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Peru: uma viagem ao Império do Sol

No Peru estão os lugares mais secos, mais altos, grandes lagos e uma multiplicidade étnica que mantém distintas suas tradições, nas centenas de comunidades indígenas na cordilheira e 300 na região da selva peruana. Em alguns casos, os costumes chegam a ter força de lei. Esta cultura viva e crescente é uma das maiores riquezas peruanas. Verdadeiramente, o país é um convite para vários retornos.

Vestígios arqueológicos provam a presença humana no Peru há mais de 10 mil anos. Da precária vida de caçadores e pescadores, as comunidades se iniciam na agricultura e na criação de artefatos. A partir do ano 1.200 a.C as bases das futuras culturas foram estabelecidas. Floresce em 800 a.C, a cultura Chavín a Leste da Cordilheira e a de Paracas ao Sul de Lima, famosa por seus trabalhos têxteis, que ainda podem ser admirados no Museu Arqueológico da capital peruana.

Foto: Mountain Lodges of Peru/divulgação

Entre os séculos 3 e 4 surgem duas importantes culturas: a Mochica ao Norte – Trujillo, que se destacou em diversos setores como ourivesaria, cerâmica e principalmente na engenharia civil, com seus complexos canais de irrigação e ao Sul, a cultura Nasca, famosa pela produção de cerâmica policromática.

Dos séculos 9 ao 12 a cultura Huari-Tiahuanaco se expandiu desde Ayacucho até a região do Lago Titicaca. Posteriormente, ocorre um renascimento no Norte com os Chimúes, no centro com a cultura Chancay e ao Sul com as culturas de Ica e Chincha.

A aparição do Império Incaico no século 12 e seu apogeu no século 15, com centro na cidade de Cusco, que chegou a abranger desde Pasto na Colômbia até Tucumán na Argentina.

Cusco – domínio espanhol

Foto: Mountain Lodges of Peru/divulgação

Com a invasão espanhola, paulatinamente, Francisco Pizarro firmou sua posição, apoderando-se de Cusco sem luta. Subjugados seus habitantes, as obras incaicas sofreram um processo de depredação e alguns alicerces serviram de matéria prima para palácios e igrejas espanholas.

A reciclagem é notada nas paredes inclinadas para dentro, formadas por pedras trapezoidais, como o complexo arqueológico Coricancha, transformado em Igreja de Santo Domingo. No seu interior fica o Templo do Sol, alinhado com o astro, que na época dos incas tinha suas paredes cobertas com folhas de ouro para captar os raios do sol. Outro exemplo é a catedral construída sobre o Palácio do Inca Wiracocha, com pedras provenientes de Sacsayhuaman e Rumi Qolca. Segue linhas barrocas e demorou quase um século para ficar pronta. Em um dos altares está a imagem do padroeiro de Cusco – o Cristo Negro. Na torre esquerda se encontra o famoso sino “Maria Angola”, fundido em ouro, prata e cobre, cujo som, dizem, ser ouvido a 20 quilômetros de distância.

Um tour a pé pela cidade leva à descoberta de inúmeras ruas típicas como as de Loreto e Suytucato. E a questão dos encaixes das pedras? O melhor exemplo é a famosa “Pedra dos 12 ângulos” que se encontra à Rua Hatun Rumiyoc, a mesma que fazia parte do antigo palácio de Inca Roca, que talvez represente os 12 meses do ano. Deste ponto, siga para o bairro San Blas, um dos mais pitorescos, conhecido por sua comunidade dos artesãos.

Sacsayhuaman – sítios arqueológicos

Foto: Pixabay

A medida que nos afastamos de Cusco começam a surgir as ruínas propriamente ditas. A 3 quilômetros ao norte está Sacsayhuaman, com três hectares de área, abrangendo os monumentos de Q’enqo, Puca Pucara e Tambomachay.

