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O que é que Noronha tem? Um relato sobre o badalado destino! – Parte 1

Oi, tudo bem? Meu nome é Kate Azevedo. Sou jornalista e, como quase todo ser humano, amo viajar. Já visitei alguns lugares por esse “mundão de meu Deus” e, por isso, os queridos amigos Roberto e Carolina Maia, líderes do TRAVELPEDIA, cederam gentilmente esse espaço da categoria Pitacos para que eu possa tentar contribuir com dicas sobre a difícil tarefa de sair por aí (muitas vezes sem rumo definido) munida apenas de uma grande cara de pau e meia dúzia de roupas. Vamos lá? Então, partiu! 😉

De cara já vou começar respondendo a questão que dá título a este relato “O que é que Noronha tem?”: Tem praias paradisíacas, paisagens únicas, pessoas incríveis e aventura para todos os gostos com um preço alto, mas que dá sim para pagar se você se planejar. E é justamente isso que vou contar, confira!

Neste carnaval fui para o badalado arquipélago de Fernando de Noronha, Pernambuco. A ilha sempre pareceu um sonho distante para mim e, creio que para 90% dos brasileiros. Como o ano de 2019 não nos presentearia com muitos feriados, minha chance de conhecer a “joia brasileira” estava restrita a esse período.

© Pixabay

Iniciei a busca por pacotes em sites de viagem em meados de setembro do ano passado até que encontrei uma promoção que se encaixava no meu orçamento (e, de quebra, ainda dava para dividir em suaves prestações). Ou seja, perfeito! Mas, aqui vai uma espécie de Spoiler Alert”: antes da data do embarque, aproveitei para reservar alguns passeios, pois já sabia que lá tudo seria bem mais caro. E é!

Fui para lá no último dia 28 de fevereiro ou o “dia em que percebi que preciso ganhar mais”. Fica a dica, chefe! A Azul foi a companhia aérea escolhida, até porque não tem muitas opções para chegar em Noronha: se não fosse a Azul teria que ser a GOL. Já ouvi relatos de pessoas que conseguiram pegar carona em voos da Força Aérea Brasileira (FAB) para lá, mas isso é mais difícil que tirar a sorte grande na loteria.

Os voos foram ótimos. Sim, voos no plural. Saí de São Paulo, fiz escala em Recife e troquei de aeronave rumo ao arquipélago. Não existem voos diretos para a ilha, exceto de Natal (RN) ou da capital pernambucana, então fique atento para a reserva de passeios antes da chegada, visto que o processo para entrar no paradisíaco território é demorado e tem um custo alto.

Primeiros passos no paraíso

Dentro do avião ou da pista, e de quase qualquer ponto da ilha, você pode admirar o Morro do Pico e seus 323 metros de altura, cume de um sistema de montanhas submarinas de origem vulcânica.

Os moradores contam que, até o início dos anos 1990, era possível escalá-lo com o auxílio de uma escada de metal – que ainda continua firme e forte presa às pedras – e lá do alto observar a beleza local. “Costumava dormir lá em cima quando estava chateado com alguma coisa durante minha adolescência”, comenta o simpático guia de turismo Cleveson Souza, vulgo Tapyoca ou “o melhor guia de Noronha”, segundo pesquisas feitas com turistas.

Voltando para o saguão do aeroporto, prepare-se para abrir o bolso e pagar a taxa de Preservação Ambiental, cobrada de acordo com os dias de permanência. São R$ 73,52  –por diária e por pessoa –, ou seja, se a viagem for em família prepare-se que a brincadeira pode ficar bem salgada.

Mas, antes de entrar em pânico, saiba que caso tenha que sair antes do prazo pago anteriormente, você pode requisitar o ressarcimento da quantia extra. E, se optar por ficar mais uns dias curtindo o paraíso – algo bem comum – pode quitar os adicionais na data do embarque em cartões, cheque ou dinheiro.

Passado isso, vem a sensação de “Seja bem-vindo à Fernando de Noronha!”.

Reconhecendo o terreno

Escolhi uma hospedagem próxima a Vila dos Remédios, uma espécie de “centrinho” da ilha, com boas opções de restaurantes, mercadinhos e acesso fácil às três praias centrais: da Conceição, do Meio e do Cachorro. E, já que fui para o lugar mais falado dos últimos tempos, seja pela sua beleza incomparável ou pelo boom de famosos (o que inclui fofocas de traições e surubas entre celebridades), aproveitei meus primeiros minutos para deixar minha bagagem na pousada e sair sem rumo.

