Quando TRAVELPEDIA desembarcou em Nova Délhi – principal porta de entrada da Índia -, o que primeiro chamou a atenção foi o trânsito maluco, onde motocicletas em quantidade absurda trafegam por todos os caminhos possíveis e imagináveis. E sempre transportando enormes volumes e mais pessoas do que o limite normal de duas.
Vimos várias com três e até famílias inteiras – homem, mulher e três crianças! Além das motos, embaralham-se pelas ruas, bicicletas, riquixás, tuc-tucs, carros, táxis, ônibus e caminhões. E as vacas, consideradas sagradas no país, que passeiam calmamente e até deitam onde bem entendem. Inclusive no meio das ruas e das rodovias!
Para piorar o já caótico trânsito, algumas vezes me deparei com grandes grupos de homens transportando nos ombros um cadáver a caminho da cremação. Por tradição as mulheres não acompanham o féretro. Como resultado, uma sinfonia enlouquecida e interminável de buzinas completam o cenário absurdo e insólito.
Tuc-tucs e riquixás – atração divertida e emocionante
Inegavelmente, utilizar os tuc-tucs (motos com duas rodas atrás e banco para duas ou mais pessoas) e riquixás (bicicletas adaptadas para o transporte de passageiros) pode ser bem divertido e até emocionante. E são baratíssimos. Portanto, para um trajeto de 20 minutos o preço será em torno de US$ 2. Mas combine o preço antes da corrida para não ter surpresa no final.
Assim, basta mostrar ao condutor o endereço do hotel ou do local que quer visitar. A aventura começa aí. Eles rodam entre os carros e com frequência batem e raspam nos veículos parados nos congestionamentos. E não param! Sem dúvida essa é uma experiência imperdível em Nova Délhi.
Aliás, por mais improvável que pareça, não vimos acidentes mais sérios durante o período em que estivemos por lá. No entanto, discussões e xingamentos acalorados são frequentes, mas não passam disso. Ninguém parte para as vias de fatos. Um guia contou, em tom de brincadeira claro, que as vacas são sagradas na Índia porque são elas que controlam o trânsito e evitam acidentes. Tem lógica, afinal elas funcionam como redutores de velocidade nas ruas e rodovias do país.
Contrastes chocantes – riqueza e pobreza se misturam
Situação improvável na maior parte do planeta, na Índia – e mais especificamente em Nova Délhi -, pobres e milionários dividem surpreendentemente o mesmo espaço de forma democrática e tranquila. Prédios modernos e shoppings centers estão lado a lado com antigas fortalezas e bazares medievais. Homens de turbantes e longas barbas e mulheres cobertas dos pés à cabeça pelos tradicionais e coloridos saris convivem com executivos de multinacionais com seus ternos bem cortados e jovens ostentando telefones celulares de última geração.
Uma cena incomum pode ser vista nas principais ruas da cidade: dentistas atendendo seus clientes na calçadas (foto ao lado). Sim é isso mesmo, na via pública e na maior naturalidade.
Nova Délhi é a segunda maior e mais importante cidade do país, atrás apenas de Mumbai. A capital indiana é o reflexo dos impérios e dinastias que por ela passaram.
Entretanto, vestígios de um passado impressionante com ruínas monumentais, palácios, templos, mesquitas e fortalezas estão por todas as partes. Por outro lado, o visual contemporâneo do destino apresenta grandes avenidas e bulevares cercados por árvores, parques, edifícios de estilo colonial, imponentes prédios governamentais, o Parlamento e o Palácio Presidencial Rashtrapati Bhawan (foto acima), entre outros.
O roteiro de visitas em Nova Délhi deve incluir as seguintes atrações turísticas:
Templo Akshardham
Às margens do Rio Yamuna, recebe, diariamente, milhares de visitantes locais e turistas. Inaugurado em 2005, é o maior complexo de templos hindu da cidade. Conhecido como Swaminarayan, reúne em um só lugar a tradicional cultura, espiritualidade, patrimônio e magnífica arquitetura antiga da Índia. Construído em arenito rosa e mármores branco e carrara, possui 141 metros de altura e 234 pilares, além de 20 mil esculturas e estátuas de divindades. O principal monumento é Vastu Shastra.
