Como bem cantou Gilberto Gil: “O Rio de Janeiro continua lindo”. O refrão não poderia ser mais propício já que, a Cidade Maravilhosa – que não sustenta em vão essa popular nomenclatura – agora é patrimônio. Nesta terça-feira, dia 13, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco, deu ao destino o título de primeira paisagem cultural urbana declarada Patrimônio Mundial.
Cartões-postais como o Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Corcovado, Jardim Botânico e a Praia de Copacabana foram alguns dos elementos que contribuíram para a nomeação. O feito é inédito, já que o Rio se tornou a primeira cidade no mundo a ter reconhecido o valor universal de sua paisagem urbana. Aqui entre nós, para mim que sou descaradamente apaixonada por este lugar não é nenhuma surpresa. Tanto é que toda vez que vou para lá canto mentalmente: “Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades. Rio, seu mar, praia sem fim. Rio, você foi feito prá mim”.
Ninguém melhor que o maestro Tom Jobim para descrever um sentimento tão forte dentro de mim. Bom, talvez o eterno poetinha do Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes. Meu caso de amor com esta terra abençoada por Deus e bonita por natureza começou as avessas. Por alguns anos fui apenas a trabalho, e tinha até uma visão bem paulista. Sabe aquela rixa? Então, eu a sustentava. E tudo por nunca ter realmente vivido o Rio.
Eis ai a diferença, o Rio é um destino que você não pode apenas ver, é preciso vivencia-lo. E por algumas vezes tive este prazer, e fui riscando da listinha os lugares que queria ir. Em alguns, com meu legítimo guia a meu dispor, em outros explorando por conta própria. Vi tudo que até então só conhecia por fotos. Ou de ouvir as pessoas falarem, e sempre com aquele brilho nos olhos. Passei então a ser uma delas!
Sendo assim, aproveitando o ensejo deste título mais que merecido aqui vai uma lista de atrações imperdíveis por lá. A começar pelos famosos cartões-postais, seguido do centro histórico que mostra como a capital fluminense vai além de suas famosas praias. Mas, é claro, sem deixa-las de lado, afinal de contas, falar de Rio é falar de Copacabana, Ipanema, Leblon e todo seu litoral.
Pão de Açúcar – Marco natural, histórico e turístico da cidade do Rio de Janeiro, o morro do Pão de Açúcar está localizado na Baía de Guanabara. Ali, em 1912, a inauguração de um caminho aéreo incluía no mapa turístico do Brasil um empreendimento que se tornaria mundialmente famoso, o Bondinho do Pão de Açúcar. Hoje, o constante vaivém dos bondinhos está incorporado à paisagem carioca. Pela beleza panorâmica é, ao lado do Cristo Redentor, uma das marcas registradas da cidade.
Corcovado/Cristo Redentor – Não dá para ir ao Rio de Janeiro a primeira vez e não visitar o Cristo Redentor. Aliás, o passeio é válido até para quem já foi à cidade antes. Afinal de contas, aquele visual é sempre bem-vindo. Localizado no alto do Morro do Corcovado, o monumento é a imagem brasileira mais conhecida no mundo. Todos os anos, mais de 600 mil pessoas são levadas ao Cristo Redentor pela centenária Estrada de Ferro do Corcovado, o passeio turístico mais antigo do País. Com seus braços abertos sobre a Guanabara o principal ícone do Rio dá as boas vindas aos visitantes e abençoa a cidade.
Maracanã – Do gol inaugural de Didi, em 1950, passando pelo o milésimo do Pelé (1969), a jogos de Copa do Mundo (em 1950 e 2014), shows lendários (de Frank Sinatra a Rolling Stones) até a inédita medalha de ouro para o Brasil no futebol dos Jogos Olímpicos (2016), o Maracanã sempre foi templo de emoções e muitas alegrias. Mesmo que totalmente remodelado não perdeu em nada seu brilho. Pelo contrário, só potencializou. E vai além de um mero monumento esportivo, é um atrativo turístico. E vale desde o tour guiado e visita ao Museu até assistir alguma partida. Eu mesma já risquei da lista um clássico Fla-Flu. E lá assisti a despedida de Zico.
