Ícone do site Travelpedia

Vantagens e desvantagens de morar na Europa

Muitos brasileiros vêm “turistar” na Europa e creio que 90% deles desejam voltar ou sonham em se mudar, em busca de uma vida melhor. Este é o seu caso? Pois bem… Eu morei, em 2013, na Inglaterra, agora estou vivendo na França e vim contar um pouquinho sobre as vantagens e desvantagens de se morar na Europa. Sim, existem coisas ruins! Quem sabe, após essas dicas, você consiga se decidir de vez, hein?

DESVANTAGENS:

Serei sempre estrangeira, mesmo se tiver cidadania europeia

Você pode morar na Europa dias, meses ou anos. Uma coisa é certa: você sempre será estrangeiro. Diferente de outros países, como a Austrália, por exemplo, as pessoas não te integram na sociedade, mesmo que você trabalhe, contribua para a economia do país e tenha uma casa própria. Se você é brasileiro, com ou sem cidadania, você sempre será um gringo aqui.

Essa diferença começa desde cedo quando você não conhece expressões orais, desenhos animados, filmes, séries, reality shows… E aí elas se intensificam quando você vive o dia a dia em algum lugar, como um trabalho, e percebe que culturalmente você jamais será como aquela pessoa ao seu lado que fala a língua perfeitamente, corta palavras e usa gírias. E como não lembrar das clássicas perguntas “o que você veio fazer aqui? Veio trabalhar? No Brasil não tinha oportunidade nesse ramo?” Por mais que não sejam para ofender, as questões são exemplos de que não, você não vai ser um europeu mesmo que viva aqui anos e anos. E isso cansa.

Debaixo pra cima!

Morar na Europa soa como um sonho, mas já parou pra pensar que ao mudar você vai ter que deixar toda a sua vida para trás? E isso inclui trabalho, família, amigos e estilo de vida que você tinha. Ou seja, você terá que reconstruir uma vida no exterior e isso não é nada fácil.

Esqueça aquele restaurante que você vai toda sexta-feira e é conhecido pelo garçom, as idas semanais ao cabeleireiro, o barzinho de sábado e aquelas comprinhas no mercado de luxo perto da sua casa. Todos esses hábitos e rotina deverão ficar no Brasil, pois quando você está começando a construir os pilares de sua nova vida, você terá que aprender a economizar (e lembre-se que aqui é tudo em Euro, ok?).

“Ah, Giovanna, mas isso é o de menos perto do resto que é morar na Europa…”. Sim, concordo. Mas eu, particularmente, sofri bastante, no início, ao ter que cortar minha ida semanal à manicure, meus chopes no bar e jantares em lugares legais. Tive de aprender a fazer minhas próprias unhas, tomar cerveja em casa e comer congelados do mercado. Reconstruir a vida na Europa é deixar muita diversão de lado, bem como supérfluos, tudo para ter uma rotina estável e igual a todo mundo.

O choque cultural é enorme

Morar na Europa vindo de um país latino tem outro agravante. O choque cultural! Aqui na Europa ele é enorme. Confesso que é bem difícil se acostumar com uma mudança que envolve diferentes hábitos, costumes e estilo de vida – você tem que estar bem aberto a isso ou, se não, sofrerá mais do que o normal.

O que eu quero dizer? Europeu não é simpático, não é amigável, não é caloroso. Esqueça abraços, beijos e encontros no bar ou em sua casa. Se isso acontecer, você teve sorte ou as pessoas também são estrangeiras. Aliás, mais sorte ainda você terá se arranjar um amigo “dazeuropa” leal, bacana e animado (fiz pouquíssimos em um ano na Inglaterra e aqui na França ainda não tenho nenhum). Mas aí tem gente que vai ler e falar de novo: “Ah, Giovanna, mas isso é o de menos perto do resto…”. Sim, novamente verdade, mas aviso que incomoda e é muito desconfortável viver sem esse afeto, contato e amor que estamos tão acostumados.

Além das pessoas, morar na Europa vai envolver a questão da comida, dos horários, diversão, transporte público… Não, você não irá comer arroz e feijão todo o dia. Aliás, saudades da feijoada da minha avó! E vai achando que morar na Europa é um mar de flores… O metrô não é limpinho, são velhos e mal conservados (mas funcionam!). Não rola dar aquela atrasadinha em um aniversário, pois isso não é normal e é falta de educação. Mudamos os ares, mas especialmente devemos modificar a nossa cabeça e visão de mundo para acompanhar o novo ritmo de vida.

