Os últimos meses foram movimentados para o Frank Bar, no Maksoud Plaza Hotel. Além de ganhar novamente prêmios de Melhor Coquetelaria e Melhor Bartender de São Paulo, o bar, comandado por Spencer Amereno, garantiu um lugar na lista dos 100 melhores do mundo do World’s 50 Best Bars. Depois de um ano coroado por conquistas, como se reinventar?
Para enfrentar o desafio, do tamanho de um Godzilla, pode-se dizer – Amereno, voltou-se para o leste: a tradicional coquetelaria japonesa dita o tom da nova carta de drinques do bar. “A coquetelaria carrega muitas similaridades com as ciências químicas, e isso é ainda mais perceptível quando falamos dos mestres japoneses. Para eles, um bom drinque exige não só o conhecimento profundo dos ingredientes utilizados, mas um fino equilíbrio dos sabores e a aplicação de uma técnica refinada”, explica ele.
Outro ponto que caracteriza a coquetelaria japonesa é a precisão: cada movimento executado pelo bartender tem uma razão. Na nova carta, essa concisão se revela em todos os detalhes. O Volume IV chega mais enxuto, trazendo 15 drinques, sendo 7 exclusivos. O cardápio faz alusão a um magazine japonês, justamente para que os apreciadores entrem ainda mais no clima dessa concepção.
E tanto as criações da casa quanto as releituras foram desenvolvidas após uma série de estudos e testes até agradarem o maior crítico de todos: o próprio Spencer Amereno. As exclusividades ficam por conta de A Dog Named Daiquiri, Rum Havana Club 7, geleia de umbu, limão galego e sponge cake de abacaxi; Brace, Chivas 12, Tokaji Dry, maçã verde, avelã e limão tahiti; Seso Cobbler, Real Tesoro Fino, amêndoas, manteiga de caju e kincan; e Tutua, Tequila Blanco, fassionola, Frank’s spices, limão tahiti e laranja bahia. O destaque das novas composições vai para as decorações inusitadas, desde sponge cake até vidro comestível e cone doce de bagaços.
Já as releituras trazem um charme a mais para essa carta. Há, por exemplo, o Orgeat Punch, inspirado no Bon-Vivant´s Companion (Jerry Thomas/1862), que é servido numa xícara punch. Completam a lista de inspirações o Algonquin Cocktail, lançado em 1930 pelo hotel Algonquin (New York, EUA), feito com Bourbon, Dolin de Chambery Dry Vermouth, xarope de casca de abacaxi e Green Carthusian Bitters; o Bloodhound, de autoria disputada, já que há alguns registros, mas aqui os créditos ficam para William Bothby e seu livro “World Drinks” de 1907; Hannibal Hamlin, resgatado da publicação “The Flowing Bowl: How and What to Drink” de William Schmidt, que ficou conhecido como o primeiro Bar Chef a inventar seus próprios drinques; e o Golden Heat, extraído do International Guide To Drinks by United Kingdom Bartenders’ Guide.
E alguns já conhecidos do público retornam no cardápio de 2018: Dead Habit, Mamie Taylor, Hawaiian Room, Improved Whiskey Cocktail, Maverick Negroni e Ataraxia. Além das comidinhas, que são um atrativo à parte. No cardápio há opções para todos os paladares: burgers, sanduíches, hot dogs, porções, sopas, tábuas de frios, especiais gourmet e sobremesas deliciosas.
O encontro de sabores é um convite para estar com quem se gosta. Esse é o princípio da filosofia Ichigo Ichie e é o que Spencer e sua equipe querem trazer para o Frank Bar, além da hospitalidade japonesa, que tem foco no cliente e fazê-lo sair um pouco mais feliz do que ao chegar.