*Silvio Cioffi viajou à convite da U.S. Travel Association para participar do IPW 2019.
Nos Estados Unidos, um dos segredos bem guardados do “Golden State”, codinome do Estado da Califórnia, a cidade portuária de Oakland,, na baía de São Francisco, tem pouco mais de 400 mil habitantes e dista uns de 20 quilômetros de carro de São Francisco pela Oakland Bay Bridge, uma ponte de 7,2 quilômetros inaugurada em 1936 para que o trem lá chegasse.
Mas, quando for a São Francisco, prefira chegar em Oakland num dos barcos confortáveis que, partindo do prédio histórico Ferry Buiding, fazem a ligação entre essas cidades irmãs em cerca de meia hora.
Além da proximidade geográfica, Oakland e São Francisco − cuja população é duas vezes mais numerosa − têm em comum o desenvolvimento acelerado que ocorreu no Estado da Califórnia, nos anos 1890, e um clima contra-cultural e quase hippie ditados por suas universidade nos anos 1960 e 1970.
Por conta disso, uma das personalidades mais importantes ligadas à história dessas regiões metropolitanas é Jack London (1876-1916), um dos primeiros autores norte-americanos a viver exclusivamente de seus escritos e de sua vibrante obra literária.
Assim, seguir os passos desse personagem que alguns críticos definem como um “runaway, sailor, socialist, drunk and tramp” (algo como, “um fugitivo, marinheiro, socialista, bêbado e malandro”) é, ainda hoje, uma maneira de viver a sensação de pertencer à história da Corrida do Ouro.
Confira a seguir no TRAVELPEDIA o que viver e curtir em Oakland − e embarque, também, na biografia rica e atribulada de Jack London, personagem central dessa cidade arrebatadora ainda pouco explorada pelo turismo.
JACK LONDON SQUARE
Quem chega a Oakland de barco, desembarca na área de Jack London Square, onde, à beira-mar, estão uma marina de veleiros, as imensas gruas do porto e hotéis simpáticos, como o Waterfront, além de lojinhas charmosas.
Daí em diante, uma área reurbanizada de calçadões ocupados por cervejarias e restaurantes informais é um convite ao passeio. Aos domingos acontece ali uma feirinha hippie que vende artesanato, comidinhas e produtos orgânicos, ocasião em que muita gente vem de São Francisco para passar o dia em Oakland.
O escritor Jack London (veja biografia ao final deste post) era frequentador assíduo dessa região do estuário onde Oakland matinha suas docas e, hoje, para essa área de lazer, foram trazidos o galpão de madeira em que funcionou o Heinold’s First and Last Chance Saloon e uma cabana usada por ele nos idos da Corrida do Ouro.
Outra atração dessa área, o imenso iate que pertenceu sucessivamente ao presidente Franklin D. Roosevelt, ao astro-pop Elvis Presley e, depois, a traficantes de drogas, está sendo restaurado.
Para um tour gastronômico pelos subúrbios, o Local Food Adventures, de Lauren McCabe Herpich, leva a locais como a pizzaria Forge, a cafeteria Byclicle e o icônico BBQ Everett and Jones, já na área de downtown (126, Broadway).
O local, um bar de origem sulista, foi fundado em 1973, por uma cozinheira negra que veio do Estado do Alabama com suas oito irmãs. No cardápio, comidas deliciosamente pesadas, como o “pulled pork”, carne de porco desfiada e levemente apimentada que se come em copiosos sanduíches; carnes grelhadas à moda americana, feijão e acompanhamentos como couve e salada de batatas.
O tour da Local Food se estende por outros restaurantes e bares pelos bairros de Rockridge e Grand Lake.
ALTA GASTRONOMIA
Depois de conhecer os lugares típicos, quem está atrás de sofisticação em Oakland deve reservar mesa no bistrô contemporâneo Abstract Table, dos chefs Andrew Greene e Duncan Kwiktor, na área de downtown.
Num ambiente moderno em que os chefs preparam uma sequência de pratos surpreendentes em porções diminutas, o Abstract Table está mais para restaurante estrelado que para opção popular. Seus menus, muito bem executados, custam entre US$ 65 e US$ 85 e, para harmonizá-los, há vinhos modernos que são uma grata surpresa para o paladar.
Toda noite de quinta, sexta e sábado, uma sequência diferente de pratos com ingredientes sazonais integra o cardápio, que não tem medo de juntar com maestria, morangos, feijão de fava e vinagrete à base de molho japonês yuzu.
Outra possibilidade é a truta fresca crua, acompanhada de melancia, ovas de salmão (ikura), rabanete e creme de coco, tudo em porções diminutas e preciosas.
Ainda num possível menu do Abstract Table, cuja inventividade não tem limites, o confit de carne acompanhado de finas fatias de cogumelos e de um delicioso purezinho de fundo de alcachofra defumado é uma combinação inusitada que convence os paladares mais exigentes.
UMA REFERÊNCIA DA HOTELARIA
Na contígua Berkeley, onde fica um das sedes da prestigiosa Universidade da Califórnia, o hotel Claremont Club & SPA, é outra parada obrigatória para quem, em passagem por Oakland, quer se hospedar ou visitar uma propriedade prá lá de aristocrática. Hoje pertencente à rede hoteleira de luxo Fairmont, o local foi a casa do magnata William B. Thornburg, um empresário que amealhou imensa fortuna durante a Corrida do Ouro.
Difícil imaginar que esse hotel edificado em 1915, e que conta com 276 quartos, cercado de jardins e com vista para o mar foi uma mansão privada − e que o local foi frequentado por personalidades como o arquiteto Frank Lloyd Wright, como consta das fotos que decoram seus corredores decorados com mobiliário e lustres de época.
Numa área de 22 acres − equivalente à da ilha de Alcatraz, em São Francisco −, o Claremont Club & SPA, da rede Fairmont, tem diárias a partir de US$ 300.
O resort também pode ser frequentado por quem, mediante reserva, quer relaxar no seu SPA, o maior da Costa Oeste dos EUA, equipado com 32 salas de relaxamento, incluindo aí tratamentos relaxantes, banheiras de hidromassagem, saunas e procedimentos estéticos.
Quadras de tênis, um complexo de piscinas externas e internas; um Kid’s Club para entretenimento das crianças; e restaurantes clássicos liderados pelo chef-executivo Arwi Odense complementam a experiência.
OAKLAND ZOO
Para quem procura experiências e atrações preocupadas com o a conservação do ambiente e das espécies, o Oakland Zoo, ligado à Conservation Society of California, propicia passeios agradáveis em meio à natureza.
Zoológico consciente, ele abriu no ano passado a California Trail, voltada para a criação e preservação de oito espécies de animas nativos, como lobos, coiotes, ursos negros e marrons, leões da montanha, águias e bisões americanos.
Para chegar até essa área, um teleférico igual ao das pistas de esqui leva ao alto de uma montanha, de onde se descortina uma bela vista desta região do Norte da Califórnia.