Você perderá amigos

Sabe aquela história de “amizade não vê distância”? Então, vê sim. Você com certeza vai se despedir, talvez com uma festona, dos seus amigos e família antes de ir. Todos vão jurar mandar mensagem, não deixar você sumir da vida deles e ir te visitar assim que possível. Isso é mentira. Ok, não dá pra generalizar porque depende muito da pessoa e do grau de amizade, mas em geral, as pessoas se afastam –e você também irá.

Você vai ter sua rotina. Trabalho, escola, faculdade… Quaisquer que sejam os motivos da sua mudança, você vai se adaptar e criar uma nova vida. E isso, como já disse, dá trabalho e demanda tempo. Então, além do fuso horário, inimigo número 1 do Skype e Facetime, você terá pouco tempo para sentar e conversar com alguém por horas.

Outra coisa: você foi, mas os seus amigos continuam tendo a mesma vida que tinham antes de você partir… Então entenda quando eles não puderem responder ou atender uma ligação. Por fim, você perceberá que as novas músicas, gírias e manias demoram pra chegar à Europa e, muitas vezes, quando chegam não fazem sentido. É aí que você percebe que não faz mais parte “daquele mundo”. Ir embora é também aceitar que para conquistar coisas novas, devemos perder outras.

A distância da família e dos amigos dói muito

Nas duas vezes que vim morar fora, chorei muito ao dar tchau aos meus pais e amigos. Não só pela saudade, mas pela distância e por nunca saber se aquele abraço será o último. Tem muita gente que é mais desapegada e acha uma besteira enorme deixar de ir morar fora por conta de família. O que eu posso dizer é: fácil dizer da boca pra fora. Claro que enfrentamos situações diversas para ter uma qualidade de vida melhor do que a do Brasil, mas ficar longe de quem amamos nunca é fácil.

Foto: Pixabay

Que não seja pela saudade, mas muitos momentos você estará sozinho e vai ler no grupo do Whatsapp a galera marcando aquela balada, bar ou festival que você amaria ir e não vai… Em outros, sua família passará por momentos legais, como a formatura do seu irmão, o nascimento de um primo, dia das mães, Natal… E você não estará presente. Isso é ruim? Acredite, é sim. Não no início, por ser tudo novidade, mas depois de uns meses e anos, você vê quanta coisa perdeu ao lado das pessoas que você ama. E isso dói, mesmo que você esteja sendo recompensado com uma vida boa no exterior.

VANTAGENS:

Viver em um país onde (quase) tudo funciona

Não tem preço morar em um lugar você paga seus impostos e vê retorno. A começar pelo fato que, a proporção do dinheiro pago ao governo é justa e todos sabem o destino. Taxa para transporte público? Educação? Saúde? Todos pagam e podem usar, livremente, sem distinção de classe social. E não só isso… Os impostos realmente vão para as melhorias e não para o bolso das pessoas. Claro que existem casos isolados onde isso acontece, mas há sempre punição. A verba vai embora, mas volta de maneira ainda melhor. Mesmo que você more anos em um país e veja que há problemas grandes dentro dele, eles nunca serão nem metade dos que enfrentamos no Brasil.

A diferença social é mínima

“País rico não é aquele em que pobre anda de carro. É aquele e que o rico anda de transporte público.” Essa frase diz tudo! Aqui na Europa o nível social das pessoas é praticamente o mesmo. Claro que existem pessoas milionárias enquanto vemos mendigos na rua, principalmente depois da crise há uns anos, mas não é nada comparado com o que estamos acostumados no Brasil. Aqui o famoso “subemprego” que é ser faxineira, atendente de loja, babá, passeador de cachorro, entre outros, é um emprego tão digno quanto um gerente de banco, uma jornalista ou um médico.

Os salários são correspondentes aos pisos e quaisquer que sejam as profissões, elas são valorizadas e nenhuma delas é “sub”. Ninguém te olha feio ou com preconceito (e nem te mandam se vestir de branco), se você tiver cuidando de uma criança. Todo mundo é igual. Classe média ou alta pega o mesmo metrô porque ele é bom; faz compra de mês completa no mercado porque o preço é justo e adequado; tem direito à diversão, pois aqui tudo é acessível, e por aí vai. Vir morar na Europa é ser igual a todos e ter direito igual à saúde, alimentação, transporte público e educação.

