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Tiradentes – Um giro pelo colorido centro histórico

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Fundada por volta de 1702, quando da descoberta do ouro nas encostas da Serra de São José, passou a categoria de cidade em 1860. Enquanto que seu nome atual veio somente após a proclamação da República, em 1889. Em homenagem ao mártir da Inconfidência Mineira: Joaquim José da Silva Xavier, o  Tiradentes.

Patrimônio Histórico Nacional desde 1938, o destino, que foi muito explorado durante o século 18 por conta do ciclo do ouro, parece ter o dom de nos transportar para uma viagem no tempo. Não em vão se tornou um dos centros históricos da arte barroca mais bem preservados do Brasil, e por isso tem tamanha importância, inclusive turística.

É fácil se encantar por Tiradentes. E até em dias nublados e chuvosos. Claro, céu aberto e ensolarado a torna ainda mais incrível, principalmente na hora das fotos. Graças a combinação do colorido das portas e janelas. É quase que uma obra de arte.

© Arquivo Pessoal

O Centro Histórico e seu conjunto arquitetônico muito bem preservado guarda, além de atrativos turísticos como a belíssima Igreja Matriz de Santo Antônio e outros santuários, museus, ateliês, restaurantes, bistrôs, cafés e várias lojinhas. Vale dizer que, com relação a este último quesito, o artesanato está por todos os cantos, bem como os tradicionais queijos, cachaças e doces típicos.

© Arquivo Pessoal

O melhor jeito de conhecer tudo é a pé. E há inclusive ótimas opções de passeios guiados para quem quiser se aprofundar no contexto histórico. Nossa dica é utilizar os serviços de um guia da Agência Estrada Real. E foi justamente o que fiz, através do passeio “Becos e Bosques”. Rico em detalhes, o percurso tem início no Largo das Forras (nome em referência as negras alforriadas que ali ficavam vendendo seus produtos), a praça central que, em 1980 recebeu o desenho paisagístico de Burle Marx.

Largo das Forras (© Pedro Vilela/MTur)

O Centro Histórico compreende do Largo das Forras até a Matriz, estendendo ao Chafariz de São José. Toda a área é preservada e tombada. O guia informa que, a cidade, possui oito santuários: 1 igreja e 7 capelas. E ressalta que para ser categorizada como igreja só quando tem duas torres. Então, neste caso somente a Matriz.

Você também toma conhecimento das transições vividas por Tiradentes. Foram 70 anos do auge do ouro, e quando começa a ter o declínio um novo santuário surgiu para os que não se sentiam mais bem vistos na Matriz. Eis a Capela do Bom Jesus da Pobreza. Há ainda a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a Nossa Senhora das Mercês, a Santíssima Trindade, a São João Evangelista, a São Francisco de Paula e a Santo Antônio do Canjica (a única que não está dentro do núcleo histórico). Em 1900 há um desenvolvimento da cidade. Atrás da Capela do Bom Jesus é a chamada parte nova. Da Praça das Malas até a entrada do primeiro beco da cidade…

Templos de fé e história

Igreja Matriz de Santo Antônio (© Pedro Vilela/MTur)
© Alberto Lopes

Igreja Matriz de Santo Antônio – Cartão-postal da cidade, é visível de qualquer lugar do Centro Histórico. Com construção iniciada em 1710 e conclusão em 1752 (sendo a fachada atual de 1810, desenhada por Aleijadinho), o santuário, que era voltado a elite, é um dos mais belos de Minas Gerais e do Brasil, pois é a 2ª igreja mais rica em ouro do país. São cerca de 480 kg!!! Aja imponência…

Os detalhes em seu interior impressionam, e para além do ouro. É o caso de um dos 15 órgãos mais importantes do mundo. Infelizmente não é permitido tirar fotos dentro dela. Do lado de fora, há um relógio de sol datado de 1785 que também já se tornou símbolo da cidade. Ingresso: R$ 5.

Capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza – Presume-se que tenha sido construída em 1771 e finalizada em 1786. Tendo tido em 1940 uma ampla reforma. Apesar de modesta e singela, chama atenção sua estatuária, como exemplo da interpretação popular do estilo Barroco-Rococó. Muito raramente ela se encontra aberta para visitação.

Nossa Senhora do Rosário dos Pretos – Construída por e para a Irmandade dos Homens Pretos (escravos vindos da África entre 1708 a 1719), foi feita em cantaria (pedra). Em sua decoração se encontra ouro que era roubado e escondido pelos escravos. São três altares de talha de meados do século 18 e compostos pelos santos negros São Benedito, Santo Antônio de Cartagerona e Santo Elesbão.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (© Pedro Vilela/MTur)

Nossa Senhora das Mercês – Capela Rococó do final do século 18, pertencia à Irmandade dos Pretos Crioulos (os negros nascidos no Brasil). Possui um único altar multicolorido, pinturas raríssimas em estilo Rococó, cenas alusivas à Virgem Maria e imagem da padroeira.