Jardim Botânico – Fundado em 13 de junho de 1808, surgiu de uma decisão do então príncipe regente português Dom João VI de instalar no local uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo. Hoje, além de um dos mais belos do mundo, é um dos mais importantes centros de pesquisa nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade. Dentre seus destaques estão as palmeiras imperiais, semeadas por Dom João, em 1809.
Parque Nacional da Tijuca – No coração do Rio de Janeiro, com acesso pelas Zonas Norte, Sul e Oeste, protege a maior floresta urbana do mundo replantada pelo homem, com uma extensão de 3.953 hectares de Mata Atlântica. É o Parque Nacional mais visitado do Brasil, recebendo mais de 3 milhões de visitantes por ano. É, sem dúvida, peça fundamental para fazer do Rio a Cidade Maravilhosa. Dividido em quatro setores – Floresta, Serra da Carioca, Pedra Bonita/Pedra da Gávea e Pretos Forros/Covanca, tem opções de programas para todos os públicos: desde áreas para piquenique até voo livre, escalada, trilhas e outras atividades.
Parque Lage – Estreitamente ligado à memória da cidade, foi um antigo engenho de açúcar na época do Brasil Colonial. Suas terras se estendiam até as margens da lagoa (atual Rodrigo de Freitas), conhecida na época pelos índios como de Sacopenapã – lagoa de raízes chatas, em Tupi-Guarani. Assim como a história do Taj Mahal, o Parque Lage também envolve o amor.
Depois de passar por vários donos, em 1920, Henrique Lage compra a chácara e para agradar sua esposa, a cantora lírica italiana, Gabriela Besanzoni, manda construir uma réplica perfeita de um “palazzo romano”, e reformula parte do projeto paisagístico. Dois grandes portões se abrem à Rua Jardim Botânico, nº 414, para os caminhos cercados de palmeiras imperiais que levam à mansão, projetada pelo arquiteto italiano Mario Vodrel. A fachada principal tem pórtico saliente, totalmente revestido de cantaria.
O casarão, construído em torno de uma piscina, tem mármores, azulejos e ladrilhos importados da Itália. As pinturas decorativas dos seus salões foram assinadas por Salvador Paylos Sabaté. Por lá se encontram muitos jardins, lagos, grutas e uma trilha que liga o Parque Lage ao Corcovado.
Um giro pela região central
Museu do Amanhã – Um ambiente de ideias, explorações e perguntas sobre a época de grandes mudanças em que vivemos e os diferentes caminhos que se abrem para o futuro. Essa é a premissa do museu inaugurado em 2015 e que oferece uma narrativa sobre como poderemos viver e moldar os próximos 50 anos e que busca promover a inovação, divulgar os avanços da ciência e publicar os sinais vitais do planeta. Sem sombra de dúvidas um lugar para ampliar nosso conhecimento e transformar nosso modo de pensar e agir.
Igreja da Candelária – Reza a lenda que sua construção se deu graças a uma promessa feita por um casal de espanhóis, para que seu navio chegasse a salvo de um naufrágio. Se a graça fosse alcançada eles iriam erguer uma igreja em homenagem a Nossa Senhora da Candelária na primeira terra em que aportasse. Independente da veracidade da história a edificação é atualmente um dos principais monumentos religiosos da cidade. Abriga um museu sacro, arquivo com documentos datados dos séculos 18 e 19 e biblioteca.
Centro Cultural Banco do Brasil – Centro cultural multimídia desde o fim da década de 1980, o CCBB, como é popularmente conhecido, além de se destacar por sua bela arquitetura é também um polo artístico. Ali estão dois teatros, quatro salas para mostras, bibliotecas com mais de 100 mil volumes em acervo informatizado, auditório, salas de vídeo e cinema.
Lapa – Um tour pelo centro do Rio não está completo sem vivenciar o mais agitado dos bairros da cidade. Ali é onde se concentra o agito do destino. Claro, há outras regiões que também são bem badaladas, mas a Lapa é o reduto mais clássico de todos. Há boas opções de bares e botecos para sentar, relaxar e inevitavelmente pensar como o maestro Tom Jobim: “Rio, você foi feito prá mim…”.
