Pela primeira vez em 8 anos, os Estados Unidos deixaram o posto de destino dos sonhos dos brasileiros. Quem assumiu? Ora pois, Portugal! Ao menos para quem deseja trabalhar fora do país. Isso é o que aponta estudo do Boston Consulting Group (BCG) em colaboração com a The Network, empresa de recrutamento internacional online. O levantamento mostra que, a pandemia associada às políticas mais severas de imigração dos últimos anos tiveram grande impacto na forma como os profissionais brasileiros encaram o trabalho no exterior.
O estudo é a terceira publicação com base no mapeamento contínuo do BCG e da The Network sobre mobilidade e preferências dos profissionais. O levantamento deste ano contou com a participação de 209 mil profissionais de 190 países. No Brasil, a amostra é formada majoritariamente por profissionais pós-graduados (89%) e com menos de 30 anos (88%) que utilizam sites estrangeiros de busca de emprego.
Em termos globais, apenas 50% das pessoas estão dispostas a mudar de país por questões profissionais, contra 64% em 2014 e 57% em 2018. Já no Brasil, 92% dos entrevistados disseram estar dispostos a trabalhar fora do país, um salto considerável comparado aos 75% em 2018 e 63% em 2014.
Entre os destinos mais cobiçados, os participantes globais destacam Canadá, EUA e Austrália, enquanto os brasileiros miram Portugal, Canadá e Angola. É a primeira vez em 8 anos que os EUA saem da primeira posição do ranking.
Se por um lado os profissionais globais demonstram menor interesse na mudança para outro país, muito por conta das políticas para tal, a possibilidade de trabalhar para um empregador estrangeiro sem precisar sair de casa ganha cada vez mais adeptos. Ao todo, 57% dos entrevistados estão dispostos a adotar esse modelo e, nesse caso, os EUA voltam ao topo do ranking, seguido por Austrália e Canadá. Já no Brasil, o total de entrevistados dispostos a trabalhar para uma empresa sem presença física no país é de 82%. Aqui, a preferência é por empresas de Portugal, Angola e EUA.
“A tendência da mobilidade física para países como EUA já havia perdido força por conta das políticas de imigração mais restritivas. A pandemia soma-se à lista de fatores que deixaram as pessoas mais cautelosas quando o assunto é mudança para o exterior. E, com o aumento do trabalho remoto, muitos profissionais notaram que é possível investir em uma carreira internacional sem terem que necessariamente mudar de país.”, afirma Manuel Luiz, Managing Director and Partner do BCG Brasil e colíder da prática de Pessoas e Organização localmente.
A forma como essas nações lidaram com o Covid-19 também contribuiu com a queda de popularidade de países outrora cobiçados. Como Alemanha e França, que perderam duas posições cada uma. Já Itália e Espanha não constam mais no ranking dos dez destinos mais desejados. O Brasil caiu da 23ª para a 36ª posição. O país segue no topo das escolhas dos profissionais de Angola, Portugal e Chile.
Tendência semelhante foi notada entre diversas cidades ao redor do mundo. Locais como Nova York, Barcelona, Roma e Madri, famosas por atraírem profissionais no passado, foram consideradas menos atraentes do que em 2018. Em compensação, Tóquio, Singapura, Dubai e Abu Dhabi passaram a fazer parte dos destinos potenciais para quem deseja mudar de país. Já São Paulo caiu apenas três posições (de 47º para 50º), demonstrando a importância da cidade no cenário de negócios na região e um certo descolamento do Brasil na visão de quem vem de fora.
Todos os países que subiram no ranking dos destinos mais procurados tiveram uma incidência relativamente baixa de casos de Covid-19. E apertaram as políticas de acesso. A lista inclui Canadá, Austrália (o terceiro país mais buscado) e Japão (sexto da lista). Já Nova Zelândia e Singapura fizeram sua estreia no ranking graças às ações de combate à pandemia por parte de seus respectivos governos. Acesse o estudo completo aqui.