Aaah! Saudades do que já vivemos… Um ano após suspender a entrada de brasileiros com vistos de turista nos Estados Unidos seguem as restrições. E, pior, o governo americano não sinaliza reabertura para o Brasil. Quem tem imóveis no país ou é estudante, por exemplo, seguem fazendo quarentena obrigatória em outros países antes de tentar ingressar no país.
Os EUA estenderam a proibição da entrada de cidadãos do Brasil nos EUA até 21 de março. Contudo, a realidade não inspira otimismo. A prorrogação anunciada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras no país deverá seguir nos próximos meses devido ao surgimento da nova cepa do coronavírus e ao ritmo de vacinação no Brasil. Brasileiros que necessitam viajar aos EUA seguem tendo que fazer quarentena obrigatória de 14 dias em países como o México antes de ir aos Estados Unidos.
Para o pesquisador da imigração, Rodrigo Lins*, que investiga os impactos da medida restritiva na comunidade brasileira residente nos EUA, a restrição deverá ser mantida nos próximos meses devido ao ritmo de vacinação no Brasil. Para ele, a medida vai além do turismo. Já que acaba por atingir a comunidade brasileira residente nos EUA, que mesmo tendo permissão para trânsito com o Brasil, acaba prejudicada com proibição a familiares.
“A expectativa para permissão de entrada de brasileiros aqui nos Estados Unidos é grande, inclusive na comunidade residente. Com a proibição de entrada de portadores do visto de turista, muitos familiares estão afastados. Também há impacto nos negócios, muitos brasileiros que tem imóveis de aluguéis em temporada, por exemplo, estão com maior dificuldade para vir ao país e acompanhar seus imóveis. Nos grupos de brasileiros já há, inclusive, recomendação de lugares no México para brasileiros que queiram entrar nos EUA após quarentena obrigatória.”, explica Lins.
Para o especialista, a quarentena obrigatória em outros países encarece a ida aos Estados Unidos e não é garantia de sucesso na hora de entrar no país. “É preciso considerar que mesmo realizando quarentena em outro país, na hora de entrar nos EUA, os agentes indagarão muitas questões ligadas à localização de origem no Brasil e se o viajante teve contato com alguma pessoa infectada pelo coronavírus. Não é garantido que o agente da fronteira aprove a entrada.”, alerta.
As restrições se aplicam a quem viaja a pé ou em veículos, balsas, trens ou portos de entrada costeiros. Bem como imigrantes e não imigrantes que viajam para fins que as autoridades dos Estados Unidos não consideram essenciais. Cidadãos dos EUA e residentes legais permanentes (LPR) estão autorizados a retornar aos Estados Unidos durante este período.
“Muitos brasileiros residentes, e que podem transitar entre os países, estão com receio de sair e enfrentar dificuldades ao retornar. A sensação é de insegurança. Desde o início da proibição é cada vez menor o número de brasileiros residentes que aposta em viajar ao Brasil. Os números são comprovados pelas empresas aéreas mais populares para voos entre os países na comunidade brasileira nos EUA.”, finaliza Rodrigo Lins.