Forte Vermelho
Principal marco do domínio mongol no país, é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Apresenta arquitetura de diferentes influências e no seu interior estão museus que mostram e preservam a história da Índia.
Chandni Chowk
Chandni Chowk é um bairro antigo e movimentado em Nova Délhi. Verdadeiro labirinto com becos estreitos e repletos de pequenas lojas. O mercado foi construído no século 17 por Shah Jahan e projetado por sua filha Jahan Ara.
Está na rua principal da cidade murada – criada em 1650 – da Velha Délhi e foi originalmente chamado Shahjahanabad.
Jama Masjid
É a maior mesquita muçulmana da Índia, Foi construída no século 17 pelo imperador Shah Jahan e seu grande pátio recebe até 25 mil fieis em épocas de festivais. Os sapatos devem ser deixados à entrada e do alto do seu mirante de 40 metros de altura é possível ter uma vista privilegiada da Nova Délhi.
Porta da Índia
O enorme monumento lembra o Arco do Triunfo de Paris. Com 42 metros de altura, reina soberano no centro da cidade. Foi construído para homenagear os soldados indianos que morreram lutando pelo exército britânico durante a Primeira Guerra Mundial. Nas noites de verão, o gramado que a circunda fica lotado de gente.
Mausoléu Humayun’s
Importante obra arquitetônica mongol, foi construído em 1562, pela viúva do imperador Humayun, a imperatriz Haji Begum. Construído em uma imensa área é considerado o primeiro mausoléu com jardins no país. Primeiro dos grandes túmulos da arquitetura Mughal, narra uma saga atemporal de amor e saudade. A tumba abriga os túmulos dos dois como testemunho do amor eterno. O imponente edifício recebe visitantes de todos os cantos do mundo.
Templo de Lótus
Localizado no centro de Nova Délhi, esse monumento é chamado de Casa de Devoção pelos adeptos da religião Bahai – independente e com suas próprias leis e escrituras sagradas, que não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio.
Templo Chhatarpur
Em meio a uma grande área gramada e decorada por esculturas de pedra e madeira, o grandioso complexo é dividido em três partes. O templo principal é dedicado a deusa Durga, o segundo à deusa Laxmi & Ganesha Senhor e o terceiro a São Baba Nagpal, o fundador do templo. Reúne muitos devotos durante os meses de setembro e outubro, meses em que é realizado o Festival Dushehra.
Qutb Minar
Construída em 1193, a chamada Torre da Vitória (foto ao lado) tem cinco andares distintos. Os três primeiros são de arenito vermelho, enquanto os dois últimos são de mármore e arenito. Ao pé da torre está a Mesquita Quwwat-ul-Islam, a primeira construída no país.
Pilar de Ferro
Integra o complexo de Qutb e é a única relíquia do antigo templo Hindu. Com aproximadamente 7 metros de altura, inexplicavelmente se mantém sem ferrugens.
Templo de Jagannath
Criado em 1860, está situado no meio do residencial Gayatri Nagar e, diariamente, atrai centenas de devotos. Há alguns anos, ganhou um templo muito maior construído sobre a menor estrutura original.
Jantar Mantar
Sua construção teve início em 1724, a mando do imperador Mughal Shah Muhammad com o objetivo de rever o calendário e tabelas astronômicas, bem como de prever os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas.
Compras e preços baixos atraem multidões
Nova Délhi oferece muitas possibilidades para as comprar, principalmente de tapetes, peças de caxemira e pashimina, madeiras, xales, tecidos coloridos e especiarias. E os preços baixos praticados são convites irrecusáveis aos turistas brasileiros. Um dos maiores locais de compras é o Sarojini Nagar, que lembra muito uma feira. Há de tudo um pouco, de joias a estátuas dos deuses indianos.
Outras opções interessantes para as compras são o Basant Lok Market, no bairro Vasant Vihar, e o Main Bazaar, um corredor comercial popular que, por sinal, lembra muito a paulistana Rua 25 de Março. Está situado na Velha Délhi, antiga capital da Índia Muçulmana e atualmente apenas um bairro da cidade.
