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Voar em um dirigível é prazer único

Ilustração: Tomas Prieto

A combinação do voo lento, tranquilo, silencioso e à baixa altura numa cabine quase transparente, é uma emoção que somente os dirigíveis são capazes de proporcionar. Quem mora em São Paulo certamente lembra dos belos sobrevoos do blimp – dirigível sem estrutura interna – da Goodyear. Ele sobrevoou diariamente a capital durante vários anos – desde meados de 1998. Era impossível não parar e olhar para cima, admirando a estética da nave. Ela era um dos mais fortes instrumentos de divulgação corporativa da famosa multinacional de produtos de borracha.

Embora tenha deixado o Brasil, é, ainda, um precioso diferencial de marketing, utilizado desde 1925 e conhecido em todo o mundo, principalmente durante transmissões dos maiores eventos esportivos, culturais e sociais pela TV. No Brasil, era utilizado pela Rede Globo, que deixava a marca de suas coberturas aéreas.

Na família dos dirigíveis conhecidos, bastante variável em termos de dimensões, propulsão e equipamento eletrônico embarcado, o Spirit of the Americas – que voou por aqui – era um dos menores modelos. Ele tinha capacidade para um piloto e quatro passageiros. Os membros restantes desta família que emociona multidões nos cinco continentes nem sempre estão sozinhos nos céus.

Nos últimos anos, diversas empresas na Inglaterra, na Alemanha e nos Estados Unidos se dedicam a estudos, projetos e mesmo fabricação de novos dirigíveis que, em termos de tecnologia e métodos de construção, estão igualmente muito à frente do gigantesco e luxuoso Hindenburgh, dirigível que foi usado em 63 voos durante 14 meses até o seu fim trágico em 1937, quando pronto para a amarração e desembarque em Lakehurst, nos Estados Unidos. Até os dias atuais, o Hindenburgh é considerado a maior máquina voadora de todos os tempos – tinha 245 metros de comprimento e mais de 200 toneladas de peso. O acidente paralisou, por mais de meio século, qualquer tentativa de evolução do que é hoje. Pode-se afirmar, tranquilamente, que é o mais seguro meio de transporte como um todo, incluindo a aviação comercial.

Equipamentos modernos

A segurança começa com a substituição do perigoso hidrogênio pelo inerte hélio e o método de construção que utiliza técnicas e materiais modernos, que tornam as aeronaves cerca de 50% mais leves. O invólucro em material sintético especial é altamente resistente a rasgos, enquanto a cabine de comando, em termos de comunicação e navegação, reúne os mais modernos equipamentos disponíveis na aviação executiva. O toque final de segurança está na baixa pressão do gás hélio contido no invólucro do dirigível. Mesmo quando ocorrem furos com tamanhos suficientes para serem notados durante o voo, o que ocorre é um vazamento muito lento, afetando pouco ou nada a flutuação da nave.

Estas condições altamente favoráveis de segurança na navegação se estendem à eventual pane em um dos motores. Importante lembrar que a falha de um dos dois propulsores não afeta em nada a continuidade do voo, mantendo todo o poder de manobras. Uma demonstração de segurança com os dois motores desligados ou em marcha lenta – uma ocorrência real que beira o impossível – revela um elegante balão de formato inusitado, flutuando no céu ao sabor do vento. Nesse caso, o pouso seria controlado como o de seus parentes longínquos, cuja sustentação é garantida pelo ar quente no invólucro em forma de pêra.

Turismo com segurança

Diferentemente dos seus gigantescos antepassados dos anos 1930, os dirigíveis atuais são modernos, leves e equipados com instrumentos que utilizam tecnologia de ponta, podendo se tornar uma opção disputada pelos turistas.

Ao ser utilizado como plataforma para a obtenção de imagens, vigilância, comunicações e sensoriamento de todos os tipos, o valor do dirigível começou a crescer a partir da segunda Guerra Mundial, embora o primeiro serviço de passageiros remonte ao ano de 1911, quando a Delag alemã iniciou os serviços Zeppelin.

O voo de um dirigível é sempre um sightseeing que não deixa de emocionar o mais impassível dos passageiros. Aquele que já viu tudo, mas nunca pela perspectiva de um pássaro. A bordo da confortável gôndola, os turistas se confraternizam quase que imediatamente, pois compartilham de um momento muito especial, único, que, certamente, fará parte do álbum de recordações.

Tradição alemã

Os feitos do conde Ferdinand von Zeppelin, que colocou os dirigíveis no mapa do transporte aéreo (muito antes do Graff Zeppelin e do Hindenburgh) e da Cidade de Friedrichshaffen como capital mundial dos dirigíveis para passageiros, nunca se apagaram mesmo após a tragédia de Lakehurst em 1937.

Atualmente, o maior dirigível do mundo é o Airlander 10, fabricado pela empresa britânica Hybrid Air Vehicles (HAV). A enorme máquina voadora tem 91 metros de comprimento e é quase 20 metros mais longo que o Airbus A380, o maior avião de passageiros mundo. O Airlander 10 tem 34 metros de largura, 26 metros de altura e pode decolar com peso máximo de 20 toneladas, sendo metade de carga.

Para voar, o aparelho precisa ser inflado com 38 mil metros cúbicos de gás hélio. Quatro motores V8 turbodiesel garantem a propulsão e velocidade máxima de 150km/h. A autonomia do Airlander 10 chega a até cinco dias de voo tripulado, ou por duas semanas quando controlado remotamente. A empresa britânica planeja fabricar dez unidades do dirigível até 2021.

Museu Zepellin

Quem quiser conhecer mais sobre a história dos dirigíveis deve visitar o Museu Zepellin, em Friedrichshafen, cidade alemã ganhou fama por causa das construções de dirigíveis pelo conde Ferdinand von Zeppelin. O primeiro dirigível construído por ele foi em 1900, que media 128 metros de comprimento.

Museu Zepellin funciona o ano todo (Foto: German National Tourist Board/Hector Zamora/Divulgação)

Em 1909, Zeppelin fundou a Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, que pode ser considerada a primeira companhia aérea do mundo. Cerca de 34 mil passageiros foram transportados entre 1910 e 1930 em uma frota de cinco dirigíveis.

Inaugurado em 1996, o Museu Zeppelin reúne a maior e mais completa coleção de dirigíveis do mundo. Localizado na antiga estação hidroviária, nas margens do Lago de Constança, tem exposições temporárias que se renovam sempre, além de eventos culturais. Durante o inverno realiza dias de atividades especiais e visitas temáticas. A área de exposição tem mais de 4 mil metros quadrados. O acervo inclui uma réplica perfeita das salas e cabines do LZ 129 Hindenburg.

O museu abre de maio a outubro de segunda a domingo, das 9h às 17h; e de novembro a abril de terça a domingo, das 10h às 17h.

Fotos: Pixabay e Divulgação

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