Verdadeiramente, trata-se de uma obra de caráter religioso. Ali estava o templo mais importante dedicado à cosmologia andina, devotado a Inti (sol), Quilla (lua), Chaska (estrelas), Illapa (raio) e outras divindades. Monumento ciclópico, é formado por três muralhas de 400 metros em forma de ziguezague. A maior pedra desta construção pesa 130 toneladas. Na parte mais alta se encontram restos de edificações conhecidas como Templo do Sol. Ao redor, vestígios de subterrâneos, nichos e escadarias.

É em Sacsayhuaman que acontece todos os anos, no dia 24 de junho, a festa do Inti Rami – Festa do Sol -, em agradecimento pela colheita do milho e da batata. É também o lugar ideal para um encontro com o xamã Mário El Puma.

Vale Sagrado Norte

Foto: Pixabay

Compreende o trecho entre Pisac e Machu Picchu, que corre paralelo ao Rio Vilcanota. Pisac abriga, aos domingos, uma das melhores feiras de artesanato do país e com os preços mais convenientes.

Também aos domingos, às onze horas, é imperdível a missa celebrada em Quechua, na igreja de São Pedro Apóstolo. Antes da cerimônia, as comunidades locais e seus chefes reúnem-se em frente ao templo, em trajes típicos. Pisac também tem sua área arqueológica que merece ser visitada.

Seguindo mais adiante se chega a Yucay. E aconselhável uma parada nesta região de 2,8 mil metros de altitude para que o organismo se adapte, sem dores de cabeça, aos 3,8 mil de Cusco.

A próxima visita é Ollantaytambo, parque arqueológico, gigantesco complexo agrícola, administrativo, social, religioso e militar no tempo do Tahuantinsuyo. Mesmo após o início do domínio espanhol, o traçado urbano feito pelos incas não sofreu alteração. Aproveitaram-se também as antigas edificações, adaptando-as para moradias.

Na parte mais alta e ocidental da cidade uma montanha abriga inúmeras construções pré-hispânicas como templos, terraços e o Templo do Sol, erguido pelos tiahuanacos, aproximadamente 800 anos antes dos incas.

Machu Picchu – o santuário

Foto: Pixabay

A cidade inspirou histórias populares. Uma delas é a que tenha se tornado o último refúgio das Virgens do Sol, uma casta de mulheres mantidas em reclusão desde tenra idade. Aos dezesseis anos, seu destino estava definido: algumas iam cuidar dos templos, outras eram sacrificadas ao deus sol ou entregues ao imperador para o seu deleite.

Único sítio inca poupado da destruição sistemática, é perfeito para os arqueólogos identificarem as diferenças entre os documentos da era colonial espanhola e as evidências físicas intocadas.

A arqueologia confirma: dos 167 corpos desenterrados nos sepulcros de Machu Picchu, 145 eram de mulheres. Com elas foram encontradas oferendas que não deixam dúvidas sobre suas ligações com o aspecto mágico: cristais, braseiros – usados para adivinhação -, espelhos mágicos, crânios de roedores, dentes e ossos humanos. Por outro lado, não havia uma só arma.

Até seu nome é passível de discussão. Tradicionalmente se diz que Machu Picchu significa Montanha Antiga. Entretanto, isso não se encontra em nenhum dicionário quechua, enquanto, em língua ayamara, picchu significa coca. Em Machu Picchu, como em outros santuários, a planta era considerada sagrada e usada para magia e adivinhação.

Foto: Mountain Lodges of Peru/divulgação

Sinais enigmáticos marcam diversas edificações: o Templo das Três Janelas, por exemplo, representa a ideia do universo. Para os incas havia três planos de existência: Ukhuapache, o mundo subterrâneo, habitado por seres sobrenaturais; Kaypacha, o nosso mundo; e Jananpacha, o de cima, da energia superior.

