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Imersa na natureza, Santa Cruz, na Califórnia, é berço do surfe nos EUA

Silvio Cioffi viajou à convite  da U.S. Travel Association para participar do IPW 2019.

“Cool, green, redwood-shingled beach town” (na tradução livre: cidade praiana descolada, verde e coberta por árvores da espécie redwood). Foi assim que um velho guia de turismo (*) definiu Santa Cruz, cidadezinha de sonho na costa centro norte do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos.

E assim, diante de um oceano Pacífico pouco pacífico, onde quebram ondas enormes e perfeitas para a prática do surfe, e cercada por uma floresta de árvores milenares imensas, como sequoias e redwoods, Santa Cruz mantém sua aura passadista, quase hippie. Situada na baía de Monterey, e servida pela cênica e famosa estrada litorânea Highway 1, dista 113 km de São Francisco, ao norte, e 562 km de Los Angeles, ao sul.

Histórica, Santa Cruz foi incorporada aos EUA em 1866, muito embora sua origem remonte à uma missão franciscana cuja igrejinha, hoje um museu, foi originalmente construída em 1791. O tempo passou e Santa Cruz, com seus 41 km² de área e menos de 60 mil habitantes, se sofisticou, ganhando, em 1965, uma importante sede da Universidade da Califórnia (UCSC).

Hoje, ao lado do comércio tradicional voltado para esportes náuticos − caso da mítica loja O’Neill’s Surf Shop −, a cidade tem, nas cercanias de Pacific Ave., no centrinho, cafés e restaurantes contemporâneos, boas livrarias, lojinhas de moda e decoração e, também, uma boa estrutura hoteleira.

PASSADO & PRESENTE

Depois de um período de intensa mineração, no início do século 19, a Califórnia voltou sua atenção para o conservacionismo e, desde então, ambientalistas pioneiros como John Muir (1838-1914) lutaram pela criação de seus parques nacionais, um legado que compreende 10 milhões de km² de florestas nativas.

© Silvio Cioffi

Ao redor de Santa Cruz, na região de montanhas onde há um trenzinho que desce até a cidade, existem imensas sequoias de até cinco mil anos de idade. Essa onda ambientalista explica o por quê de Santa Cruz ter conservado intactos alguns de seus aparelhos urbanos mais característicos, caso do magnífico píer de madeira − e de ter construído uma reputação de lugar paradisíaco, feito para passear à beira-mar e para curtir a natureza das florestas.

MARCOS HISTÓRICOS DE MADEIRA

Para os interessados em surfar, ou em admirar o esporte dos reis havaianos (leia abaixo box sobre a história do surfe), a primeira parada é o Lighthouse Point, farol onde funciona o The Surfing Museum, encarapitado num pequeno penhasco diante do mar, em 701 West Cliff Drive. É deste pequeno e importante museu que se descortina o Steamer Lane, um dos principais pontos de surfe da Califórnia − e do mundo todo.

© WikiCommons

A 1,5 km de distância, se avista também o já mencionado píer de madeira, o Santa Cruz Wharf, edificado em 1914. Nesse local, que avança mar adentro, estão lojinhas de artesanato, de decoração, de trajes de praia, pequenas peixarias e alguns dos mais característicos restaurantes de frutos-do-mar. Sob o píer, é possível ver e ouvir os imensos leões-marinhos, observar pássaros e apreciar o por-do-sol.

A parada seguinte é o Santa Cruz Beach Boardwalk, um parque de diversões histórico que abriu suas portas em 1907. A montanha-russa, a Giant Dipper, foi inaugurada em 1924, e o trilho original de madeira, de 1,6 km de extensão, dá suporte a carrinhos que passam a mais de 80 km/h. Para os menos intrépidos, o parque tem um carrossel também de madeira, o Loof, girando suavemente com crianças a bordo desde 1911.

© VisitTheUSA website

Abraçando todas essas atrações, a Main Beach tem uma larga faixa de areia onde há quadras de vôlei e, em alguns pontos, enseadas escarpadas. A água é fria o ano todo e, também por isso, o surfista Jack O’Neill desenvolveu em Santa Cruz as roupas de borracha, ou neoprene, voltadas para a prática do surfe.

No final de junho, quando a temperatura esquenta, o Santa Cruz Wharf se transforma em ponto de desfile de antigos carros com acabamento externo de madeira, no evento chamado de Woodie’s on the Wharf.

DO MAR AOS TRILHOS

Navegar é precioso » Para ver Santa Cruz pelo mar, a sugestão é fazer uma excursão num dos veleiros que partem do Santa Cruz Yatch Harbor, em 790 Mariner Park Way. Há um especialmente grande e recomendável, o Chardonnnay II, um veleiro de 70 pés que percorre o santuário ecológico compreendido pela baía de Monterery e avista o parque de diversões, contorna o píer e chega às proximidades do farol, voltando a seguir para o iate clube. De dezembro a abril, no inverno californiano, são avistadas baleias, num espetáculo à parte.

© Silvio Cioffi

Maria-fumaça descortina a floresta » O Roaring Camp, nas montanhas de Santa Cruz, é um local em meio à floresta que recria o ambiente da Corrida do Ouro, um passeio ideal para ser feito com as crianças. De lá, em meio a casinhas de madeira, lojas e negócios que remontam aos anos 1840, partem locomotivas a vapor cujos trilhos percorrem a floresta de sequoias e redwoods.

© Silvio Cioffi

Personagens em trajes de época, caubóis a cavalo e uma cozinha campestre complementam o campo de onde partem as locomotivas. São dois os passeios de maria-fumaça do Roaring Camp: (1.) O primeiro, no trem mais antigo, é chamado de Red Forest Steam Train. Em 1h15, ele vai e volta à Bear Mountain. (2.) O outro, Santa Cruz Beach Train, realiza passeio de 3h que termina no Santa Cruz Beach Boardwalk.

(*)” Insight Guides”, California, Ed. APA Publications (1996)
*Silvio Cioffi é jornalista, graduado em Direito pela USP e Knight Wallace Fellow pela University of Michigan (2013). Trabalhou na “Folha de S.Paulo” entre 1984 e 2016, onde foi editor de Turismo, repórter-especial, coordenador de eventos e editor dos Semináriosfolha, entre outras funções. Em 2010 recebeu o prêmio Travel Writer Award da U.S. Travel Association por reportagem sobre o Alasca.
Foto do destaque:  Pixabay
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