Paço Imperial – Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) o edifício colonial é um dos marcos da história cultural do Rio. Sendo hoje em dia um importante centro cultural, com intensa e diversificada programação.
Confeitaria Colombo – Fundada em 1894, a famosa confeitaria faz parte do patrimônio cultural e artístico da cidade. Além de ponto de referência na região, bem no coração do Rio, é também uma ótima parada gastronômica. Por isso, nem pensar apenas dar uma passadinha, tem que pedir ao menos um dos inúmeros doces da casa.
Escadaria Selarón – Além dos famosos arcos da Lapa, que não tem como não ver na região, outro ícone do centro histórico é a escada que vai da Rua Joaquim Silva, na Lapa, até o curso inferior de Santa Teresa. Obra do artista plástico chileno Jorge Selarón, são ladrilhos e azulejos colocados lado a lado, formando um mosaico interminável de cor.
Biblioteca Nacional – Em estilo neoclássico, a imponente fachada de escadaria e colunas de mármore impressiona tanto quanto seu acervo. Entre as publicações mais raras estão dois exemplares da Bíblia de Mogúncia, impressos em 1642, e uma edição de 1572 de “Lusíadas”, de Camões.
Teatro Municipal – Inaugurado em 1909, é um dos mais belos prédios do Rio. Situado na Avenida Rio Branco, a entrada principal, no entanto, é pelo lado da Cinelândia. E engana-se quem pensa que o Municipal é um reduto para a elite. Há espetáculos com ingressos para todos os bolsos.
Sol, mar, mate e “bixxxcoito”
Ipanema – Musa inspiradora de Vinícius de Moraes, já foi a praia mais na moda do Rio. Praia urbana, é frequentada por pessoas de todas as idades e com ondas fortes em alguns pontos.
Grumari – Das queridinhas de quem quer fugir do circuito de praias tradicionais do Rio está em uma área de proteção ambiental.
Prainha – Entre dois morros cobertos de Mata Atlântica também se encontra em uma área de proteção ambiental e é a preferida dos surfistas.
Recreio – Continuação da Barra da Tijuca, esta é uma praia muito frequentada por famílias e jovens.
Barra da Tijuca – Praia mais extensa da cidade com 18 quilômetros de mar bem agitado em alguns pontos.
São Conrado – Pequena, é principalmente frequentada por surfistas e moradores do bairro.
Leblon – Com 1,3 quilômetro de comprimento, é continuação da Praia de Ipanema, começando no Jardim de Alá e indo até os penhascos da Av. Niemeyer. Ali existe um mirante de onde se pode apreciar toda a avenida costeira (Av. Delfim Moreira), as praias do Leblon e de Ipanema e a Pedra do Arpoador.
Arpoador – Entre as praias do Diabo e de Ipanema é muito conhecida por ser point para apreciar o pôr-do-sol. Na região encontra-se o parque Garota de Ipanema, que leva o nome da famosa música de Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Copacabana – A praia mais conhecida do Rio é chamada também de “Princesinha do Mar”. Com todo o seu encanto, nesta praia tem sempre algo acontecendo, em qualquer horário, seja dia ou a noite. O calçadão e os bares estão sempre cheios.
Leme – Com aproximadamente um quilômetro de areias fofas e claras vai da Pedra do Leme até a Avenida Princesa Isabel, onde começa Copacabana.
Urca – Ao pé do Morro da Urca, a pequena praia de águas calmas apesar de imprópria para banho vale a visita, já que garante um belo panorama do Rio.
Praia Vermelha – Também imprópria para banho rende pelo cenário, já que está ao lado do Bondinho do Pão de Açúcar.
Botafogo – A enseada é imprópria para o banho, mas por conta do mar calmo é muito frequentada pelos praticantes de vela.
Flamengo – A praia que acompanha, de ponta a ponta, o Parque do Flamengo, é imprópria para o banho. Porém, nela é possível praticar esportes e relaxar contemplando a Baía de Guanabara.
E, claro, o Rio de Janeiro tem o maior e melhor Carnaval do planeta! E nem precisava, porque a cidade já fervilha o ano inteiro. Alguém duvida?