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Por trás das refeições de avião: saiba como elas chegam até você!

Atualmente não é falso exagero dizer que há quase que restaurantes a bordo de algumas aeronaves. Tamanho é o investimento feito por algumas companhias nesse quesito. Tem até chefs renomados assinando os cardápios, e não é só para primeira classe ou executiva, não. Claro, nem sempre vai agradar todo mundo. Mas vale nossa atenção, já que se trata de um baita processo por trás. O preparo de uma aeronave antes de uma rota internacional envolve muitas etapas, sendo uma delas as refeições que serão servidas aos passageiros.

Crédito: Commons Images

Mas você sabe como isso funciona? Pois não é das tarefas mais simples. Pelo contrário. É um baita esquema de catering, como o serviço de distribuição de refeições coletivas é chamado. Se trata de uma elaborada estrutura que é muito bem coordenada, em solo, para conseguir servir, nas alturas, os pratos quentinhos e a todos ao mesmo tempo! E tudo começa na reserva do voo, quando é estimada a quantidade de passageiros no trajeto. Até a data da viagem, esse número é checado atentamente pela empresa de catering. No Aeroporto Internacional de São Paulo/ Guarulhos há duas grandes que se destacam por atender diversas companhias: LSG Sky Chefs e Gate Gourmet.

Crédito: LSG Sky Chefs/ Commons Images

Com o número de passageiros estipulado é então feito um cálculo base da quantidade de comida que será produzida. Lembrando que, muitas vezes, há a inclusão de pedidos de última hora. Além do fato que existem as refeições especiais, para passageiros com restrições alimentares por questões de saúde ou religiosas. Nesses casos, desde que seja feita uma prévia solicitação, a empresa de catering prepara opções diferenciadas.

Crédito: LSG Sky Chefs/ Commons Images

Para preparar o cardápio escolhido pela empresa aérea, é necessária uma estrutura imensa. A segurança alimentar é algo muito sério. Inclusive, pensando nisso, para evitar possíveis problemas de intoxicação, algumas companhias têm a preocupação de preparar refeições diferentes para o piloto e copiloto. Como deu para notar, além do cuidado na escolha dos fornecedores, as mercadorias são rigorosamente controladas, desde a temperatura à vistoria das condições de embalagem. Nutricionistas costumam acompanhar e “vigiar” os serviços de catering para verificar se todas as normas estão sendo devidamente cumpridas.

Crédito: Pixabay

Feita a inspeção, os alimentos são armazenados em câmaras refrigeradas e separados de acordo com o tipo: carne, verdura, frutas, massas, produtos kosher e etc. A comida servida é preparada em uma cozinha industrial instalada dentro do aeroporto. Alguns alimentos começam a ser preparados 48 horas antes do voo, como as carnes, que são cortadas de acordo com o prato e assadas ou cozidas com antecedência. Massas, risotos, saladas, sobremesas e pães são preparados no dia da viagem.

Crédito: Shutterstock

Após o preparo e o resfriamento, as refeições são encaminhadas para a montagem nas bandejas (do jeito que serão consumidos pelos passageiros), e armazenados em trolleys refrigerados. Duas horas antes da decolagem, estes carrinhos são levados para os aviões, onde são colocados em fornos ou mantidos sob refrigeração. A comida quente é aquecida na própria aeronave. Ela não chega dentro das bandejinhas, mas, sim, em grades que se encaixam no forno. Todo o procedimento de preparação ocorre no galley, área de trabalho dos comissários. Ali ficam o forno e o espaço para encaixar os trolleys.

Crédito: LSG Sky Chefs

Tanto as sobras quanto às refeições recusadas são incineradas. Nenhum alimento que entra num avião é reaproveitado. Além da questão de higiene e para evitar contaminação, isso ocorre também por inviabilidade econômica. Sai mais caro fazer a triagem do que pode ser reutilizado do que jogar tudo fora. Depois da aterrissagem, todo o material usado para servir a comida volta ao catering para ser lavado.

É ou não é uma baita estrutura? Digna da gente olhar com mais carinho para o comissário quando ele soltar a famosa pergunta: chicken/meat (beef) or pasta? (frango/carne ou massa?, na tradução). E não vale culpar as companhias pelo sabor muitas vezes “sem graça”. Isso tem motivo. Estudos feitos nas alturas apontam que a pressurização e a umidade dentro da aeronave alteram o olfato e o paladar. Por isso chefs de cozinha montam cardápios especiais para as empresas aéreas – com tudo sendo levado em conta.

Crédito: Shutterstock

Por isso nem pensar alimentos que causam flatulências, por exemplo.  Em geral, o tempero também é mais suave justamente por conta do sabor ficar mais acentuado na altitude. Mas, claro, é algo que varia muito. Tem algumas companhias que deixam em bastante evidência um temperinho, a ponto que a gente até sente uma certa “picância”. Em muitos companhia, dependendo da rota do voo, a refeição, ou o próprio tempero, é um gostinho a bordo da comida típica do destino em questão.

Crédito: KLM

E, como já mencionado, se tornou algo tão importante que muitas empresas aéreas passaram a investir em cardápios elaborados por chefs renomados. A “competição” entre as companhias faz com que a busca por novidades nas alturas não pare. Em alguns casos, chegando inclusive a classe econômica. A  KLM, por exemplo, entrou no terceiro ano de parceria com o estrelado chef brasileiro Rodrigo Oliveira, dos restaurantes Mocotó e Esquina Mocotó.

Crédito: KLM

O profissional é responsável por assinar o menu das classes executiva e econômica dos voos que partem de São Paulo e Rio de Janeiro com destino a Amsterdã. Suas escolhas priorizam ingredientes típicos do Brasil, resultando em pratos como salada de caju e queijo coalho, creme de abóbora com gengibre e filé de salmão com molho de moqueca na World Business Class, e moqueca de peixe com arroz branco e pirão além de escondidinho de mandioca na Economy. Entre as sobremesas estão o bolo de mandioca e a cocada mole.

As companhias resolveram olhar com atenção também para as bebidas servidas, passando a ter uma curadoria especializada no assunto. Tudo para tornar a experiência de viagem melhor. A gente agradece.

Crédito: Alaska Airlines
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Foto de destaque: Shutterstock
*Texto criado pela jornalista para o portal Yahoo! e reproduzido aqui
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