O Templo Principal, construído à maneira huayrana – retangular e com três paredes -, tem encaixes habilmente trabalhados, com um altar ladeado por blocos que atuam como mesas de suporte para os instrumentos usados durante os rituais. Além do templo fica a Sala Cerimonial, cujas paredes apresentam nichos. Supõe-se que aqui, o oráculo dava consultas, transmitindo os conselhos dos deuses. A voz de qualquer pessoa que falasse dentro de um dos nichos era naturalmente ampliada e ouvida em toda a sala.

O centro religioso da cidade é o espaço onde está a pedra Intihuatana, onde o sol se amarra. Neste ponto os incas reverenciavam o deus sol. Sua característica é também de um relógio solar.

O Templo do Sol em forma de um P maiúsculo está ligado à astronomia. Sabe-se que o conhecimento astronômico deste povo era bastante evoluído. Da torre semicircular o sacerdote podia observar as estrelas, calcular os equinócios e solstícios com precisão para poder determinar as datas dos festivais sagrados. Mas a mais perfeita construção, segundo Hiran Binghan, descobridor de Machu Picchu, está na câmara dos Ornamentos onde se encontra uma pedra com 32 ângulos.

Lima – Cidade dos Reis

Foto: Pixabay

Conta-se que, depois de dominar Cusco, Pizzaro soube a existência de um grande centro cerimonial perto da costa chamado Pachacamac. Pretendendo fundar uma cidade próxima do litoral foi até ao local. Quando chegou, descobriu que se tratava de uma região seca. Andou por mais 30 quilômetros, próximo ao Rio Rimac. Nascia Lima, batizada originalmente como Cidade dos Reis.

Mesmo estando ao lado do rio, a capital tem um dos climas mais secos do mundo. O baixo índice pluviométrico tem comprovação nas ruas, com ausência de bocas de lobo.

Fundada no dia 18 de janeiro de 1535, a arquitetura do Centro Histórico de Lima, mostra características hispânicas em seu mais puro estado: palácios com arcos e colunas ao redor dos pátios, igrejas com altares talhados em madeira, filetes de ouro, adornos de prata, esculturas e pinturas. Neste setor destaca-se a Catedral, cuja primeira pedra foi colocada pelo próprio Pizarro. Para evitar os efeitos dos terremotos foi construída com baixa altura. Além disso, com exceção da fachada e algumas colunas, toda a estrutura foi feita em madeira e gesso, materiais mais flexíveis. As colunas de pedras foram recobertas com madeira e pinturas para dar uma característica barroca. No seu interior, além de telas e esculturas dos séculos 17 e 18, que formam parte do Museu de Arte Religiosa, está o túmulo de Francisco Pizarro.

Foto: Pixabay

Outro destaque é o Palácio do Governo, sede da administração federal e local de trabalho do presidente da República. Nas proximidades fica o complexo do Convento e Igreja de São Francisco, as capelas El Milagro e La Soledad. A igreja foi construída sobre uma galeria subterrânea que serviu como primeiro cemitério da capital.

Além do Centro Histórico não se pode deixar de visitar o distrito de Rimac, para conhecer a Alameda dos Descalçados, a Plaza de Toros de Acho, além de reunir algumas da peñas, locais de música e dança creola, e restaurantes típicos.

Outro passeio é Barranco, setor boêmio, onde moram vários artistas e poetas, em meio a uma movimentada escolha de espetáculos musicais e culturais. Mas é Miraflores, bairro dos jardins e das praias da Costa Verde que se impõe como área hoteleira, zona comercial moderna, de atividades culturais e restaurantes.

Nesta área pode-se visitar ruínas de uma Huaca Pucllama – centro religioso com rampas, casas, espaços cerimoniais e pirâmide de adobe, usando a técnica de libreto.

Para conhecer as diversas culturas que compõem a história do país, deve-se incluir visitas ao Museu do Ouro, Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru e Museu Larco Herrera.