Mas, em qualquer que seja o local escolhido para as compras, a ordem é pechinchar sempre e muito. O preço inicial de um produto é sempre muitas vezes superior ao real. Portanto, não se acanhe e ofereça o que acha que vale. Eles insistem veementemente que é impossível vender pelo valor sugerido, porém, muitas vezes correm atrás de você e aceitam o valor oferecido. Prova concreta que ainda estão lucrando.
Trens são boas opções para viajar pela Índia
Após ficar alguns dias em Nova Délhi você já estará preparado para descobrir outros mistérios da Índia. A melhor maneira para vencer as longas distâncias é a via aérea. Se tiver tempo e estiver a fim de economizar, os trens são opções interessantes. Herança do período colonial britânico, o país possui uma ampla malha ferroviária e o sistema Indian Railways .
Os bilhetes são baratos e os serviços são bem pontuais, além de ser a melhor forma de conhecer as paisagens do destino. Não se impressione com a cena clássica de trens hiper lotados com pessoas inclusive em cima das composições. São muitas opções à disposição além das populares. Existem muitas classes diferentes nos trens indianos, inclusive alguns luxuosíssimos e extremamente confortáveis.
Entre os trens de luxo estão o Deccan Odyssey, que desce o litoral do Mar da Arábia entre Mumbai e Goa. Uma jornada de uma semana. Já o sofisticado Maharajas’ Express, circula por cidades do Rajastão: Uidapur, Jaipur, Agra e Nova Délhi; e o Palace on Wheels, que parte da capital com destino ao Rajastão. Todos oferecem refeições.
Cota especial para turistas » Como o trem é o principal meio de transporte dos indianos eles estão sempre cheios e reservar com antecedência é necessário. Porém, visitantes estrangeiros têm à disposição uma cota especial de passagens – a Foreign Tourist Quota. Não está disponível em todos os trens, mas está nas rotas turísticas mais populares do país. Esse bilhetes para turistas não estão disponíveis para compra pela internet. É necessário ir aos guichês das estações e mostrar o passaporte para poder comprar, bem como para os fiscais durantes as viagens.
Já as estradas indianas podem ser consideradas uma verdadeira aventura. Motoristas imprudentes realizam manobras arriscadas e sempre buzinando muito dividem o asfalto com motos, carros em péssimo estado de conservação, ônibus lotados, caminhões e tratores lentos e supercarregados. Tudo isso mais dromedários, elefantes e rebanhos de cabras e ovelhas. Pedestres cruzam as rodovias sem nenhum cuidado.
FICA A DICA! Na próxima matéria falaremos sobre Udaipur, no Sul do Rajastão, conhecida como a “Cidade dos Lagos”.
Viagem realizada a convite da Raidho Viagens com o apoio da Ethiopian Airlines e com a proteção do seguro viagem Global Travel Assistance – GTA
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SERVIÇO
MOEDA
Rúpia (INR)
IDIOMA
O híndi é a língua nacional, além de 25 outros idiomas oficiais e 844 dialetos falados em cada região. O inglês é amplamente utilizado em todo o país.
FUSO HORÁRIO
Mais 8h30 em relação ao horário de Brasília
VISTO
Brasileiros precisam de visto. A Autorização Eletrônica de Viagem (ETA) pode ser solicitada aqui. Podem solicitar o Visto Eletrônico (e-Visa) pessoas em viagem de turismo (e-Tourist Visa), Negócios (e-Business Visa) e tratamento médico (e-Medical Visa). O passaporte deve ter a validade mínima de seis meses.
SAÚDE
É exigido o certificado internacional de vacinação contra a febre amarela.
CLIMA
São três as estações dominantes – inverno (dezembro a fevereiro), verão (março a maio) com temperaturas em torno dos 40 graus e as monções (junho a setembro) quando ocorrem ventos, trovoadas e chuvas intensas. A melhor época para visitar o país é de outubro a março.
CONSULADO DA ÍNDIA EM SÃO PAULO
Avenida Paulista, 925, 7º andar – São Paulo (SP)
Informações: tel. (11) 3171-0340 e pelo site .
CONSULADOS DO BRASIL NA ÍNDIA
Nova Délhi – 8 Aurangzeb Road – Tel. +91 11 2301 7301. Horário de atendimento: segunda a sexta das 9h às 13h e das 15h às 19h. Informações aqui .