São João Evangelista – O templo, que teve sua construção iniciada em 1760, era da Irmandade dos Homens Pardos (mulatos), tem fachada simples e três altares em seu interior em estilo Rococó. Chama atenção um conjunto de imagens em tamanho natural que compõe a cena do calvário.

© Alberto Lopes

São Francisco de Paula (foto ao lado) – Singela, porém bela, a construção do século 18, está no alto de um morro onde se tem o melhor panorama de Tiradentes e da Serra de São José. Possui um cruzeiro instalado em 1718, ano da elevação do arraial à vila.

Santíssima Trindade – A capela na Praça Padre José Bernardino data de 1810. Tendo passado por diversas alterações ao longo dos anos, acabou se transformando em centro da romaria no ano de 1923. Seu interior é simples, porém no altar-mor há uma bela imagem do Pai Eterno.

Santo Antônio do Canjica – Fora do Centro Histórico, a humilde capela também é considerada pelo IPHAN como parte do conjunto arquitetônico e paisagístico da cidade. Foi construída em 1702 pelo bandeirante João de Siqueira Afonso. De sua estrutura original restaram apenas três paredes de taipa, móveis, oratório e as imagens de Santo Antônio, Nossa Senhora da Conceição, São João de Deus e uma Santana de barro cozido. Na parte exterior há um cruzeiro com a simbologia da Paixão de Cristo. Com relação à canjica de seu nome, conta a história que é referente ao fato que as pepitas de ouro encontradas próximas à capelinha eram do tamanho de um grão de milho.

História, cultura e arte

Chafariz de Sâo José (© Pedro Vilela/MTur)

Chafariz de São José – No início da ladeira que leva à Igreja Matriz, encontra-se um histórico chafariz, construído em 1749 para abastecer a então vila com água potável através das bicas frontais, bem como para lavagem de roupas na lateral direita e bebedouro de animais, principalmente cavalos, na lateral esquerda. Sua fachada guarda uma rara imagem de São José de Botas.

Museu Casa do Padre Toledo – Foi, no final do século 18, residência do padre e vigário Carlos Correia de Toledo e Melo, uma das mentes por trás da Inconfidência Mineira. Aliás, o solar serviu de local para as conspirações e a primeira reunião do icônico movimento. No casarão, com esquadrias em cantaria lavradas e sete forros pintados, destaca-se aquele que representa os cinco sentidos, com figuras da mitologia grega. O museu ainda conta com rico mobiliário e obras de arte. Ingresso: R$ 10.

Museu da Liturgia (© Divulgação)

Museu da Liturgia – Se trata do único dedicado ao tema na América Latina. Com um acervo de mais de 420 objetos sacros dos séculos 18 ao 20, completamente restaurados como vestes, acessórios e ex-votos, o museu conta também com instalações audiovisuais, terminais multimídia e um amplo programa educativo. Ingresso: R$ 10

Museu de Sant’Ana – Na Rua Direita, em um casarão datado de 1730, que abrigava a antiga cadeia pública da cidade, o hoje museu reúne 291 imagens de Sant’Ana, avó de Jesus, que compreende os séculos 17 e 19. O museu encontra-se atualmente em férias coletivas, retornando às atividades dia 6 de junho. Ingresso: R$ 5.

Instituto Mário Mendonça (© Arquivo Pessoal)

Instituto Mário Mendonça – O espaço, na residência centenária do artista plástico carioca Mário Mendonça, na Praça das Mercês, oferece um panorama abrangente da arte brasileira contemporânea. No acervo, além de reunir trabalhos do artista que vai de paisagens, autorretratos a peças sacras, também inclui obras de nomes como Guignard, Di Cavalcanti, Castagneto, Volpi, Milton da Costa, Ivan Serpa, Bandeira, Iberê Camargo, Carybê, Portinari, Tarsila do Amaral, Botero, entre outros. São 1.200 peças distribuídas em cerca de 14.000 m², com amplos salões e jardins. É lindo! Gratuito.

Centro Cultural SESIMINAS Yves Alves – Referência de cultura e eventos, foi idealizado pelo diretor da Globo Minas, Yves Alves e inaugurado em 1998. Recebe ao longo do ano exposições, festivais, mostras, espetáculos de música e artes cênicas, sessões de cinema e eventos diversos.

Atelier e Galeria de Arte Sérgio Ramos – Próximo a Igreja Matriz, o local abriga trabalhos do artista e arquiteto Sérgio Ramos, cujo currículo contempla cerca de 70 exposições em mais de 28 anos de carreira. Suas obras são inspiradas na literatura, música e arquitetura. Em pouco tempo observando as peças você já se pega tentando decifrar as pinturas que guardam circunstâncias e ícones do cotidiano. De quebra, a simpatia do casal Sérgio e Denise é por si só um convite a visitar a galeria. 🙂

Divinas Gerais – A loja transforma natureza em arte e usando do conceito upcycle, método de reutilização criativa de antigas estruturas e artefatos de madeira e ferro, que se tornam móveis e objetos únicos.

Travelpedia viajou a convite do coletivo Tiradentes Mais via Baobá Comunicação e contando com o seguro viagem da GTA.

Foto do destaque: Alberto Lopes

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