Cidadão do mundo

Quando você se muda, por quaisquer motivos, você aprende novas culturas e olhares sobre o mundo. Tudo é diferente: pessoas, gastronomia e descobertas. Como disse anteriormente, europeu não é muito sociável, mas os outros estrangeiros estão na mesma situação que você e querem fazer amizade.

Quando morei na Inglaterra, fiz amigos do Japão, de Angola, do Chile, da Coreia do Sul… E nessas amizades, a troca cultural é enorme. Aprendi coisas que jamais aprenderia lendo na internet ou em manuais. Precisei viver, conversar, rir, chorar, beber e viajar com essas pessoas para descobrir que no fundo, somos todos os mesmos, mesmo que a cultura seja completamente diferente.

Além de tudo que se aprende no dia a dia, o aprendizado embarca com você sem esforços. Estudar um, dois, três idiomas é uma delícia! Te faz crescer, enriquecer e amplia sua noção do mundo! E dessa forma, não é nenhuma tortura, não é mesmo?

Aprender a se virar

Aqui na Europa, e acredito que grande parte do exterior, não tem as “mordomias” que temos no Brasil. Empregada doméstica diariamente ou frequentar centros de estética é coisa de milionário. Quem tem cozinheira particular ou chofer, ganha extremamente bem. Aqui se paga uma taxa enorme se você pede para entregar o supermercado ou o móvel em casa. E para montar o sofá ou instalar a internet? Absurdo!

Todos esses serviços são caros e são apenas utilizados por pessoas muito ricas. Como disse, por essas bandas de cá todo mundo tem o mesmo nível de vida e isso significa abrir mão de alguns itens de “luxo” que no Brasil é comum. Mas há um lado bom nisso tudo: você aprende a se virar e percebe que há coisas que você pagava no Brasil por pura preguiça de fazer ou aprender a fazer.

A limpeza do apartamento é sua responsabilidade e você começa a ver que passar um paninho não cai a mão. Fazer a própria unha e depilação com ajuda de tutorais do Youtube também não é tão ruim… Lavar e passar roupa não é uma tragédia. Ir e voltar do mercado de metrô e cozinhar a própria comida é mais gostoso do que pedir para alguém fazer algo que talvez não te agrade… Enfim, a gente se adapta e percebe que somos capazes de aprender, fazer, montar e economizar uma grana em serviços.

Comprar produtos que no Brasil eram caros ou não existiam

Chegamos à parte que os brasileiros amam: as compras. Ir ao mercado, às lojas e feiras aqui na Europa são de pirar o cabeção! Os preços dos produtos aqui são justos e os impostos não são absurdamente caros como no Brasil. Um iPhone, um tênis, um computador e até mesmo roupas tem um preço normal. Como já disse e repito, todos aqui tem o mesmo nível social e, portanto, as coisas são acessíveis.

Foto: Pixabay

Já os produtos que não temos no Brasil… Paraíso! Tudo prático, fresco, gostoso e barato! Você vai chegar e descobrir queijos maravilhosos, vinhos de alta qualidade, vegetais diferentes e doces incríveis que não custam nem a metade de um popular no Brasil. Com isso, descobrimos novos sabores, paladares, culturas e gostos!

Uma observação: aqui é muuuuito raro dividir algo em prestações, apenas quando o valor é realmente alto, como um carro. Portanto, as coisas são pagas à vista e, mesmo assim, todo mundo tem a possibilidade de comprar.

Mobilidade para viajar

Claro que não podia faltar a famosa facilidade de viajar pela Europa. Por ser tudo relativamente perto é possível visitar um novo país em um final de semana. Por exemplo, fui de Lyon à Turim e de Reims à Bruxelas, de carro, e cada viagem deu menos de 3 horas. Além das estradas serem boas, caso a opção seja alugar um carro, há aeroportos em muitas cidades e os trens levam a qualquer canto.

Foto: Pixabay

As promoções de bilhetes aéreos e ferroviários são frequentes e dá pra encontrar trechos de € 10, dependendo da época. Já para hospedagem, há opções baratinhas de hostels que são show de bola e é possível conhecer pessoas do mundo todo. Dormir em Paris e acordar em Munique, quem não quer?

Gostaram do que pontuei sobre morar na Europa? Se alguém decidir mudar pra cá, me dá um toque! Estamos juntos nessa! 😉

See you soon!

Bisous,

Gi

Foto do destaque: Pixabay

.

Fica a dica, no site da Comissão Europeia de Turismo você fica por dentro de tudo que envolve o turismo na Europa. 
Sair da versão mobile