Mumbai – Unit 12B, 12º andar, Edifício Bakhtawar RN Goenka Marg, Nariman Point. Informações aqui .
COMO CHEGAR
Não há voos direto entre o Brasil e a Índia. A conexão deve ser realizada em aeroportos da Europa, Emirados Árabes, África e outros destinos asiáticos como Tailândia, Indonésia, Japão, China e Malásia. TRAVELPEDIA utilizou a Ethiopian Airlines, que voa cinco vezes por semana a partir de São Paulo para Adis Abeba, capital da Etiópia. Todos os voos são a bordo do Boeing 787-8 Dreamliner.
TRANSPORTES
Aéreo – Por conta da grande extensão territorial da Índia, as viagens aéreas são as melhores opções para se locomover com rapidez dentro do país. O Aeroporto Indira Gandhi, em Nova Délhi é o que possui o maior número de voos e as principais companhias aéreas locais são: Air India, Jet Airways, Kingfisher e IndiGo Airlines .
ONDE FICAR
As principais redes internacionais de hotéis estão representadas em Nova Délhi com estabelecimentos de 5, 4 e 3 estrelas. Bem como outras locais que nada ficam a dever às melhores do mundo.
Andaz Delhi by Hyatt
O QUE COMER
A cozinha indiana é diferente em cada região do país, apresentando ingredientes, influências e receitas estabelecidas pelas condições climáticas, fatores religiosos e culturais. Em todas as mesas você irá encontrar os pães (chamados naan) e os aromáticos cardamomo e curry.
Vale ressaltar que, a maioria quase absoluta dos pratos são bem condimentados e apimentados – muito apimentados! –, inclusive os servidos nas redes de fast food. Outro ponto importante é que carne bovina não existe nos cardápios. Sendo assim, contente-se com carne de frango, cabrito e peixes. Há muitas e variadas opções vegetarianas.
Para beber, não deixe de experimentar a típica lassi, que pode ser doce, salgada ou suco de frutas – manga é a mais comum. A bebida é preparada a base de iogurte natural com essência de rosas.
COMPRAS
Nova Délhi oferece muitas as opções de compras, principalmente de tapetes, peças de caxemira e pashimina, madeiras, xales, tecidos coloridos e especiarias. Tudo por lá é muito barato.
DICAS
Comida de rua – Evite! As condições de higiene nem sempre são as mais adequadas. É comum turistas terem infecções intestinais. Por isso, o melhor mesmo é optar por comer nos restaurantes dos hotéis e casas recomendas. Aliás, opte apenas por alimentos cozidos e evite saladas e frutas descascadas.
Remédios – Leve os que julgar necessários. Principalmente para problemas estomacais e intestinais. Tenha sempre álcool em gel na bolsa ou na mochila.
Água – Beba sempre água mineral engarrafada e com a tampa lacrada ou aberta na sua frente. Evite tomar refrigerantes, sucos e drinques com gelo (feito com água). Use água mineral até na hora de escovar os dentes.
Roupas – Mulheres devem ter atenção e evitar deixar à mostra as pernas, barriga e ombros. Principalmente em lugares considerados sagrados. Em alguns templos e mesquitas a entrada somente é permitida com o uso de lenços cobrindo a cabeça.
Cumprimentos – A maneira usual é juntar as mãos em oração à frente do peito ao mesmo tempo em que faz uma curta vênia com a cabeça. Diga também Namastê.
Telefonia e internet – Para ficar online o tempo todo e fazer chamadas locais sugerimos comprar um chip de celular no aeroporto, que custa em torno de US$ 20.
Esmolas – Por toda parte você será abordado por adultos e crianças pedindo. A decisão é sua, mas alerto que se der para alguém, em questão de segundos, estará rodeado por muitos outros pedintes também querendo dinheiro. Confusão na certa!
Gorjeta – Pode-se dizer que ela é quase obrigatória e esperada pelos prestadores de serviços. Nos restaurantes deixe 10% do valor da conta e nos hotéis US$ 1 por mala. Portanto, tenha sempre dinheiro trocado.
Fotos: Roberto Maia e Karanpal41/Pixabay (destaque)
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