A maior região de Portugal, o Alentejo, situada ao sul de Lisboa, guarda inúmeros vestígios da época em que o Império Romano ocupou a área. É o caso do imponente e icônico Templo Romano, situado em Évora, ou da bela ponte de Vila Formosa. Mas este povo também deixou suas marcas na cultura e tradição locais. Uma prova disso é o saboroso vinho de talha.
Hoje, dia 11 de novembro, é comemorada no Alentejo a festa de São Martinho, data que coincide com o fim da fermentação do vinho de talha e com a “abertura das talhas”. Nesse dia, algumas vinícolas costumam fazer um grande evento em que o vinho é consumido juntamente com castanhas e outros petiscos da gastronomia alentejana. Mas, afinal o que é vinho de talha?
Há mais de dois mil anos, as talhas passaram a fazer parte da realidade alentejana e os produtores passaram a usar as ânforas como recipiente para fermentação de vinhos. Encorpado e intenso, os vinhos de talha são típicos da região, onde nunca saíram de moda. Eles são parte da cultura e das tradições alentejanas, e compõem a incrível diversidade que a região oferece em termos de vinho.
O vinho de talha é uma bebida produzida seguindo conhecimentos milenares, passados de geração em geração sem sofrer quase nenhuma modificação com o tempo.
Processo de produção natural
Produzido de várias maneiras, o vinho de talha tem um importante elemento comum a todas elas: o uso da talha como recipiente para a fermentação. Esse grande vaso de barro pode chegar a dois metros de altura e podem abrigar cerca de 2 mil litros. O formato varia de bojudas a delgadas. O conteúdo precisa ser mexido entre duas a três vezes por dia para que os gases da fermentação não arrebentem as talhas.
Em geral os vinhos tintos e brancos são produzidos da mesma maneira. Há, no entanto, um tipo de vinho de talha que mistura uvas brancas e tintas e é conhecido como “petroleiro”.
O processo de produção é o mais natural possível. As uvas são colhidas, separadas dos galhos e amassadas, e então são colocadas diretamente nas talhas. Dentro delas a fermentação começa de maneira espontânea, enquanto outro movimento acontece: a separação das películas das uvas, que sobem naturalmente para a superfície do líquido.
Para intensificar a cor, o aroma e o sabor do vinho, estas películas, que formam uma cobertura firme, são quebradas e afundadas novamente no líquido, até que, enfim, depositem-se no fundo da talha. Este é o sinal que os produtores do Alentejo esperam, que mostra que a fermentação chegou ao fim.
A retirada do vinho de dentro da talha também é parte importante do método. Uma torneira posicionada na parte de baixo do recipiente permite não apenas que o líquido seja passado para as garrafas, mas que ele seja filtrado pelo bagaço que estava no fundo, formado pelas películas, sementes e outras partes sólidas da uva.
No início, o vinho sai um pouco turvo, mas aos poucos, fica límpido e perfeito para ser consumido. Sem que seja usado nenhum tipo de produto sintético no processo. O resultado final é uma bebida cheia de personalidade, com sabor que pode variar de acordo com as castas de uvas utilizadas e outras técnicas da vinícola, embora seja possível dizer que a bebida será sempre única e inesquecível.
Selo de práticas sustentáveis e certificação de origem
No Brasil, os produtores do vinho de talha do Alentejo são representados pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), organismo que certifica, controla e protege os vinhos DOC Alentejo e os vinhos Regional Alentejano.
Recentemente a região lançou um selo inédito de práticas sustentáveis e denominação de origem específica, onde a própria CVRA certifica o vinho de talha.
O Alentejo oferece opções para todos os tipos de viajantes, sejam famílias, casais em lua de mel ou aventureiros. O destino português conta com belas praias intocadas e cidades repletas de atrações ímpares, como castelos e monumentos históricos, tanto que detém cinco títulos da UNESCO.
Informações: vinhosdoalentejo.pt
Fotos: Victor Carvalho/Turismo do Alentejo/divulgação via AFT Com. Integrada
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