas quem anda pelo interior do Mato Grosso, tem uma opinião diferente por conhecer a magnífica Chapada dos Guimarães.

Distante aproximadamente 70 km da capital Cuiabá, a cidade de Chapada dos Guimarães e o parque de mesmo nome são o local perfeito para qualquer turista, pois conta com opções que irão agradar tanto quem busca tranquilidade quanto os amantes de aventura e adrenalina. 

© Kate Azevedo

Situada sobre uma das placas tectônicas mais antigas do planeta, a Chapada já foi deserto, mar, geleira e casa de dinossauros há milhares de anos e, atualmente, é conhecida como paraíso ecológico graças a sua extravagante estrutura montanhosa (são 811 m de altitude) e inúmeras cachoeiras. O parque nacional conta com mais de 480 quedas d’água, rios, sítios arqueológicos e paleontológicos, cânions e formações rochosas espalhados por 32.630 hectares, então atração não falta! 🙂

Apesar de ofertar paisagens únicas e ser extremamente bem localizada, frente às demais concorrentes em solo nacional, a região ainda é pouco visitada, algo que o Programa Investe Turismo, iniciativa conjunta entre Ministério do Turismo, Embratur, Sebrae/MT e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, tem intenção de mudar. A ação investirá R$ 1,9 milhão para melhorar o atendimento nos estabelecimentos e acesso a novos mercados por meio da divulgação de diversas regiões turísticas em Mato Grosso, entre as quais a Chapada. 

Aura mística

© Kate Azevedo

Cachoeiras e montanhas deslumbrantes pontilhadas por cânions e nascentes perfeitamente integradas a flora e fauna dão a Chapada dos Guimarães aquele toque enigmático e cheio de energia tão apreciado por esotéricos e adoradores da natureza. E o mais legal: a maioria deles (e seus mirantes) podem ser alcançados por meio de trilhas – sem sombra – feitas a pé ou de bicicleta.

Na verdade é quase impossível não se impressionar com as escarpas dos paredões de arenito que se estendem por 157 km, sendo melhor apreciados a partir da Cidade de Pedra,  que fica no topo das falésias logo acima do Vale do Rio Claro. Para ter acesso é necessário contratar um guia e se preparar para caminhar quase 2 km. Mas fique tranquilo, o trajeto tem paradas estratégicas para tomar um ar enquanto contempla formações rochosas curiosas esculpidas pela chuva e pelo vento ao longo do tempo. 

© Kate Azevedo

Mais alguns passos adiante e você ficará cara a cara com um incrível mirante de onde se vê os paredões serpenteados por vegetação nativa e um horizonte sem fim. Todas as nuances do cerrado, o caminho das águas dos rios e cachoeiras, se tornarão pequenos detalhes assim como nós passamos a ser. A imensidão integrada ao sons das aves que sobrevoam o cânion dão um toque especial a uma das paisagens mais marcantes da região. Vai por mim, essa imagem ficará na sua memória pelo resto dos seus dias!

De lá continue o passeio até o Vale do Rio Claro para admirar a Chapada do Guimarães por um outro ângulo ao mesmo tempo em que observa os campos típicos, os peixes e as ervas, além de tomar banho nos poços da Anta e Verde. Após o mergulho, foco total na subida à Crista do Galo, uma formação rochosa que permite panorâmica do topo até base das falésias. No fim da tarde, volte a cidade e aproveite o centrinho e seus prédios históricos, restaurantes e lojinhas de artesanato, como a do Grupo Bordadeiras. 

Berço das águas

© Kate Azevedo

O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães preserva o bioma Cerrado e protege sítios arqueológicos, além de ser uma espécie de berçário das águas no País, uma vez que a região de nascentes de três bacias hidrográficas: Amazônica, Araguaia e Prata. E mesmo com tamanha importância, ainda assim, a entrada é gratuita.

Estão abertos para visitação o Mirante do Véu de Noiva, Cachoeira dos Namorados e Cachoeirinha, Circuito das Cachoeiras, Casa de Pedra, Morro de São Jerônimo e a já mencionada Cidade de Pedra. Com exceção dos três primeiros, o restante precisa de agendamento prévio com guias autorizados. 

© Arquivo Sebrae/MT

O acesso ao Mirante do Véu de Noiva é através de uma trilha autoguiada de cerca de 550 m que não requer preparo físico. Vale a pena enfrentar o declive e o sol forte para se maravilhar com a queda d’água de 86 m de altura formada pelo Córrego Coxipozinho.