Caminhei até a Praça Flamboyant e comecei a descobrir lojinhas de artesanato, bares e mercearias, sendo essas últimas verdadeiros oásis para pão-duros. Até que vi uma placa que indicava a Praia do Cachorro. Não pensei duas vezes e, mesmo calçando tênis, me dirigi a orla. Aproximadamente 700 metros depois, o som das ondas fica mais alto e avisto uma íngreme escadaria. Desço devagar tomando cuidado para não cair e, após pouco mais de 40 degraus, dou de cara com um mar verde claro e faixa de areia estreita cercada de pedras.

Praia do Cachorro (© Kate Azevedo)

Pequenina, mas linda, pensei eu. A água não é exatamente calma, porém nada que impeça minha tradição de mergulhar no primeiro momento em que revejo o mar. Além do mais, ela é cristalina mesmo com ondas um pouco mais fortes. Bom sinal

Volto para a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, uma bela construção datada do século 18, e sigo uma rua de terra que me levaria até a Praia do Meio. Mais 10 minutinhos de caminhada e vejo do alto o contorno de uma pousada indicando que estou chegando ao meu destino.

Praia do Meio (© Kate Azevedo)

A “prainha” como é conhecida também pode ser alcançada pelas pedras que fazem divisa com a Praia da Conceição. A Praia do Meio é talvez a mais comum das praias da cidade, pois apesar de suas águas calmas e esverdeadas não tem nada demais.

Chega a soar estranho falar isso, né? Você está em lugar inalcançável para a maior parte da população e ainda desdenha. Não me culpem! Fui para lá esperando paisagens magníficas e a vibe “noronhe-se”, então obviedades não iriam me impressionar.

Aproveite a descida até a praia para tomar um drink ou comer petiscos no Bar do Meio, um espaço rústico com vista panorâmica. Energia recarregada, suba a estradinha de terra, vire à direita e siga em frente para encontrar a terceira praia do núcleo central, a Praia da Conceição.

A novidade era o máximo

Praia da Conceição

Essa foi a melhor surpresa do dia. Os cariocas a comparam com a Barra da Tijuca, já eu pude notar a beleza de Ubatuba, litoral paulista, na vegetação que a cerca, na cor clara da areia, no restaurante badalado e na rede de vôlei à disposição dos atletas de plantão.

Como nada disso combina comigo, paguei R$ 20 por um guarda-sol e cadeiras e fiquei admirando a paisagem enquanto tomava água ou saboreava uma cara cerveja long neck, que me custou R$ 15! O que a gente não faz para matar a sede…

Puxei papo com alguns vendedores e eles me falaram que a Praia da Conceição é um consenso, já que é amada tanto por banhistas quanto surfistas, pois dá para pegar ondas ou curtir um mergulho sem ter que se preocupar com corais ou mesmo com tubarões e peixes na parte rasa. A única recomendação, no entanto, é evitar as extremidades devido a um “buraco” que tende a puxar e que, geralmente, leva a afogamentos.

Ciente das dicas, entrei na água e ali fiquei por quase 2h. O mar era morno e transparente e, o sol estava a pino, ou seja, nada mais justo (e prazeroso) do que ficar ali, curtindo o marasmo. Resolvi dar uma volta pela orla e cansei de tanto tirar fotos do Morro do Pico como vocês podem conferir abaixo.

Morro do Pico (© Shutterstock)

Passado o deslumbramento com a praia, voltei a pousada e logo descobri que teria que me dirigir até o ICMBio, sigla do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, para fazer uma carteirinha que daria acesso às demais atrações de Noronha por 10 dias. Para consegui-la é necessário pagar R$ 106 se você for brasileiro ou R$ 212 para estrangeiros. Ouch!

Munido deste documento, você é considerado apto para visitar a praia mais bonita do mundo, a famosa Praia do Sancho, ou a mais bela do Brasil, a Praia do Leão. Quer mais? Pois tem passeios de barco, mergulhos no fundo do mar com tartarugas, mirantes de tirar o fôlego, observação de animais marinhos e trilhas com piscinas naturais, enfim vale a pena pagar para conhecer o Parque Nacional de Fernando de Noronha. 

Eis o meu primeiro dia no paraíso. Algo que me dizia que o próximo ia ser ainda mais inesquecível. E foi! O que o futuro me reservou? Confira no próximo artigo!. Beijos!

Foto do destaque: Pixabay
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