Pachacamac

Foto: Promperu/divulgação

Ao sul de Lima, dominado pelo vale de Lurín fica Pachacamac – o Criador da Terra, santuário pré-colombiano, ponto de convergência da população da época para consultar o oráculo. Posteriormente, sob o domínio de Pachacutec, na metade no século 15, o complexo foi ampliado e acrescido para a os rituais de adoração ao sol e sacrifício humano.

Hoje, após passar pelo setor restaurado composto pelo Templo da Lua e a Casa das Mamaconas ou Virgens do Sol, vê-se o Templo do Sol. Construído na parte superior de uma plataforma piramidal, originalmente, suas paredes eram efusivamente coloridas. Abaixo, ficava a Praça Principal, local de encontro dos peregrinos para adoração. As demais ruínas são relativas às habitações, armazéns e palácios. Ao atingir o último lance da pirâmide tem-se uma vista surpreendente do Oceano Pacífico. Voltado para o mar estão posicionados alguns assentos. Conta-se que ao pôr do sol, o ritual diário era reverenciar o astro para que ele voltasse no dia seguinte.

Outro interessante local de visita é o museu local, com informações para uma compreensão maior sobre o santuário e o trabalho arqueológico. Na sala principal, destaque para as diversas expressões artísticas dos vários ocupantes da região e a imagem de Pachacamac, em madeira de Lúcuma, ricamente talhada.

Serviço

Idioma: Espanhol, quéchua e aymara são os idiomas oficiais.

Clima: o período de maio a setembro é o mais indicado para fazer o caminho Inca, evitando a temporada de chuvas.

Fuso horário: duas horas a menos em relação ao horário de Brasília.

Moeda: Novo Sol

Transporte: O Belmond Hiram Bingham é a maneira mais sofisticada de chegar a Machu Picchu. O pacote inclui passagem, brunch, chá da tarde no Hotel Machu Pichu Sanctuary Lodge, coquetel, jantar, ingresso às ruínas, traslados de ônibus e guia. Parte de Cusco às 9h e de Machu Picchu às 16h. A duração do percurso é de três horas e meia.

Hospedagem

Cusco – Novotel Cusco, localizado no centro da cidade, construído sobre as bases de um casarão restaurado do século 16. São 16 suítes coloniais e 83 apartamentos. Os quartos dispõem de sistema de controle individual de aquecimento, TV a cabo, telefone e cofre. Dois restaurantes, um bar, pátio climatizado, com sistema de aquecimento abaixo do piso e teto em vidro. Para aliviar o desconforto do mal das alturas, basta solicitar uma dose de oxigênio – na recepção.

Mountain Lodges of Peru – Lodges de alto padrão integrados à natureza. Construídos no alto das montanhas, possuem técnicas tradicionais incaicas de construção e estão em harmonia com o meio ambiente, oferecendo total conforto.

Yucay – Posada Del Inca é um antigo monastério com amplos jardins, museu, loja e feira e artesanato, igreja, restaurantes, área de eventos e 84 quartos.

Lima – Royal Park Hotel está localizado no centro cultural e financeiro do bairro San Isidro. Com 78 quartos e três suítes, oferece estrutura para eventos, dispõe de piscina, fitness center, sauna, restaurante e bar.

Onde comer

Lima – Restaurante Huaca Pucllana, em Miraflores – cardápio com base na culinária peruana e mescla da cozinha internacional; El Hawaiano, ambientação popular, apresenta a maior variação em serviço e bufê, com ênfase para os produtos do mar. Av. República do Panamá, 258 – Barranco; Hacienda Santa Rosa, antiga fazenda de gado- cardápio típico e apresentação de danças e cavalo de trote.

Cusco – MAP Café, localizado no interior do Museu de Arte Pré-Colombiana, oferece culinária local e internacional, em porções monumentais. Fica na Plaza de Lãs Nazarenas.

Informações: promperu.gob.pe

Foto do destaque: Mountain Lodges of Peru/divulgação

 

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