A atração é foto garantida no Instagram de qualquer um que passa por ali, visto que é cercada por um paredão de arenito vermelho em forma de ferradura e lar de inúmeras araras vermelhas e azuis, ambas ameaçadas de extinção. E, apesar da mudança atual do aplicativo, vai render uma chuva de likes.

© Kate Azevedo

A Cachoeira dos Namorados e a Cachoeirinha também não necessitam de acompanhamento de condutor credenciado facilitando a vida dos visitantes. A trilha para alcançá-las parte da mesma portaria do Véu de Noiva e tem apenas 1,2 km. Basta preencher o Termo de Conhecimento de Risco e se preparar para um delicioso banho. Fica a dica: nenhum desses locais possui estrutura de restaurante ou banheiro, ou seja, leve seu lanche e segure o xixi ou vá no matinho. 😉

Como o parque fecha às 17h, aproveite para ir ao mirante Alto do Céu para curtir um  pôr-do-sol verdadeiramente maravilhoso. A entrada custa R$ 20, porém o passeio vale a pena. Não quer admirar a paisagem? Faça um ensaio fotográfico. Que tal um vinho e petiscos no deck do mirador? Ali você pode ter isso, basta pagar um pouco a mais e combinar tudo com os responsáveis pelo local.

Líquido sagrado

A Chapada dos Guimarães guarda muitos títulos com destaque para o de Centro Geodésico da América do Sul, que significa ser um ponto equidistante entre os Oceanos Atlântico e Pacífico, entretanto a que mais me chama atenção é a sua importância em relação às bacias hidrográficas, pois todos sabemos que a água é um recurso essencial para a vida na Terra. E a vida pulsa dentro do parque!

Podemos constatar essa afirmação fazendo o Circuito das Cachoeiras, que é formado pelo córrego Independência e conta com seis quedas d’aguá: Sete de Setembro, Pulo, Degraus, Prainha, Andorinhas e Independência. Achou pouco? Entre as duas últimas da lista há piscinas naturais. 😉

As trilhas desse roteiro possuem declives e pedras soltas que requerem atenção. No entanto, vale salientar que, não é necessário ser nenhum atleta para concluir o percurso, talvez um pouco mais de tempo de parada entre uma atração e outra sejam suficientes. Em média, gasta-se de 5 a 7 horas para realizar o passeio.

Com exceção da Cachoeira da Independência, todas as demais são liberadas para banho. Siga meu conselho e mergulhe em todas as que puder, porém tire os óculos para não perdê-los como eu. Que burra! Dá zero pra ela. 🙁 

O choque térmico entre o corpo suado e a água gelada pode te deixar receoso, mas enfrentar o medo vai te dar uma das melhores sensações do mundo. É como se aquela água fosse realmente milagrosa e tirasse todas as vibrações ruins de quem se atreve a experimentá-la. Só Deus sabe quanto eu precisava disso… A paisagem é tão bonita que você perde a noção do tempo e esquece até do calor enquanto tira milhares de fotos. 

Vagando pelos arredores

© Kate Azevedo

Não é só o parque que reserva surpresas. Há outros lugares incríveis como a Caverna do Aroe Jari e suas pinturas rupestres e a Lagoa Azul. Infelizmente só pude conhecer uma atração fora, o Restaurante e Mirante Morro dos Ventos, que fica a mais ou menos 1 km da cidade, bem na borda do precipício.

Depois de me deliciar com alguns dos pratos típicos cuiabanos, como a galinhada (arroz preparado com galinha, pequi, tomate, cebola e temperos) e o Arroz Maria Isabel (feito com carne seca), aproveitei para ver de perto a belíssima vista.

Do miradouro é possível ver a cidade de Cuiabá, o Vale do Rio Claro, a lateral dos paredões da Chapada e as planícies que se esticam até se transformar no Pantanal. 

Tirei alguns minutos para recuperar o fôlego, não porque havia comido demais, mas por ter ficado encantada com a paisagem. Sentei-me para apreciar os contornos das montanhas e ver as nuvens abaixo de nós enquanto pensava na sorte de ter acabado de conhecer a Disneylândia dos aventureiros.

Foto do destaque: Mirante do Véu de Noiva  (© Arquivo Sebrae/MT)
*TRAVELPEDIA viajou através do Programa Investe Turismo, iniciativa conjunta entre o Ministério do Turismo, Embratur, Sebrae Mato Grosso e Secretaria Adjunta de Turismo do Estado do Mato Grosso. 

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